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Nill Marcondes fala dos desafios de ser ator negro no Brasil: ‘Questão salarial ainda é tabu’

Em entrevista à Contigo!, Nill Marcondes destaca desafios de ser ator no Brasil, aconselha jovens artistas e relembra carreira de 35 anos

Nill Marcondes tem deixado sua marca transitando entre telenovelas, cinema, teatro e dublagem - Divulgação
Nill Marcondes tem deixado sua marca transitando entre telenovelas, cinema, teatro e dublagem - Divulgação

Com 35 anos de carreira, o ator Nill Marcondes se rendeu à tecnologia. Hoje, também se dedica ao digital por meio das redes sociais e participações em podcasts, conectando-se diretamente com seu público. Em entrevista à Contigo!, o artista – que participa de Biônicos, aguardada série da Netflix, e CIC: Central de Inteligência Cearense, produção independente – fala de obstáculos no mundo das artes cênicas, novos desafios e relembra trajetória.

Já no início do bate-papo, Nill ressalta as dificuldades de ser ator no Brasil, e dá conselhos para os jovens que desejam seguir a carreira de atuação. “Já foi bem mais difícil, mas ainda temos obstáculos, bons personagens é um deles. Vejo uma melhora, mas a questão salarial ainda é tabu. Homens negros, na sua grande maioria, ainda ganham menos. Mulheres negras mais ainda”, destaca o ator, que aconselha os jovens. “Se forme, entre em uma faculdade, faça todos os cursos possíveis. Vá ao teatro, busque a velha escola e boa sorte!”, completa.

O artista comenta que tem se atualizado e usado as redes sociais como ferramenta de comunicação com os fãs. “Na verdade, poderia ser mais ativo (risos), mas vejo que minha proposta sempre foi mostrar quem sou de verdade, dentro de alguns limites, claro; e que penso sobre várias coisas da vida, sobre a minha forma de viver, pensamento, alimentação, treino e trabalho. Busco ressaltar a autoestima e lembrar que todos nós temos o poder de escolha”, diz.

Nill tem deixado sua marca transitando entre telenovelas, cinema, teatro e dublagem. Como dançarino e modelo no início de sua longa jornada, a carreira evoluiu para incluir mais de 400 comerciais e desfiles para grandes marcas antes de se consolidar também como dublador nos anos 2000. Ele emprestou sua voz a personagens icônicos em produções como Guardiões da Galáxia Vol. 3 (2023), Gangs of London (desde 2020), One Piece (desde 1999), além de animações e jogos.

O artista relembra alguns trabalhos marcantes ao longo da carreira artística. “São 35 anos de carreira contando com meu primeiro desfile. Um momento marcante foi quando Sr. Osmar Prado afirmou que eu era um ator nato, depois de ter assistido a abertura da novela Sangue do Meu Sangue, no SBT. O personagem que guardo com muito carinho foi o Zelito, da novela Força de um Desejo (1999, na TV Globo); e o mais emblemático foi o Jamanta, da Turma do Gueto (2002, Record)”, conta.

O ator também fala sobre os desafios e prazeres de cada trabalho: “Todos exigem muito tempo e dedicação. A dublagem me transporta para um mundo mágico, onde dou voz a outros personagens. No cinema, sou o próprio personagem, com um monte de gente da equipe que faz acontecer. E no teatro estamos de frente para a plateia, é tudo na hora, sem voltas, sem recomeço. São todos bem diferentes uns dos outros. E cada um deles exige muita dedicação”.

Para quem não sabe, Nill já foi modelo internacional: “E não pensava em atuar, mas a vida nos mostra o caminho certo. Como achei também que jogaria futebol; joguei por quatro anos, dos 12 aos 16, no Goiás Esporte Clube e Vila Nova (Goiânia)”.

Nill Marcondes fala dos desafios de ser ator negro no Brasil: ‘Questão salarial ainda é tabu’
Nill Marcondes tem 35 anos de carreira e já foi modelo internacional - Divulgação

Ele ainda comenta os mais recentes trabalhos: Biônicos e A Infância de Romeu e Julieta, novela do SBT. “Estava demorando muito pra vir personagens que nos mostrarem como iguais”, salienta Nill, acrescentando sobre as novidades para este ano. “Estreiam mais três longas e dois curtas metragens. A outra Face, um pai evangélico tem que lidar com as dificuldades de um mundo moderno e racista. Caipora, um filme lindo que fala sobre a cultura indígena e suas lendas. Faço um delegado”, emenda.

Mesmo com a agenda cheia de trabalhos, Nill arruma um tempinho para curtir a vida: “Meu lazer é minha cultura de vida: treinar, cozinhar, praia, muito mato, cachoeiras, montanhas e viagens inesperadas”.