Familiares de presos da Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro, que fica no Rio Grande do Sul, reclamam da falta de humanidade do local
Guilherme Rodrigues Publicado em 09/05/2024, às 16h10
Por causa das fortes tempestades que causaram alagamentos no Rio Grande do Sul nas últimas semanas, parte da população do estado passou a ter dificuldades, inclusive os detentos da Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro, que fica em Montenegro, município da região Metropolitana de Porto Alegre.
“Nós estamos há sete dias sem banho. Sete dias comendo arroz e feijão. Nós estamos (em) seis dentro de uma cela e eles pagam um, dois litros de água para cada cela. Dois litros para seis cara. E a situação de higiene… Nós estamos cagando na sacola e jogando para o fundo da galeria. Tá tudo cagada. Ninguém aguenta mais o fedor de merda”, declarou um dos presos ao site Ponte.
Ana Paula Saugo, vice-presidente da ONG Viver sem Cárcere e integrante da Frente dos Coletivos Carcerários do Rio Grande do Sul, também se manifestou. “As notas oficiais dizem que não falta água, mas não é o relato que estamos recebendo Se antes das enchentes a situação dos presídios já era ruim, imagine agora”, apontou Ana.
Familiares dos encarcerados lamentam o estado no qual eles se encontram. “Quando eu liguei lá, disseram que na unidade não tinha água e que foi oferecido para eles um pouco de água por meio de caminhões-pipa que estavam indo eventualmente. Mas como está meu familiar especificamente, eles não informam”, relatou uma mulher que tem um companheiro preso e que preferiu não se identificar.
O presídio informou na quarta-feira (8) que os familiares poderiam levar água, alimentos e objetos de higiene para os reclusos. Visitas parciais aconteceram na semana passada e as do final de semana foram canceladas. Por meio de boletim, a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo e a Polícia Penal afirmou que a Penitenciária de Montenegro continua ilhada, mas operando dentro da normalidade.
“Se tivesse numa situação normal, a casa (presídio) não teria autorizado as famílias a levar água, né? A situação é constrangedora. A sua casa tá debaixo de água, muitos familiares estão em abrigos, dependendo de doações de outras pessoas, e ainda a gente tem que se deslocar nessa situação para suprir uma necessidade que é a responsabilidade do estado, que é o básico, que é comida e água. Além de tudo isso, a gente não vai poder ver o nosso familiar. A gente vai largar a sacola lá para eles e vai voltar para casa arriscando a vida”, lamentou a mulher que não se identificou.
