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'Desalma' tem início irregular, mas conta história interessante de horror na Globoplay

Primeiras impressões: com bruxas, possessão e história tensa, 'Desalma' começa um pouco vacilante; leia

Redação CONTIGO! Publicado em 22/10/2020, às 11h54 - Atualizado às 12h14

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'Desalma' sofre para se firmar, mas conta história interessante de horror na Globoplay - Divulgação/Globo
'Desalma' sofre para se firmar, mas conta história interessante de horror na Globoplay - Divulgação/Globo

A primeira grande aposta da Globo no horror escorrega justamente onde tinha que firmar o pé.

Desalma é tratada pela autora, Ana Paula Maia, e o diretor, Carlos Manga Jr., como um drama sobrenatural. Com um elenco grande, a história foca principalmente em três mulheres: Giovana (Maria Ribeiro), que perde o marido de maneira súbita e é obrigada a se mudar para a cidadezinha de Brígida com as filhas; Ignes (Claudia Abreu), uma mãe cheia de cuidados com o filho, Anatoli, que começa a se comportar de maneira estranha; e Haia (Cássia Kis), uma bruxa que vive isolada da comunidade, mas faz serviços para os moradores da cidade, além de ter perdido a filha há trinta anos na festa tradicional Ivana Kupala.

A série abre com a morte de Roman (Nikolas Antunes) e cuja morte começa imediatamente a reverberar. O clima é pesado, angustiante e reforçado pelos tons escuros e lavados do ambiente. Embora tenha sido comparada (muitas vezes de maneira um pouco agressiva) à série alemã Dark, da Netflix, as escolhas estéticas da série puxam mais para o filme A Bruxa, com silêncios longos e uma vida familiar cheia de problemas. O ponto que aproxima Desalma e Dark é a exploração de duas linhas do tempo: o passado e o presente são mostrados.

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Há um mistério mais superficial (a estranha aparente "transmigração" da alma de Roman para o corpo de Anatoli), mas as questões maiores ficam girando ao redor de outros detalhes, como a natureza do sumiço e morte da filha de Haia, o passado da cidade e como tudo isso se conecta. É interessante também a exploração de um Brasil que não é muito mostrado nas câmeras: as paisagens do Rio Grande do Sul ganham cara de leste europeu. Na coletiva de imprensa, Maria Ribeiro destacou como a produção poderia ter partido de qualquer lugar no mundo, e é verdade.

Infelizmente, em seu primeiro episódio, Desalma sofre de um problema do qual as produções brasileiras parecem lutar para se livrar. Mesmo com um elenco de estrelas, atrizes premiadas que são, indiscutivelmente, algumas das melhores da geração, as interpretações às vezes são pouquíssimo naturais - coisas simples, como a pronúncia de palavras, ganha um tom artificial. A edição também tem vícios de novela, mudando de ângulo justo quando estava se apropriando de uma visão mais ou menos intrusa ou íntima. Para quem conseguir passar por essas questões, há uma história interessante sobre perda, luto, comunidade e maternidade.

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Com a série já renovada para a segunda temporada (e com mais uma planejada para encerrar a trama), temos uma primeira experiência da Globo, que não saiu tão atrás. Além dela, a única outra série de produção brasileira com ampla distribuição no gênero é Boca a Boca, da Netflix, que toma um caminho diferente - e que também mostra alguns problemas que soam como as dores de crescimento naturais do início de uma série.

A primeira temporada de Desalma está disponível na Globoplay a partir desta quinta-feira (22).