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Críticas / TRAMA DAS SEIS DA GLOBO

Por que Elas por Elas é a melhor novela atual e isso não tem a ver com audiência?

Exibida às 18h, releitura de 'Elas por Elas', clássico de Cassiano Gabus Mendes cumpre todos os elementos de sucesso para uma trama das sete

Arthur Pazin

por Arthur Pazin

apazin_colab@caras.com.br

Publicado em 13/12/2023, às 08h50

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Apesar da baixa audiência, remake de 'Elas por Elas' mantém espírito da trama com atualização, inovação e ritmo para público das seis - Fábio Rocha/Tv Globo
Apesar da baixa audiência, remake de 'Elas por Elas' mantém espírito da trama com atualização, inovação e ritmo para público das seis - Fábio Rocha/Tv Globo

Elas por Elas é uma legítima novela das sete e isso todo mundo já sabe. Carimbada com o selo de Cassiano Gabus Mendes (1927-1993), patrono do horário, a trama, atualizada - termo que melhor se aplica à condução dada pelos autores - é a melhor trama entre as três atuais exibidas atualmente pela TV Globo. E isso não tem nada a ver com audiência.

O  remake de Alessandro Marson e Thereza Falcão tem cumprido cada vez melhor a repaginação dos elementos de sucesso da obra original para os dias atuais, com inovação e ritmo, mas servidos para o horário das sete. O motivo, talvez, seja a principal razão da queda de audiência, afinal "nem todo dia é festa".

No primeiro capítulo, exibido em 25 de setembro,Elas por Elas cravou 20 pontos de audiência. A expectativa não poderia ser diferente, uma vez que a média de ibope vinha sendo minimamente alcançada por sua antecessora no horário, Amor Perfeito, pelo menos nas últimas 15 semanas.

De lá para cá, entretanto, os números não se mantiveram em alta na produção televisiva. Dos 18 pontos registrados na primeira semana, o folhetim adaptado caiu para 16, 15, 14 e mais recentemente 13 pontos na última semana. Como "nem todo choro é triste", o calor e os episódios de apagão chegaram a ser apontados internamente pela Globo como os culpados pela situação, já que a novela é bem avaliada tecnicamente pelo setor de teledramaturgia.

A direção da emissora, no entanto, precisa levar em conta o estilo do folhetim e sua escalação para a faixa das seis, principalmente após o êxito de uma novela aos moldes clássicos de Amor Perfeito.  Só assim, os baixos índices que o folhetim dirigido por Amora Mautner vem apresentando encontrariam explicação em fatores que configuram em um "erro estratégico" e dizem mais do comportamento do telespectador do que da trama.

'NADA É IGUAL A NADA, NÃO'

Quem devorou a obra original no Globoplay ou a tem fresca na memória sabe que um dos pontos fortes de Elas por Elas é o retrato do cotidiano paulistano. Na nova versão, a novela é ambientada no Rio de Janeiro, fator que não excluiria a chance de esboçar a sociedade carioca da maneira crônica de Cassiano.

Vale lembrar, contudo, que o cotidiano já não é mais o mesmo e fazer este trabalho poderia deixar a proposta "elas por elas", além do esbarrar no "politicamente correto". Desenvolvidos por Gabus Mendes no início dos anos 80, os núcleos das sete amigas, então, seguem entrelaçados com a mesma firmeza e validade, o que fazem da obra a mesma boa narrativa a ser mostrada. Apesar disso, a essência das personagens principais e coadjuvantes e o ambiente em que todos estão inseridos não ficam "colados" à época original e ganham uma nova maneira de olhar para o cotidiano de 2023.

A turma que chega atualizada 40 anos depois do sucesso de outrora chegou em cena preparada para prender o público de agora e seria até mesmo ideal para os órfãos de Vai na Fé, que cumpririam bem melhor a missão do reboot de situar essas mulheres nos dias de hoje, associado ao humor de Mário Fofoca (Lázaro Ramos) que a faixa das sete já conhece e adora. Até mesmo o tão utilizado "crossover" de personagens - que ficou comum na faixa das 19h - a novela ganhou com a participação de Jacques L'Eclair (Reginaldo Faria).

Principalmente porque acompanhados delas, estão, ainda, dilemas e realidades bastante contemporâneos, que ganharam vez ou notoriedade no remake, como a abordagem de ansiedade de Giovanni (Filipe Bragança), o ativismo animal de Ísis (Rayssa Bratilieri), a troca da personagem "feia" de Yeda (Cristina Pereira) por uma Yeda gorda e bonita (Castorine) e a própria transformação de Carmem (Maria Helena Dias) em Renée (Maria Clara Spinelli), uma mulher transexual, isso sem falar nos personagens negros sem precisar ser lembrados como negros.

A força da história também é responsável por turbinar a novela. Além da espinha dorsal mantida e trazida para a realidade a fim de evitar o inverossímil, os autores se propuseram a criar novas tramas, como a adoção de Mário e a exploração mais a fundo do passado envolvendo Bruno (Luan Argollo), irmão de Natália (Mariana Santos), com direito a um novo personagem para o ator: Marcos, fato inexistente na historia original, que só reforça o mistério e ajuda a cativar ainda mais o público.