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Crítica: Documentário introduz Xuxa como mito que é produto de seu tempo

Documentário introduz Xuxa sem deixar de mostrar contradições; leia a crítica da produção estreou no Globoplay nesta quinta (13)

Gustavo Assumpção

por Gustavo Assumpção

gassumpcao@caras.com.br

Publicado em 14/07/2023, às 09h43

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Crítica: Documentário introduz Xuxa como mito que foi produto de seu tempo - Reprodução/ TV Globo
Crítica: Documentário introduz Xuxa como mito que foi produto de seu tempo - Reprodução/ TV Globo

O primeiro episódio de Xuxa, o documentário introduz um mito. Logo nas primeiras cenas, uma multidão avança sobre uma loira esguia, com pernas gigantes e looks espalhafatosos. Eram os anos 80 e aquela tímida apresentadora de televisão se tornaria uma das maiores popstars da história do Brasil.

Com imagens de arquivo raras e depoimentos do principais envolvidos no surgimento do legado da apresentadora, o episódio funciona como uma linha do tempo que mostra o surgimento ao acaso na Manchete e a ida à Globo com o apoio de Boni. Só que o documentário não coloca Xux Meneghel a como uma "marionete", como dirá Marlene Mattos nos episódios seguintes.

Na produção, a apresentadora é retratada com alguém dotada de visão e consciência, grande capacidade criativa e um entendimento sobre seu lugar. Xuxa opina nos figurinos e cenários, faz exigências e parece longe da visão que sua ex-diretora insiste em perpetuar. 

"Era aquele momento onde as crianças estavam vendo a televisão como o grande companheiro e veio aquela pessoa que era a professora que não puxava a orelha, que brincava, cantava, a amiguinha. Eu cheguei no momento certo e com a imagem certa", diz a loira em um dos momentos que avalia o seu sucesso. "Tudo o que eu pedia estava ali, tudo o que fez parte da minha infância. Eu queria tudo, tudo o que fosse mágico", diz ela mostrando intencionalidade em seu processo criativo.

O "mito Xuxa" também é mostrado como um produto de seu tempo. Se os anos 80 são um período de liberdade criativa em todos os setores, não é de se estranhar que os programas infantis também se tornassem um "museu de grandes novidades". "Nos anos 80, não existia uma pessoa mais drag do que eu. Porque eu era muito exagerada", diz ela. 

A apresentadora também reconhece falhas, como a falta de diversidade em seu time de paquitas e lembrou que as discussões sobre racismo não chegavam até ela. "Eu não tinha noção. Hoje, aos 60 anos, eu posso ver que era um momento em que as princesas, as bonecas, eram muito o estilo de imagem que eu tinha pra oferecer. Não existia nem Barbie negra. A gente não via nem como discriminação, como racismo, como errado. Era natural. Era isso que a gente tinha pra oferecer", disse.

Xuxa, o documentário acerta quando expõe as controvérsias da trajetória de Xuxa. Acerta também quando mostra que a construção de um mito tão hegemônico como foi a "Rainha dos Baixinhos" não acontece sem concessões, como aquelas que são feitas à própria liberdade de Xuxa. Longe de justificar o injustificável, o documentário mostra que Xuxa é um produto de seu tempo.