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Influenciadores usam imagem no combate à homofobia e declaram: ‘Você não é um problema!’

Gabô Pantaleão e Leuriscléia, criação de Gutierrez Castro, relembram lutas pessoais contra o preconceito, em entrevista à Contigo!

Gabô Pantaleão e Leuriscléia, de Gutierrez Castro - Divulgação/Rafael Manson e Eunivan
Gabô Pantaleão e Leuriscléia, de Gutierrez Castro - Divulgação/Rafael Manson e Eunivan

Na próxima sexta-feira, 28 de junho, é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. O objetivo da data é conscientizar a população sobre a importância do combate à homofobia para a construção de uma sociedade livre de preconceitos e igualitária, independentemente do gênero sexual. Os influenciadores digitais Gabô Pantaleão e Leuriscléia (personagem do cantor Gutierrez Castro), que promovem aceitação e inclusão por meio das plataformas digitais, inspirando brasileiros com suas trajetórias, relembram lutas pessoais contra o preconceito, em entrevista à Contigo!

Para Gabô, além de ser um momento de celebração, a data é para ressaltar a luta e a resistência dessa comunidade. "A gente precisa lembrar que muitas conquistas que temos hoje foram resultado de muita batalha e coragem de quem veio antes de nós. Me sinto representada porque é um período em que a visibilidade da nossa comunidade aumenta, e isso é crucial para a conscientização e para combater o preconceito. Quando comecei, não encontrava ninguém na internet com quem eu pudesse me espelhar, já que sou uma sapatão, caminhoneira, gorda e nordestina. Então, decidi ser esse tipo de perfil na internet e fazer com que esse público se identifique. É um lembrete de que existimos, resistimos e merecemos respeito e igualdade", fala.

"Pra mim, essa data é muito especial, porque ela celebra a alegria, a diversidade, a resistência, não é sobre festa, é sobre literalmente se orgulhar de quem se é, de olhar pra si e, sentir orgulho do seu interior. O processo de aceitação é algo desafiador, por diversos motivos; a sociedade, as crenças…, mas quando você se orgulha e entende seu lugar no mundo e, que merece ser feliz, assim como qualquer pessoa, nada te para", diz Leuriscléia.

Questionada sobre como seria o mundo ideal, Gabô responde: "Para mim, seria um lugar onde todas as pessoas pudessem ser quem realmente são, sem medo de julgamento ou violência. Um lugar onde a gente pudesse amar quem quisesse, vestir o que quisesse, e viver nossas vidas da maneira que nos faz felizes, sem precisar se preocupar com o preconceito ou a discriminação. Eu recebo muitas mensagens de pessoas de diferentes condições sexuais, e isso me deixa muito feliz, porque mostra que estamos caminhando para um mundo mais inclusivo e acolhedor. No entanto, é inegável que está cada dia mais difícil viver em uma sociedade com pensamentos conservadores que muitas vezes tentam nos silenciar e nos oprimir. Por isso, é tão importante continuar lutando e resistindo", destaca.

"Um mundo onde o bom senso reine, onde as pessoas percebam o quão desagradável é opinar ou querer que alguém viva ou pense igual a todos (principalmente quando se trata de “pensamentos" que machucam/ferem o direito do outro) somos plurais, diversos, múltiplos. Eu decido a caixa, o espaço que eu quero entrar/estar", destaca Leuriscléia.

Gabô abre o coração e conta que passou por muitos preconceitos na vida. "Como muitas pessoas da nossa comunidade. Desde a infância, sofri preconceitos verbais por meu estilo diferente e fora dos padrões. Mas nunca deixei aquilo me definir. Nunca fui uma pessoa insegura; sempre busquei enfrentar o preconceito e ser quem eu realmente sou, desde sempre. Recentemente, por exemplo, sofri preconceito por meu estilo caminhoneira ao ir com minha namorada a um jogo de futebol", relembra.

"Nunca tinha lidado com um preconceito tão forte assim e isso me deixou muito abalada. Foi um choque, porque mesmo depois de adulta e de muito tempo enfrentando essas situações, aquilo me fez enxergar como o preconceito pode ser difícil e doloroso. Mas ali, naquele momento, encontrei a força para continuar. O apoio de pessoas queridas como minha esposa, amigos e familiares foi fundamental. Hoje, encaro o preconceito de uma forma diferente. Uso o humor como uma ferramenta para desarmar e educar. Claro que ainda dói, mas aprendi a transformar essa dor em algo positivo, em luta e em arte. Cada experiência difícil me fortalece e me motiva a continuar sendo uma voz ativa na luta contra o preconceito e a discriminação", emenda Gabô.

Influenciadores usam imagem no combate à homofobia
"Quando comecei, não encontrava ninguém na internet com quem pudesse me espelhar", diz Gabô - Divulgação/Eunivan

Já Leuriscléia diz que nunca passou por uma situação forte de preconceito que marcasse. "Mas hoje, adulto, percebo os impactos de uma pessoa que foi ‘podada’ quando criança; a agir de certo modo, parecer mais músculo, engrossar a voz… atitudes como essa, roubam a nossa naturalidade e nos impõe medo, e para uma criança, isso é triste".

Gabô e Leuriscléia encontraram nas redes sociais uma forma de gritar contra o preconceito e ajudar outras pessoas. "Adoro usar minhas redes sociais para isso! Acho que o humor é uma forma poderosa de conectar as pessoas e de abrir espaço para conversas importantes. O retorno do público é incrível. Recebo muitas mensagens de pessoas que dizem que se sentem mais aceitas e compreendidas, que se identificam com o que eu compartilho. É gratificante saber que, de alguma forma, estou ajudando a tornar o mundo um lugar mais acolhedor e inclusivo. Saber que pessoas de diferentes condições sexuais se sentem representadas pelo meu trabalho me deixa extremamente feliz. Hoje, eu sou a representação daquilo que não encontrei quando entrei nas redes sociais e isso me dá muita força e motivação para continuar", salienta Gabô.

"Esse processo de promover a diversidade começou dentro de casa. No início, minha mãe não curtia tanto que eu usasse peruca, roupas femininas (...) Mas ela foi percebendo o impacto do meu trabalho e foi mudando a sua visão. Foi acompanhando de perto a alegria que eu levava para milhões de pessoas, o alívio, a esperança. E, quando se vê de perto essa potência, não importa a caracterização, a aparência (...) O que importa é o propósito. Meu público é super querido, me apoia, me abraça, é uma comunidade com muito bom senso, respeito e muito bom humor, por mais pessoas assim no mundo", diz Leuriscléia.

Influenciadores usam imagem no combate à homofobia
A personagem Leuriscléia tem 8 milhões de seguidores no Instagram - Divulgação/Gabriel Almeida

Para finalizar, os influenciadores deixam uma mensagem positiva para os fãs e para as pessoas que são vítimas do preconceito e ainda sofrem muito com isso. "Vocês não estão sozinhos! Sei que pode ser muito difícil e doloroso, mas acreditem que existe um lugar para vocês no mundo, onde vocês serão amados e aceitos exatamente como são. Não deixem que o preconceito dos outros defina quem vocês são. Busquem apoio em pessoas que realmente se importam com vocês e que vão ajudar a fortalecer a sua essência. Vocês são incríveis do jeito que são, e o mundo precisa de mais pessoas que tenham a coragem de serem verdadeiras consigo mesmas", destaca Gabô.

"Você não é um problema! Você não é uma aberração! Você não é o que as pessoas pensam. Você vai viver muita coisa incrível na sua vida. Estude, trabalhe, foque no seu crescimento pessoal, foque em fortalecer a sua saúde mental. Leia livros, pesquise (...) E tenha em mente, sempre, que você não está sozinho", garante Leuriscléia.