Em entrevista à Contigo!, Ivan Baron se revolta com o caso do influenciador Igor Viana, investigado por maus-tratos contra a filha com deficiência, em Goiás
O influenciador digital Igor Viana, de 24 anos, chamado de “pai da Soso” nas redes sociais e conhecido por gravar vídeos polêmicos mostrando a menina, está sendo acusado, em Anápolis, Goiás, de uma série de crimes envolvendo a filha de 2 anos, que possui paralisia cerebral. Entre eles, segundo a Polícia Civil, de ter desviado doações. Além disso, áudios do rapaz chamando a criança de inútil vazaram e repercutiram na internet, causando revolta.
Em entrevista à Contigo!, o também influenciador e professor Ivan Baron, ativista na luta anticapacitista, expoente contra o preconceito destinado a pessoas com deficiência, se revolta com o caso. “Ele é um grande oportunista, que usou uma criança com paralisia cerebral de 2 anos para ganhar dinheiro e a expor à ridicularização, com piadas totalmente sem graça e capacitistas”, diz.
O potiguar ainda se preocupa com os traumas que a menina e outras crianças que passam pela mesma situação podem sofrer no futuro. “Elas levam consequências para o resto da vida, como a crença de que são inúteis, são mal amadas e ridículas. Muito importante um apoio psicológico nessas horas”, destaca.
Baron também aponta o que deveria ser feito em casos como este. “Mais firmeza e fiscalização sobre o assunto capacitismo. Sinto que esse preconceito ainda é muito relativizado em comparação aos outros, e até mais banalizado”, alerta o influenciador, que ainda chama a atenção dos internautas. “Vocês não podem tolerar isso, jamais. Desde os primeiros indícios, é importante nos posicionarmos”, salienta.
REFERÊNCIA NACIONAL
Ivan Baron é referência nacional quando o assunto é defesa dos direitos das pessoas com deficiência. Aos 3 anos, o potiguar foi diagnosticado com meningite viral devido a uma intoxicação alimentar. Ele reforça a necessidade de criação de mais políticas de inclusão social e educativas, destacando oportunidades, empregabilidade, escolaridade e acessibilidade para as pessoas com deficiência. Além do direito à reabilitação de qualidade.
“Não me sentia representado nas redes sociais. Rolava o feed de cima a baixo e não via pessoas com deficiência ocupando um espaço de visibilidade. A partir daí, comecei a pesquisar na internet e encontrei em artigos científicos o termo 'capacitismo' que é o preconceito contra a comunidade com deficiência, mas a linguagem ainda era muito formal, então pensei em transformar e deixar mais acessível esse assunto tão importante. Foi assim que comecei o trabalho nas redes sociais”, conta.
Para finalizar, Baron declara sua verdadeira missão na internet: “Sinto que é mostrar que pessoas com deficiência podem e devem ocupar os espaços que elas quiserem, a partir da minha vivência. Enquanto pessoa com paralisia cerebral, consigo inspirar outras a terem esse empoderamento”.
MAIS SOBRE O CASO IGOR VIANA
Igor Viana, que se descreve como um "servo do Deus vivo", é investigado por estelionato, constrangimento de menor, discriminação à pessoa com deficiência e apropriação de bens proventos de pessoa com deficiência. As primeiras denúncias contra ele foram feitas no dia 19 de junho, na delegacia de Anápolis, por maus-tratos à filha.
A polícia indica que o influenciador e a ex-companheira, Ana de Satie, teriam como principal fonte de renda as doações destinadas à filha. Ana teria feito uma cirurgia plástica com o dinheiro, segundo a investigação.
O influenciador foi proibido pelo Conselho Tutelar de Anápolis de mostrar a filha nas redes sociais. Em vídeo, ele afirmou que exibiria a menina em um programa de assinatura. A criança foi retirada dos cuidados do pai pelo órgão protetor e agora ela com a avó paterna.
