Fama do filme de Xuxa Meneghel é injusta; entenda porque filme é usado para atacar a apresentadora
Um dos grandes mistérios da vida de Xuxa Menghel é o filme Amor Estranho Amor, longa no qual ela estreou no cinema em 1982. Na época, o filme teve pouca repercussão, o que acabou mudando drasticamente com o passar dos anos.
É que a loira viu sua carreira deslanchar e se tornou uma das grandes estrelas da televisão brasileira por quase duas décadas. Natural então que seu passado fosse escavado em busca de algo que pudesse ser usado contra a apresentadora.
Não. O longa lançado em 1982 era um drama dirigido por Walter Hugo Khouri, um dos diretores mais premiados de sua geração. Ele foi responsável por vários longas degrade sucesso entre as décadas de 50 e 90. O cineasta chegou a ser homenageado em festivais fora do país pela sua trajetória e venceu por três vezes o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte pelos filmes O anjo da noite (1973), O último êxtase (1974) e Eros (1981). Na época, Amor Estranho Amor foi bem recebido pela crítica e recebeu elogios inclusive de veículos internacionais.
O filme é uma crítica à exploração sexual e se enquadra em um gênero muito específico de filmes que falam sobre a iniciação da vida adulta. A famosa cena estrelada por Xuxa e o ator Marcelo Ribeiro é um retrato da vida provinciana e da realidade de muitos meninos. Ela foi gravada pelo diretor para mostrar a realidade, como uma denúncia.
O longa tem como protagonista a atriz Vera Fischer, que vive Anna, uma mulher que deixa a vida em Santa Catarina para tentar construir uma trajetória em São Paulo. Sem perspectivas, ela se torna prostituta em um bordel e se torna amante de Osmar, um homem poderoso. Só que a chegada de seu filho de 12 anos, gera um conflito.
Isso porque ele começa a se descobrir sexualmente no bordel no qual a mãe trabalha. É lá que ele se aproxima de Tamara, papel de Xuxa Meneghel, com quem viverá sua primeira experiência sexual.
Desde os anos 90, o longa é utilizado pelos conservadores para questionar a índole de Xuxa Meneghel. Retirada de contexto, a cena do filme é usada para acusar a apresentadora de compactuar com comportamentos que ela sempre se posicionou contrária.
Em 1991, os advogados da loira chegaram a pedir a retirada do filme das locadoras e proibiram sua comercialização. Xuxa fez um acordo com o estúdio e pagava R$ 300 mil ao ano para que ele permanecesse fora de catálogo.
Ao revisitar o passado, a apresentadora confessou que essa postura de ir à Justiça acabou aumentando o interesse pelo filme e ajudou na propagação de notícias falsas. Caso estivesse disponível, todos poderiam assistir e tirar suas próprias conclusões.
"Fora a minha falta de experiência, a minha falta de maturidade, as pessoas que também estavam comigo também não estavam acostumadas com isso, também não sabiam como lidar com isso, tanto é que eu acho que fizeram a pior coisa, que foi chegar e dizer: 'não, vamos pagar para essa pessoa ficar com esse filme guardadinho pra não atrapalhar a vida dela'. Se tivesse colocado a porcaria do filme desde aquela época para todo mundo ver, não ia acontecer nada disso, porque as pessoas iam ver e dizer que não tem nada. É um filme, pronto, acabou, beleza. Não. Então, todo mundo falava, e até hoje as pessoas querem falar desse filme. 'Olha só, fiz o filme com 17 para 18 anos, eu estou com 60 anos e até hoje as pessoas falam tal do fake news, dizendo, 'olha, a Xuxa é pedófila', porque ela fez o filme, ou seja, o Rambo também matou um monte de gente, entendeu?", disse ela na coletiva de lançamento de Xuxa, o documentário.
Xuxa Meneghel ainda disse que o filme retratava uma época muito específica e foi retirada de contexto. "Então, quer dizer, as pessoas não veem como ficção, as pessoas querem ver aquilo como verdade, não veem a história do filme, que é uma menina que foi vendida para um prostíbulo, para ser dada para um político. Ou seja, a exploração sexual contra a criança, contra adolescente, e que existe até hoje. E o filme foi baseado no ano de 1960 e pouco. Desde aquela época, as crianças eram exploradas e até hoje".
