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Toni Garrido reflete sobre a luta das mulheres negras desde a infância: “Elas tem sonhos”

Durante o podcast “Lá no Pod”, Toni Garrido reflete sobre a objetificação e hipersexualização da mulher negra

Redação Contigo! Publicado em 29/07/2022, às 05h50

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Toni Garrido reflete sobre a objetificação da mulher negra - Reprodução/TV Globo
Toni Garrido reflete sobre a objetificação da mulher negra - Reprodução/TV Globo

Na semana em que se comemora o “Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana, Caribenha”, Toni Garrido refletiu sobre a realidade da mulher preta no Brasil, durante sua participação no podcast Lá no Pod, com as atrizes Claudia Lira e Monique Curi, nesta terça-feira (26).

O artista relembrou experiências observadas com suas filhas Isadora e Vitória Garrido e outras mulheres da família. “Tem a mulher com seus problemas e tem a mulher preta com seus problemas”, pontuou o artista, que também comentou sobre o código secreto, que segundo ele, existe somente entre pessoas pretas e pobres. “A esperança de que alguém vire o jogo. Precisa sempre de um salvador. A gente está sempre esperando alguém que puxa”, afirmou.

Durante o bate-papo, ele exemplificou as dificuldades de autoafirmação que elas sofrem já desde a infância, além da rejeição, objetificação e hipersexualização da mulher negra. “Uma menina preta pobre de subúrbio, ela, como todas as meninas, tem sonhos, vontades e esperança. E tem várias coisas, que a gente não sabe, mas dificultam de ela acreditar que seja forte, que é ser chamada de macaca e todas as outras tentativas de diminuição. Tem, por exemplo a Barbie, que é loira, e as meninas ficam fazendo carinho no cabelo da Barbie, penteando. E ela passa a mão no cabelo dela, o cabelo dela não penteia assim”, explicou.

Ele ainda trouxe o exemplo para dentro de casa e contou como enxergou situações parecidas acontecerem com suas filhas. “Você dá uma boneca preta, faz todo um trabalho em casa, ela leva para a escola e as outras meninas não querem saber. Daí ela pensa que essa boneca preta não é legal”, disse.

O cantor ainda comentou como essa forma que as meninas são tratadas afeta, inclusive, em seus relacionamentos. “Ela cresce e vai namorar um menino preto, porque no ambiente dela tem mais meninos pretos. E ele quando chega na faixa dos 15/16 anos, começa a ver que socialmente falando, vai ter uma ascensão quando namorar uma mulher branca. Olha que loucura!”, disparou. “O menino preto, vai jogar bola, fazer alguma coisa, e começa a querer as meninas brancas e larga a preta. O que acontece na sequência, começam a vir os homens brancos que tem uma sexualização com a mulher preta, mas não as assumem”, completou.

Questionamento

Toni Garrido, inclusive questionou a polêmica erguida pelo tapa que Will Smith deferiu contra o apresentador Chris Rock, durante a cerimônia do Oscar 2022. “Talvez se fosse em defesa uma mulher branca, o mundo se comovesse muito mais”, opinou, fazendo referência a piada de mal gosto envolvendo a esposa de Will.

Mas apesar de sua colocação, o artista faz questão deixar claro o seu posicionamento contra a violência. “Somos todos civilizados, a brincadeira sem graça que ele fez, você tem toda a postura do mundo de inclusive falar e acabar com aquele momento dele, se pronunciar, porque somos artistas e somos pessoas. Agora qualquer um, se sentindo com motivo, errou, dando aquele tapa no outro”, esclareceu.

A conversa também trouxe lembranças emocionantes da infância do artista e sobre o desejo que já nasce bem cedo em pessoas pretas e pobres de mudar o seu futuro e todos a sua volta. “Depois que você tem vária gerações em que está tudo certo, onde você está socialmente bem colocada, come bem, dorme bem, estuda... você não precisa mais disso: ‘Mãe eu vou mudar a sua vida’. Isso é uma coisa que tem muito em famílias pretas. Esse aspecto de famílias pretas precisa muito ser falado”, conclui.

Toni Garrido em podcast
Foto: Léo Ornelas