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Ruth de Souza: no centenário da 'Senhora Liberdade', relembre a vida de luta e glória da atriz

Atriz que foi a primeira negra a pisar nos grandes palcos completaria neste 12 de maio seu aniversário de 100 anos

Gustavo Assumpção Publicado em 12/05/2021, às 15h06

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Ruth de Souza: no centenário da 'Senhora Liberdade', relembre a vida de luta e glória da atriz - Reprodução/TV Globo
Ruth de Souza: no centenário da 'Senhora Liberdade', relembre a vida de luta e glória da atriz - Reprodução/TV Globo

Há exatamente um século, no dia 12 de maio de 1921 chegava ao mundo Ruth deSouza, a Senhora Liberdade. Uma das maiores estrelas da história da dramaturgia brasileira, a atriz nasceu em um Brasil que ainda não estava à altura de seu talento.

Primeira atriz negra a se apresentar no palco do Theatro Municipal, símbolo da cultura erudita do Rio de Janeiro, ela foi um estandarte da defesa pela igualdade. Conquistou o Brasil - e o mundo - com uma sequência de atuações inesquecíveis e trabalhos marcantes ao lado de grandes nomes do teatro e do cinema. Bebeu de Abdias do Nascimento, Roberto Farias e Nelson Pereira dos Santos e abriu espaço para que uma leva de atrizes negras fossem reconhecidas. Com Grande Otelo, Milton Gonçalves e Iléa Ferraz protagonizou alguns dos melhores momentos da TV brasileira no século passado.

Nascida no bairro do Engenho de Dentro, periferia do Rio de Janeiro, ela se mudou no início da infância para uma fazenda no interior de Minas Gerais. Lá, viveu até a morte do pai, quando retornou às terras cariocas ao lado da mãe. Em 1945 começou a desenvolver sua veia artística ao fazer parte do Teatro Experimental do Negro. No palco do municipal, encenou O Imperador Jones, de Eugênio O'Neill, naquela que seria a primeira vez em que uma atriz negra protagonizaria uma produção no espaço-símbolo da cultura carioca.

No cinema, atuou em grandes produções - entre elas o sucesso Sinhá Moça, adaptação do romance de Maria De Zonne Pacheco dirigida pelo argentino Tom Payne. A produção da Companhia Cinematográfica Vera Cruz rendeu à atriz a indicação ao título de Melhor Atriz no Festival de Veneza de 1953. Estava consolidado o mito Ruth de Souza.

Revelada ao grande público, a atriz se tornaria também a primeira negra a estrelar uma novela na TV Globo: em 1969, ela protagonizou A Cabana do Pai Tomás, adaptação do polêmico texto da abolicionista norte-americana Harriet Beecher Stowe. Esta foi apenas a primeira de um total de mais de 40 papéis na emissora espalhados por cinco décadas de trabalho - o último deles como convidada especial em Se Eu Fechar os Olhos Agora, exibida em 2018.

Ruth de Souza faleceu em  28 de julho de 2019 após 98 anos de uma vida longeva, frutífera e produtiva. Naquele ano, Taís Araújo usou seu perfil nas redes sociais para prestar uma homenagem em atriz. As flores em vida vieram através da gratidão. Não há nada a se dizer além das palavras da herdeira do legado da grande dama.

"Ela é a primeira de todas nós. É graças a ela que estamos aqui hoje, trilhando nossos caminhos. Ela abriu o portão pra gente, portão esse que não permitiremos que feche, portão esse que fazemos questão de escancarar para que mais de nós possamos passar. Ontem foi aniversário dela e, não consequentemente, dia das mães. Dona Ruth, todo meu amor, meu respeito e minha gratidão à senhora. Saiba que penso na senhora todos os dias, a cada trabalho meu", afirmou ela na época.