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Ator e bailarino, Daniel Pereira transformou câncer da mãe em peça: 'Minha força'

Em entrevista à Contigo!, Daniel Pereira relembra o início da carreira e conta a história de Ao Soar do Sino, monólogo que conta a batalha de sua mãe

O ator Daniel Pereira - Foto: Reprodução/Instagram @_danielpereira_
O ator Daniel Pereira - Foto: Reprodução/Instagram @_danielpereira_

"[Minha mãe] foi minha maior referência e preparadora". A frase é de Daniel Pereira, ator e bailarino que deixou o sonho da arte de lado para cuidar da mãe durante uma batalha contra o câncer de mama. Hoje, ele ressignifica o período nos palcos do teatro, com o monólogo Ao Soar do Sino.

Natural de Itajaí, em Santa Catarina, Daniel Pereira deixou o Rio de Janeiro e pausou a carreira artística por oito anos para cuidar da mãe. Ele conta que a matriarca, fã de novelas assumida, sempre o incentivou no caminho da arte, e continua sendo inspiração mesmo após sua morte, em 2020.

"Mesmo após sua partida, ela não deixou que eu desistisse de mim mesmo. Ela é minha maior força pra seguir os meus sonhos, sei que ela está assistindo minhas realizações em outro patamar e me abençoando e guiando meus caminhos, me protegendo", completa.

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Daniel foi adotado por sua mãe e ressalta que o gesto foi a maior prova de amor que teve. O artista conta que ela esteve presente em sua carreira desde quando acompanhava as novelas ao seu lado, até quando ingressou na carreira e mostrava tudo para a mãe, que a ajudava a melhorar e evoluir. 

Ele diz que transformar o período em uma peça foi bastante desafior. Daniel fez um acompanhamento psicológico para encontrar formas de falar sobre o assunto sem se ferir, e também a entender seu luto e dor. Estar em cima dos palcos, como protagonista, também trouxe desafios. 

Apesar das dificuldades, o artista ressalta a importância de sempre abordar o câncer e como sua história causa identificação nos espectadores. "A peça não fala só sobre a morte. Ela fala sobre fé, esperança em dias melhores, amor e sobre não desistir. Sabemos a força de cura que a arte tem."

Para o próximo ano, o ator irá estrear um filme, que ainda não pôde dar mais detalhes, e pretende continuar com o monólogo e levá-lo a outros estados do Brasil. Abaixo, Daniel Pereira conta mais sobre o início de seu trabalho com a arte, aos 8 anos, dá detalhes sobre a relação com a mãe e ainda fala sobre o filme Cidade Maravilhosa. Confira trechos editados da conversa.


Você começou na dança com apenas 8 anos. Como surgiu esse interesse?
Quando criança eu sofria de escoliose e o médico me indicou alguns esportes. Dentro deles estava a dança. Como a dança era arte, eu comecei a fazer na escola pública da minha cidade, até fazer parte de uma companhia profissional. A dança resolveu meu problema de saúde, que poderia se agravar durante os anos, e me fez ter disciplina e entender o respeito que devemos ter pela arte e a responsabilidade enquanto artista.

Você deu uma pausa em sua carreira para cuidar da sua mãe por oito anos, em uma batalha contra o câncer de mama. Como foi esse período?
Foi um dos mais desafiadores da minha vida. Sabíamos que esse seria nosso destino e razão, ela cuidou de mim quando criança e eu cuidei dela adulto, ela me preparou pra troca de papéis. Larguei meus sonhos, quando me formei vim morar no Rio de Janeiro, e voltei para Itajaí, minha cidade natal, para cuidar da minha mãe. Nesse período, ela me deu os maiores ensinamentos de vida, empatia e principalmente respeito ao próximo. Ver minha mãe partir nos meus braços foi a maior prova de amor que vivemos juntos.

Foto: Reprodução/Instagram @_danielpereira_
Foto: Reprodução/Instagram @_danielpereira_

O que te deu forças para retornar à arte?
Minha mãe! Mesmo após sua partida, ela não deixou que eu desistisse de mim mesmo. Ela é minha maior força para seguir os meus sonhos. Sei que ela está assistindo minhas realizações em outro patamar e me abençoando e guiando meus caminhos, me protegendo. Após pandemia, e viver com ela a luta contra o câncer, me deu mais razão ainda de levar e fazer arte para a sociedade, essa sociedade carente de acolhimento, conhecimento e muita das vezes pouco escutada.

Como sua mãe influenciou sua carreira?
Minha mãe era fã de novelas, e eu sempre a acompanhava assistindo. Lembro da primeira novela que assisti com ela, A Indomada, e ela me assustava quando eu não me comportava e me botava medo com o personagem do Cadeirudo. Eu via a alegria da minha mãe em ver as novelas, saber, desvendar, acertar quem matou quem na novela [risos]. Eu disse para ela que era aquilo que queria fazer, sempre quis que ela ficasse sentada no sofá assistindo a novela que um dia iria fazer e depois ligar pra ela e falarmos sobre. Ela foi minha maior referência e preparadora quanto ator, tudo que eu fazia eu mostrava pra ela antes e ela sempre critica me fazia melhorar e evoluir.

Você é filho adotivo, e costuma falar sobre isso. Qual a importância de levantar a bandeira da adoção? 
Sempre falei sobre ser filho adotivo, nunca escondi sobre, nem nunca tive vergonha. Ser adotado foi a maior prova de amor que pude ter na vida, eu hoje posso dizer que nessa vida alguém teve um amor puro e verdadeiro por mim, minha mãe. Sempre que vejo pessoas falando sobre em adotar, ou o desejo pela adoção em rodas de amigos, ou quaisquer lugar que esteja e esse tema venha a tona , eu falo da minha gratidão e importância, mas também sobre o fato de que não é só sobre dar lar e comida para a criança, ela mais que as outras viveu desde cedo desde criança uma certa rejeição, então é preciso mais ainda, amor, carinho, empatia e muita muita atenção aos sinais e escuta.

Foto: Reprodução/Instagram @_danielpereira_
Foto: Reprodução/Instagram @_danielpereira_

Além de Ao Soar do Sino, você também pode ser visto no filme Cidade Maravilhosa. É um desejo seu trabalhar mais com o audiovisual?
Sim. Fiquei muito feliz quando recebi o convite do diretor Chico Malta. Fazer audiovisual é uma grande experiência quanto ator, é um desafio gigantesco, mas também nos divertimos muito no set. Eu estou amando a experiência no cinema e vem sendo uma das minhas maiores paixões. Mas, venho buscando cada vez mais crescimento enquanto ator, para viver os outros e novos desafios e fazer o meu melhor, seja na TV, no cinema e principalmente no teatro.

O filme levanta um importante debate sobre o Boa Noite Cinderela. Qual sua opinião sobre a abordagem desse assunto?
É de extrema importância, o índice de casos de golpes com o Boa Noite Cinderela só vem aumentando no Rio de Janeiro, fora os casos nacionais. Não só com turistas mas sim com a população LGBTQIAP+ e mulheres. O filme fala de forma de alerta e educacional. Precisamos falar sobre e mudar esse quadro que vem aumentando.

Você é bastante ativo no Instagram, em que conta com mais de 1.100 publicações. Qual sua relação com as redes sociais e internet?
Cada vez mais, conforme vou fazendo meus trabalhos as pessoas vêm consumindo mais minha plataforma, isso requer um tempo. Venho [tentando] entender também que é preciso cuidar da mente e saúde. Que está tudo bem eu não entregar conteúdo, sendo que não estou bem para isso. Mas é uma ferramenta ótima para responder a galera, conhecer pessoas bacanas, trocar histórias e receber o carinho que recebo sempre dos meus seguidores.