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Críticas / LUMIÉRE E MERCEDES

Ary Fontoura e Ana Lúcia Torre dão luz a Fuzuê e provam que não há idade para a TV

Ícones da teledramaturgia brasileira, veteranos dão brilho à Fuzuê com personagens apaixonados na terceira idade, driblando o etarismo na profissão

Arthur Pazin

por Arthur Pazin

apazin_colab@caras.com.br

Publicado em 14/02/2024, às 20h59

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Personagens de Ary Fontoura e Ana Lúcia Torre vivem um romance em Fuzuê - Reprodução/Globo
Personagens de Ary Fontoura e Ana Lúcia Torre vivem um romance em Fuzuê - Reprodução/Globo

Ary Fontoura (91) e Ana Lúcia Torre (78) se tornaram a luz de Fuzuê, atual novela das sete da Globo. O casal de veteranos, que dá vida aos personagens Lampião/Lumiére e Mercedes na trama de Gustavo Reiz, reacendeu o brilho do folhetim e provou, definitivamente, que não há idade para a TV.

Escalado desde o início da novela, Fontoura prometeu e entregou desde o primeiro momento. O nordestino, disfarçado de francês, foi um dos maiores acertos do novelista para a história, esbanjando o carisma e o talento que o ator exibe há décadas ao público noveleiro e que tem conquistado também, nos últimos tempos, as novas gerações nas redes sociais.

O desempenho do veterano em cena só veio a ganhar, nas últimas semanas, com a chegada de Ana Lúcia Torre. A atriz, que já viveu esposa do artista em cena em A Indomada (1997), não é nenhum fenômeno da nova geração nas redes, mas tem seu lugar marcado graças a sua atuação em diversos momentos na TV, e trouxe, sem dúvidas, força à história com seu talento consolidado.

Na história, Mercedes é um amor do passado de Lampião e retornou em meio a uma depressão, para viver ao lado da filha Emília (Cyria Coentro). Enquanto reviver o amor de adolescência tem deixado a personagem com frio na barriga, o público pode constatar o óbvio: que não há idade para levar uma boa história de amor à TV e muito menos, atores para o set.

Ana Lúcia Torre e Ary Fontoura
Ana Lúcia Torre e Ary Fontoura (Reprodução/Globo)

ETARISMO NÃO DEVERIA SER MODA

Nos últimos tempos, artistas acima de 60 anos têm encontrado cada vez mais dificuldade para emplacar personagens, seja no teatro, na TV ou no cinema. A situação, no entanto, não deveria ser moda, já que segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice de envelhecimento tem avançado no país (saltou de 30,7 em 2010 para 55,2 em 2022).

O interesse por artistas mais velhos também é algo frequentemente solicitado pelo público para obras da ficção e Fuzuê  pode provar tal argumento. Desde que a novela começou a abordar a relação entre os personagens, as redes sociais passou a jogar o nome da novela nos Trending Topics (TT's) e exaltar a química entre os dois.

O mesmo aconteceu recentemente em Amor Perfeito, trama das 18h, que foi ao ar entre março e setembro do ano passado. A novela de Duca Rachid, Júlio Fischer e Elísio Lopes Jr. saiu da curva ao abordar o romance entre Popó (Mestre Ivamar) e a professora Celeste (Cyda Moreno), que além de romper o etarismo, pintaram um romance entre negros na terceira idade.

Os personagens chegaram a protagonizar cenas entregues ao amor, desmistificando qualquer tabu e naturalizando o afeto e a sensualidade entre pessoas com mais de 60 anos. A abordagem foi mais que aceita entre o público.

Mostrar o amor de dois idosos não é novidade. Walcyr Carrasco explorou o romance entre Ary Fontoura e Nicette Bruno em Sete Pecados (2007) e entre o mesmo ator e Bete Mendes em Caras e Bocas (2009). Em a Vida da Gente (2011), Nicette Bruno e Stênio Garcia também interpretaram dois apaixonados.

Apesar dos exemplos acima, está cada vez mais escassa a presença de veteranos nas tramas, o que vai na contramão do que nos foi enraizado na cultura da história da teledramaturgia, que colecionou por muito tempo no elenco nomes da velha guarda, que brilharam nos anos 1960 e 1970 e garantiram espaço em diversos núcleos de tramas com personagens idosos, como Cleyde Yáconis, Miriam Pires, Lélia Ábramo, Etty Fraser, Zilka Salaberry, Yara Côrtes, entre outros.