A Fazenda 14 chega ao fim nesta quinta-feira (15) após temporada controversa e inconsistente
Para um reality show funcionar é necessário, como o próprio nome do formato diz, que o público acredite que aquilo que vai ao ar é real - ou que pelo menos o que é exibido seja uma versão crível da realidade.
Por isso, é difícil imaginar qual será o futuro de A Fazenda após o reality ser atingido pelo furacão Deolane Bezerra, que expôs uma série de comportamentos controversos da produção do programa ao longo da décima-quarta temporada. Seja movida pela energia de uma má perdedora ou pela coragem de quem diz o que pensa, ela implodiu a atual edição que chega ao fim nesta quinta-feira (15).
Marcada por decisões pouco assertivas de sua direção ao longo do programa, a atual temporada também marcou o fim do pacto que se estabelece entre os criadores, o público e os participantes para o pleno funcionamento da competição. É preciso que todas as peças funcionem e entrem no jogo, sem sabotagens e sem contestações.
A invasão dos bastidores por terceiros, as muitas reclamações com a produção inclusive durante o programa ao vivo, a tolerância extrema com a falta de cumprimento das regras, a baixaria desmedida e a falta de atitude contra excessos tornaram o programa um barril de pólvora, incapaz de fornecer um entretenimento de qualidade. Sobraram momentos lamentáveis ao longo da competição.
Em sua reta final, A Fazenda 14 viu a saída de algumas de suas principais peças. A derrocada começou após a estratégia que tirou Deolane Bezerra do confinamento com a ajuda das irmãs. Os problemas de saúde da mãe, Solange Bezerra, foram o estopim para sua saída da competição.
Aqui fora, ela não deitou e peitou a produção em uma live que dividiu opiniões, mas foi acompanhada por mais de 400 mil pessoas. “Eu, Deolane Bezerra Santos, sofri por diversas vezes violência psíquica e moral e posso enumerá-las: eu fui obrigada a escutar, durante horas, volume de som altíssimo; eu comi produtos vencidos; eu tive que ficar trancada durante horas, sem motivos, tendo crises de ansiedade e tendo que controlar [a situação] somente comigo mesma”, declarou ela na época.
Apesar das inconsistências de algumas de suas acusações, a advogada conseguiu colocar sob suspeita os resultados das roças, contou detalhes não revelados dos bastidores e acusou a produção de favorecê-la e aceitar regalias para que ela participasse da disputa. Afirmou, também, que a produção pressionou os participantes para não desistirem do programa.
“Na hora que você quer sair do programa, você tem que sair. E não foi isso que aconteceu. O Tiago pediu pra sair duas vezes, até causou a expulsão dele. A Pétala pediu pra sair inúmeras vezes. A tortura psicológica realizada pela produção da Fazenda, indigna.”
Fora da casa, Pétala Barreiros confirmou as acusações da aliada e disse que foi enganada pela produção para que não deixasse a casa. “Ela falou sobre a minha família e como a minha família estava. Só que era completamente mentira! Porque minha família estava muito mal de ver aquela situação. Quando minha família assistia, sempre cortavam PlayPlus e sei que é uma coisa que machucou muito a minha família aqui fora. Isso é algo que estou digerindo. Estou falando com vocês e não estou bem!”, afirmou.
Esse tipo de revelação que torna público conversas internas e decisões tomadas em comum acordo parece mostrar que faltou cuidado no estabelecimento de vínculos contratuais claros. Implodido, o formato parece agora incapaz de se reerguer.
Nesta quinta-feira (15), é provável que Bárbara Borges seja coroada a grande campeã de A Fazenda. É também possível que a direção da Record TV faça mudanças na equipe responsável pela condução do reality - isso, obviamente, caso existam novas edições a partir de 2023.
A apresentação de Adriane Galisteu também foi tímida. Isso porque a direção fez da profissional uma mera leitora de posicionamentos pasteurizados e pouco inspirados. Com pouca margem de improviso, não pode utilizar sua conhecida habilidade como apresentadora pra movimentar o jogo, gerar momentos de bom humor ou controlar o ímpeto dos peões.
Formato consagrado e ainda capaz de registrar bons números de audiência, a competição precisa de um caminho mais rígido, regras mais definidas, celebridades mais leais e uma maior transparência em suas decisões. Só assim esse pacto pode ser reestabelecido.
