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Diretor da Record é denunciado por humilhação, assédio e beneficiar a própria mulher

Grupo de jornalistas se uniu contra Marco Nascimento, diretor da Record denunciado por humilhação, assédio e por priorizar sua esposa na TV

Marco Nascimento virou uma dor de cabeça na Record por conta de sua mulher, Priscilla de Paula - Reprodução/Instagram
Marco Nascimento virou uma dor de cabeça na Record por conta de sua mulher, Priscilla de Paula - Reprodução/Instagram

Um verdadeiro caos está instaurado na Record de Minas Gerais. Desde o final de 2021, os profissionais vivem um pesadelo com Marco Nascimento à frente da direção de Jornalismo da sucursal por conta de suas decisões controversas, comportamento pouco diplomático e completa ausência de suas funções. O clima, que era ruim, acaba de ficar pior. Agora os funcionários decidiram se unir para denunciá-lo às instâncias superiores com o objetivo de derrubá-lo do posto. E o pedido veio como uma ordem de "socorro".

Na tarde de quarta-feira (26), foi entregue uma carta a Paulo Batista, diretor responsável pela praça. A coluna teve acesso à íntegra do documento, em que é descrito um ambiente de terror desde a chegada do executivo. Eles culpam Nascimento pelo clima caótico, excesso de brigas entre profissionais e a normalização do assédio moral dentro da Redação --fatos que, segundo o grupo, não ocorriam antes de sua chegada.

"O clima pesado e desumano que estamos vivendo tem levado muitas pessoas ao estresse extremo. Toda semana alguém se afasta do trabalho. A quantidade de pessoas que pedem para serem dispensadas é assustador. Só quem tem uma boa condição financeira se encoraja e pede demissão, abrindo mão de seus direitos", diz um trecho da carta.

Além de alegarem que Nascimento é uma figura sabática dentro da empresa, que aparece no trabalho apenas quando lhe convém, e todo o caos que ele promove, os jornalistas apontam um outro problema: Priscilla de Paula, sua esposa. Segundo os relatos, a moça usa de seu poder conjugal para determinar ordens a profissionais de todos os setores, e também ter regalias exclusivas, como o poder de escolha de sua hora de trabalho, escala de plantões e até mesmo as pautas que irá executar.

De acordo com a equipe, Priscilla não faz questão alguma de esconder que tem costas quentes. Ela aciona profissionais da edição de suas reportagens até mesmo fora do horário de trabalho para ordenar que refaçam a montagem dos vídeos quando ela acha que o material não ficou bom --ou quando ela não se sente "bonita" no vídeo.

"O fato de, por um tempo, somente ela, ser a substituta dos apresentadores, desestimulou quem já fazia o trabalha há tempos. Teve quem pedisse demissão por se sentir humilhada e desvalorizada, perto do tratamento diferenciado que ela recebe. Se o argumento para priorizar a repórter fosse a competência, desenvoltura e simpatia, essa justificativa era derrubada por terra quando algo dela era publicado nas redes sociais da emissora. O descontentamento do público com ela era tão grande que o diretor exigiu que todos os comentários negativos contra a esposa fossem apagados", diz mais um trecho.

Esta modesta coluna recebe, desde 2021, relatos de diferentes tipos dos funcionários da Record de Minas Gerais a respeito da conduta de Nascimento. Antes de assumir a sucursal mineira, ele foi chefão no Rio de Janeiro, e sua demissão de lá se deu por motivos muito parecidos, após uma onda avassaladora de reclamações a respeito de sua atuação como líder.

Em fevereiro de 2022, Marco Nascimento chegou a levar uma bronca da alta cúpula de São Paulo, pois as denúncias a respeito de suas manobras para efetivar sua mulher como apresentadora causou um enorme estresse na matriz. O diretor demitiu apresentadores que estavam há anos em seus postos, sob justificativas estapafúrdias, para abrir espaço para Priscilla ser rapidamente promovida --o que não acabou ocorrendo por determinações superiores na ocasião.

A Contigo! procurou a Record de São Paulo para saber o que será feito diante da denúncia, e a emissora declarou que se trata de uma decisão inédita e afirmou que abrirá uma sindicância interna com o objetivo de apurar melhor as reclamações.

"Esta é a primeira vez que a Record recebe esses relatos e, como toda denúncia, vamos apurar e tomar as providências cabíveis", disse a emissora em nota.

CARTA-BOMBA

Abaixo, está a íntegra da carta enviada ao diretor executivo que chefia a sucursal de Belo Horizonte, com as reclamações dos funcionários. Leia:

"Sr. Paulo Batista

Esta carta foi escrita por um grupo de jornalistas da Record Minas que pede SOCORRO por causa da atual situação que vivemos na emissora. O que nos encorajou a fazê-la foram as referências de gestor humano e bom homem que recebemos do senhor. Esperamos que compreenda o anonimato por questões óbvias.

Há tempos estamos vivendo um clima de total abandono direcional no jornalístico, o que tem provocado a impaciência e descontrole de alguns colaboradores. Constantemente presenciamos discussões acirradas entre colegas que, por pouco, não partem para vias de fato. Brigas por erros graves que são cometidos durante o trabalho e não são monitorados pelas chefias, que na maioria das vezes, estão atreladas a outras funções. As pessoas não respeitam umas às outras, não existe trabalho em equipe e quando partem para a briga, a situação é amenizada, tornando o episódio num fato comum, corriqueiro.

No ano passado tivemos um episódio sério de assédio moral na redação. Uma equipe inteira de 6 funcionários, ligada a um determinado programa, relatou à direção que, eles eram desrespeitados e muitas vezes até humilhados pelo(a) superior. O fato foi considerado como "perseguição" a pessoa denunciada e, nada, absolutamente nada foi feito pela direção de jornalismo. O que provocou um desânimo total na redação, até em quem não trabalhava diretamente com essa pessoa mas, sabia do jeito estúpido de tratar a equipe.

DESÂNIMO, esse é o sentimento geral de todo o setor. O clima pesado e desumano que estamos vivendo tem levado muitas pessoas ao estresse extremo. Toda semana alguém se afasta do trabalho. A quantidade de pessoas que pedem para serem dispensadas é assustadora. Só quem tem uma boa condição financeira se encoraja e pede demissão, abrindo mão de seus direitos. Não temos um líder disposto a "remar o barco ao lado da tripulação". Pouco vemos nosso diretor na emissora. Temos a impressão de que ele se perde com o nosso dia a dia, com o que está sendo preparado para os jornais, com as prioridades jornalísticas.

Muitas vezes nos deparamos com as chefes de redação perdidas, sem saber como tomar decisões importantes que não cabem a elas, por ausência da direção jornalística. Tudo acontece sem nenhum critério, a "Deus dará", sem comando. Notamos que a única prioridade para o nosso diretor é sua esposa, que tem um tratamento diferenciado dos outros repórteres. Ela escolhe o horário de trabalho, o assunto da pauta, e como o trabalho dela deve ser desenvolvido. Escolhe até mesmo os plantões. Muitas vezes, fora do horario de trabalho, ela fez contato com editores exigindo que a matéria dela fosse editada novamente pois não estava do seu gosto.

O fato de, por um tempo, somente ela, ser a substituta dos apresentadores, desestimulou quem já fazia o trabalha há tempos. Teve quem pedisse demissão por se sentir humilhada e desvalorizada, perto do tratamento diferenciado que ela recebe. Se o argumento para priorizar a repórter fosse a competência, desenvoltura e simpatia,  essa justificativa era derrubada por terra quando algo dela era publicado nas redes sociais da emissora. O descontentamento do público com ela era tão grande que o diretor exigiu que todos os comentários negativos contra a esposa fossem apagados.

Enfim, poderíamos gastar dezenas de páginas relatando os desmandos da nossa gestão e os absurdos que somos abrigados a suportar. Nosso intuito com essa carta é pedir sua intersecção URGENTE. A situação está fora de controle e queremos voltar a viver em um clima de trabalho motivador. Sentimos falta de um lider, um gestor que vibra junto com a equipe e que nos dê oportunidades de mostrar que podemos muito mais do que estamos fazendo. Sentimos de um líder que esteja presente, inclusive fisicamente, nos horários dos principais jornais e demandas da redação.

Obrigada por nos fazer acreditar que temos alguém por nós. Temos esperança de dias melhores."