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Novelas / VALE A PENA VER DE NOVO

Por que Alma Gêmea é um fenômeno? Reprise reforça sucesso de fórmulas clássicas

Repeteco da novela de Walcyr Carrasco confirma potencial de 'Alma Gêmea' de fisgar o público com elementos que vão do conto de fadas ao desenho animado

Arthur Pazin

por Arthur Pazin

apazin_colab@caras.com.br

Publicado em 19/06/2024, às 18h37

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Serena (Priscila Fantin) e Rafael (Eduardo Moscovis) em 'Alma Gêmea' - Reprodução/Globo
Serena (Priscila Fantin) e Rafael (Eduardo Moscovis) em 'Alma Gêmea' - Reprodução/Globo

Alma Gêmea é um fenômeno e já sabemos disso desde meados dos anos 2000. À época, a novela de Walcyr Carrasco que era exibida às 18h ganhou meses a mais no ar e viu seus números chegarem à casa dos 50 pontos, dando dor de cabeça para as faixas das sete e das nove da Globo. Mas por que tanta repercussão? A segunda reprise da obra na TV aberta é oportunidade ideal para reforçar o sucesso de fórmulas clássicas com o público.

Em tempos de ficção na palma da mão a qualquer hora, muito se questiona - seja pelo público, pelos opinadores de Twitter ou pela crítica - qual o segredo para se fazer uma boa trama. O alavancar dos números do ibope com o repeteco do folhetim dirigido por Jorge Fernando traz uma resposta simples e direta: o segredo está no clássico.

Walcyr Carrasco não esconde a mágica! Em palestras, entrevistas e aonde quer que esteja, o novelista abre o jogo: a busca no núcleo central de histórias clássicas sempre lhe rendeu ótimas histórias, que adequadas ao modo de quem as busca, podem ser levadas para qualquer época ou contexto. E essa inspiração vem desde a bíblia até conto de fadas.

Walcyr Carrasco, autor de 'Alma Gêmea'
Walcyr Carrasco, autor de 'Alma Gêmea' (Foto: Reprodução/Globo)

A BELA E A FERA DAS TARDES

Parece besteira ou ironia, mas vejam: a maior audiência das 18h dos anos 2000 - até então jamais obtida novamente - tem uma inspiração tão inocente: A Bela e a Fera. Basta ter tido uma boa infância e ser apegado a clássicos que é fácil encaixar a lógica e perceber que o encontro entre Rafael (Eduardo Moscovis) e Serena (Priscila Fantin) lembra, sem fazer lembrar, o desabrochar da rosa do conto francês de Gabrielle-Suzanne Barbot.

É óbvio que uma história que rendeu, por várias gerações, diversas edições e adaptações para os palcos e telonas pode e deve ser a espinha dorsal para uma novela de sucesso. Uma inspiração que somada ao toque espírita que o brasileiro ama - sem doutrinar -, à inocência de uma mocinha vinda de longe da civilização e a uma - ou melhor duas - vilã (s) com ares de desenho animado faz acertar e eternizar uma obra aberta em obra fechada, como qualquer clássico do cinema.

A lógica se repete e segue válida quando pensamos em Shakespeare para O Cravo e a Rosa e José de Alencar para Chocolate com Pimenta, novelas das seis de Walcyr Carrasco que são frequentemente associadas entre si e com sucesso garantido, seja pelas tramas, personagens, elementos - como o chiqueiro e tortas na cara -e até trilhas sonoras - principalmente as instrumentais, 

Pensão da Divina é um dos núcleos mais divertidos de 'Alma Gêmea'
Pensão da Divina é um dos núcleos mais divertidos de 'Alma Gêmea' (Foto: Divulgação/Globo)

FALAR COM TODOS E PARA TODOS

Você nem precisa assistir. Basta ficar quinze minutos de frente a um capítulo de Alma Gêmea para identificar vários tipos do seu dia a dia na telinha. Numa fala, num bordão, numa característica ou referência. Da criança ao idoso, do simples ao sofisticado, do certo ao imoral, do rústico ao essencialista. Tudo rápido e mudando o tempo todo, embora pareça não sair do lugar. Algo vai te cativar! Essa estratégia, que não é novidade tratando-se de folhetim, também enquadra o segredo da longevidade do sucesso da trama de Carrasco.

Falar com todos e para todos, com pressa, pistas e reviravoltas é regra número 1 de telenovela. Pelo menos na teoria! Será que a manobra, então, passou a ser esquecida? Talvez lembrada, mas reduzida a círculos e nichos, buscar no cotidiano do telespectador exige sair da bolha e ampliar, conhecer o público. Tarefa difícil para um autor de novelas nos últimos tempos. Mas como o próprio escritor sempre deixa escapar: ser jornalista em tempos de impresso, trabalhar sob pressão e funcionar como uma máquina pode ser um diferencial para isso.

É claro que ser ambientada em outra época é um fator que ajuda e muito as inesquecíveis novelas de sucesso de Carrasco. Mas ele mesmo já provou em outros horários e noutras épocas que a forma de fazer não tem data: inovando no tema que for, o clássico sempre será o combustível principal de um novelão de sucesso.

E isso é acordo incontestável, seja para os amantes de novelas como essa e até mesmo aos críticos de plantão que pegam no pé e acusam tais tramas de subestimarem o público ou terem diálogos "pobres" ou inverossímeis. No fundo, todo mundo sabe que o que agarra quem está do outro lado do sofá, seja no horário que for, é a busca por uma fórmula clássica. O resto é como rechear um bolo com chantilly e ganache: dá-lhe a criativdade, mas dentro todos saberemos o que encontrar.