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Reinaldo Junior lamenta que 'Nosso Sonho' foi descartado de disputar Oscar 2024: "Representa"

Intérprete de Duarte em 'Nosso Sonho', o ator Reinaldo Junior conversou com exclusividade com a Contigo! e falou sobre o filme que está em cartaz; saiba mais

Gabriela Cunha

por Gabriela Cunha

gcunha_colab@caras.com.br

Publicado em 04/10/2023, às 12h22

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O ator Reinaldo Junior fala sobre carreira e lamenta que filme  não represente o Brasil no Oscar 2024; saiba mais - Reprodução/Instagram
O ator Reinaldo Junior fala sobre carreira e lamenta que filme não represente o Brasil no Oscar 2024; saiba mais - Reprodução/Instagram

Reinaldo Junior é um ator brasileiro que vem se destacando no cinema, na televisão e no teatro. Ele é um dos destaques do filme “Nosso Sonho”, que conta a história da dupla Claudinho e Buchecha, ícones do funk carioca. Em uma entrevista exclusiva para a Contigo!, ele revelou os bastidores do filme, a sua relação com o funk, a sua trajetória artística e os seus projetos futuros.

O primo do Buchecha

Interpretando Duarte, primo do Buchecha, Reinaldo conta que o personagem foi um presente e um encontro de almas, pois ele é baseado em uma pessoa real, que viveu grande parte da vida do cantor na casa dele.

O artista diz que, para compor o personagem, trouxe a sua vivência como um homem negro, que nasceu junto com o funk nos anos 90. “O Duarte foi um personagem que, a princípio, não estava nas linhas do roteiro, ele estava na cabeça do diretor. Ele é um personagem aberto, que tinha seis diárias. Então, o diretor Eduardo Albergaria me deixou muito livre para ir construindo. Assim, fiz quinze diárias e a maioria das cenas que foram para o ar, para o filme, são cenas improvisadas.”

nosso sonho
Reinaldo Junior em 'Nosso Sonho' - Foto: Divulgação

O sonho de representar

O ator analisa o filme como representativo, pois ele eterniza um movimento, que é o movimento funk, a partir do Claudinho e Buchecha, além de ter o elenco majoritariamente negro. No entanto, ele lamenta que a Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais não tenha escolhido o filme para representar o Brasil no exterior:

“O filme ‘Nosso Sonho’ ele é representativo porque o nosso sonho tem a nossa cara. Sendo assim, é lamentável que a Academia Brasileira não tenha escolhido o filme Nosso Sonho para representar o Brasil no exterior, já que o Brasil se sente representado pela história do filme. O filme 'Nosso Sonho' ele é representativo porque tem a nossa cara", declara, ao lembrar que o filme "Retratos Fantasmas", de Kleber Mendonça Filho, foi o escolhido para disputar uma vaga no Oscar 2024 na categoria de Melhor Filme Internacional. 

Elenco de peso

Durante o bate-papo, Reinaldo não deixa de elogiar o elenco do filme, que é formado por grandes nomes da arte nacional, como Juan Paiva, Lucas Penteado, Clara Moneke, Antônio Pitanga, Tatiana Tiburcio, Nando Cunha e Flávia Souza.

Citando esses artistas, o ator garante que participar desse filme é uma grande oportunidade para ele, que está chegando no audiovisual. “Trabalhar com quem a gente admira e que a gente tem como referência é um grande aprendizado e uma grande escola. Trabalhar com o Sr. Antônio Pitanga, Tatiana Tiburcio, Nando Cunha e Flávia Souza, que são artistas que já vêm construindo narrativas e eternizando memórias pretas a partir do audiovisual, da televisão e do cinema, é uma grande oportunidade para nós que estamos chegando no audiovisual de dar continuidade a um trabalho de excelência.”

elenco de nosso sonho
Elenco de 'Nosso Sonho' - Foto: Instagram

Início na televisão 

Reinaldo Junior teve sua estreia na televisão no projeto “Falas Negras”, em 2020. Ao falar sobre o especial da Globo, o ator revelou que este foi um trabalho muito especial e que foi um divisor de águas na sua vida, já que foi a partir dele que o artista conquistou ainda mais visibilidade ao seu trabalho.

O artista ainda conta que conseguiu esse espaço no projeto após um convite do ator Lázaro Ramos: "Lázaro Ramos me convidou pra fazer o personagem do Baquaqua a partir de alguns espetáculos que ele já tinha me assistido no teatro", relembra.

"Foi uma grande oportunidade de mostrar o meu trabalho pra mais pessoas, mas também um grande desafio porque foi a primeira vez que eu fiz televisão. Foi a primeira vez que eu tava lidando com aquela linguagem, onde eu tive a preparação de elenco da Tatiana Tibúrcio", detalha o ator.

O novo projeto na HBO, a novela Beleza Fatal

Após o filme Nosso Sonho, Reinaldo já está empenhado em seu novo projeto, a nova novela da HBO Max: Beleza Fatal. A trama terá em seu elenco nomes como Caio Blat, Camila Pitanga, Camila Queiroz, Giovanna Antonelli, Herson Capri, Marcelo Serrado, Murilo Rosa, Vanessa Giácomo, entre outros.

No entanto, ao abordar o assunto, o ator se limitou a falar sobre a trama. "Neste momento, iniciei um novo trabalho com uma plataforma de streaming. Por questões contratuais, não posso falar agora, mas é um trabalho para o ano que vem. Estou gravando com um grande elenco, renomado na teledramaturgia brasileira, e a estreia será no ano que vem", garantiu Reinaldo.

Confira a entrevista de Reinaldo Junior na íntegra:

CONTIGO!: Como foi interpretar o Duarte, primo do Buchecha, no filme “Nosso Sonho”? Quais foram os principais desafios e aprendizados desse papel?

Reinaldo Junior: "O Duarte foi um presente, foi um encontro de almas. Porque ele foi um personagem que, a princípio, não estava nas linhas do roteiro, ele estava na cabeça do diretor. Ele é um personagem real, que existe. Ele é o primo do Buchecha e viveu grande parte da vida dele na casa do Duarte. Então, o Duarte vira uma espécie de irmão mais velho para o Buchecha, que é filho da Tia Natalina. No entanto, o grande desafio de interpretar o Duarte é que ele é um personagem que existe e que eu não tive contato pessoalmente com ele. Então, eu tive algumas informações da filha do Buchecha, da Gíulia, e segui ele na rede social. Fiz uma pesquisa quase que virtual da vida do Duarte, da personalidade dele. A partir disso, eu trouxe também a minha vivência como um homem negro, que nasceu junto com o funk nos anos 90. E coloquei a minha subjetividade junto à subjetividade dele como homem negro, tentando, claro, trazer as singularidades que ele tem, como ser flamenguista, né? Na época ele era flamenguista. E uma grande novidade do Duarte é que depois de adulto ele vira vascaíno. Então, enfim, o grande desafio foi interpretar um personagem que existe, mas que eu não tive contato. Isso é uma novidade de bastidores. Quando fui chamado para fazer o Duarte, ele não estava totalmente escrito na linha do roteiro. Era um personagem aberto, que tinha seis diárias. Então, o diretor Eduardo Albergaria me deixou muito livre para ir construindo. Assim, fiz quinze diárias e a maioria das cenas que foram para o ar, para o filme, são cenas improvisadas."

CONTIGO!: Você tem alguma relação pessoal com o funk carioca, que é o gênero musical da dupla Claudinho e Buchecha?

Reinaldo Junior: "Eu me considero filho do funk. Eu nasci no ápice do funk, nos anos 90. Embora o funk tenha chegado aqui no Brasil, no Rio de Janeiro, nos anos 70 e 80, foi nos anos 90 que ele teve a grande ascensão. E eu cresci numa cidade chamada Mesquita, que tinha um baile chamado Mesquitão, que era um baile que muitas pessoas do Rio de Janeiro inteiro iam pra lá curtir. Na minha rua tinha um DJ chamado DJ Cacá, que tinha uma equipe chamada Pretinha Discoteca, que foi a trilha sonora da minha infância, da minha juventude e de tudo que está em torno dessa cultura. Não só o dia do baile, mas a montagem da equipe de som, a preparação dos comerciantes, os MCs. Nessa rua tinha festival de MC, festival de rap, onde foi a minha grande escola para as artes cênicas, onde eu vi o primeiro movimento de arte: o funk. Sendo assim, a gente teve uma preparação coreográfica, musical, de resgate dessa cultura com a Flávia Souza, que também faz a minha mãe, a Dona Natalina, que trouxe pra gente com bastante propriedade a essência desse movimento. Não só a essência corporal, mas a ciência, tudo que era envolvido cientificamente. Eu tô falando do movimento de galeras, do movimento de rap, dos festivais de dança daquela época. Então essa é a minha relação com o funk, eu me considero um filho do funk."

CONTIGO!: Como você vê a importância de um filme como “Nosso Sonho” para a representatividade negra no cinema brasileiro? Como você acha que o filme contribui para a valorização da cultura da favela e do funk?

Reinaldo Junior:"O cinema sempre foi uma ferramenta de expressão política, porque ele eterniza as imagens. E o ‘Nosso Sonho’, ele eterniza um movimento, que é o movimento funk, a partir do Claudinho e Buchecha, que foram os primeiros pop stars a levar o funk para o mundo como um entretenimento, a partir de dois jovens periféricos de favela, que mostram a potência da favela para além daquilo que o mundo já tinha visto. No filme, com o elenco majoritariamente negro, traz como plano principal o espírito da intimidade de uma família preta brasileira, que é o que representa mais da metade da população. Então, esse filme, por si só, é representativo para a população brasileira. Sendo assim, é lamentável que a Academia Brasileira não tenha escolhido o filme Nosso Sonho para representar o Brasil no exterior, já que o Brasil se sente representado pela história do filme. O filme 'Nosso Sonho' ele é representativo porque o nosso sonho tem a nossa cara."

"Uma grande particularidade do filme 'Nosso Sonho' é que ele vai na contramão da ideia de alguns estereótipos que são vistos quando a gente tem filmes que têm como plano de fundo a favela. Existe um grande fetiche nas produções cinematográficas de ver a favela com armas, drogas, sangue e violência. Em 'Nosso Sonho', a gente vai na contramão. As únicas armas que a gente utiliza são as armas do amor, da amizade, do perdão, da empatia, fazendo com que as pessoas se identifiquem com os sentimentos reais que se têm dentro da favela e não com os sentimentos que são criados a partir do que a indústria quer ver. Então, esse é um ponto muito alto do nosso filme, que é mostrar a favela a partir dos sentimentos que ela realmente produz."

CONTIGO!: Como foi trabalhar ao lado do Juan Paiva, Lucas Penteado e de todo o elenco de peso do filme? Teve algo nos bastidores que te marcou?

Reinaldo Junior: "Trabalhar com quem a gente admira e que a gente tem como referência é um grande aprendizado e uma grande escola. Trabalhar com o Sr. Antônio Pitanga, Tatiana Tiburcio, Nando Cunha e Flávia Souza, que são artistas que já vêm construindo narrativas e eternizando memórias pretas a partir do audiovisual, da televisão e do cinema, é uma grande oportunidade para nós que estamos chegando no audiovisual de dar continuidade a um trabalho de excelência. Sendo assim, trabalhar com o Juan e com o Lucas, que são artistas que têm particularidades contagiantes e que se complementam na narrativa desse filme, nos emocionando do começo ao fim, e agregando o talento da Lellê, que é uma grande estrela contemporânea, assim como Clara Moneck, é a prova de que estou no caminho certo, com as pessoas certas e me incluindo em uma arte de excelência que está mudando a história do cinema nacional, a partir da perspectiva da favela do Brasil para o mundo. Além de serem pessoas muito generosas, simples e que realmente têm um compromisso com a arte que me encanta."

CONTIGO!: Você tem uma trajetória artística diversificada, atuando em teatro, cinema, televisão e plataformas de streaming. Como você concilia esses diferentes projetos e linguagens? Qual é o seu preferido?

Reinaldo Junior: "O teatro é o grande útero de onde eu venho, ele é a batida do meu coração. Ele é onde estão fincados todas as minhas raízes e eu devo muito ao teatro por tudo que ele vem me proporcionando, por tudo que ele já me proporcionou. A televisão, ela vem ganhando espaço na minha vida e eu venho ganhando espaço na televisão também. É um trabalho de formiguinha, mas que ele leva o meu trabalho para mais pessoas. Ele amplia aquilo que eu faço no teatro para mais pessoas. O cinema, de quatro anos para cá, ele veio, ele invadiu a minha agenda e eu fiz mais de 20 filmes de quatro anos para cá, alguns não saíram ainda, outros sim. E eu acho que, na verdade, esses três gêneros se complementam para potenciar. Potencializar um trabalho que antes era feito no teatro para 500 pessoas, e hoje ele consegue chegar em 30 milhões de pessoas. Então, eu prefiro os três, porque eu amo atuar, porque eu amo estar construindo personagens, porque eu amo me comunicar com as pessoas. Então, esses três gêneros, eles me levam na minha potência máxima, e é onde eu quero estar pelo resto da minha vida."

CONTIGO!: Você foi indicado ao Prêmio Shell de Teatro pelo seu primeiro solo “O Grande Dia”. Como foi a experiência de criar e encenar esse espetáculo? Qual foi a inspiração para a história?

Reinaldo Junior: "O Grande Dia é o meu primeiro solo, uma peça-filme idealizada por mim e realizada pela Confraria do Impossível, da qual sou sócio-fundador. O texto e a direção são de André Lemos, que foi o primeiro diretor negro a ser laureado com o Prêmio Shell. O Grande Dia se divide em um retrato afetivo autobiográfico, onde trago alguns homens negros da minha família que foram importantes na minha formação, como meu pai, meu avô, meus tios. Além disso, faço um recorte biográfico de alguns homens negros que foram importantes na construção da nossa cultura, não só no Brasil, mas no mundo. Então, eu falo de Abdias do Nascimento, Rubens Barbot, Malcolm X, Muhammad Ali e Mumia Abu-Jamal, e faço um paralelo com a linguagem entre o boxe e o teatro, onde apresento mais de dez personagens com uma multifaceta de linguagens que tudo acontece ali na frente do público, onde tem eu, a luz, o vídeo e o público como testemunha desse grande acontecimento. Essa explosão de linguagens e de experiências, esse acúmulo de experiências de 20 anos de carreira, me rendeu a indicação de melhor ator ao Prêmio Shell no ano de 2022. E uma novidade é que costuro a peça com a linguagem do boxe, a partir de Muhammad Ali, mas eu também utilizo o boxe como uma ferramenta de treinamento para o meu trabalho como ator. Talvez isso seja interessante para as pessoas saberem também."

CONTIGO!: Você também participou do especial “Falas Negras” na Globo, interpretando o Mahommah G. Baquaqua. Como foi a repercussão desse trabalho? Como você se preparou para esse personagem histórico?

Reinaldo Junior: "Falas Negras é um trabalho muito especial e que foi um divisor de águas na minha vida. Tem a direção do Lázaro Ramos, que me convidou pra fazer o personagem do Baquaqua a partir de alguns espetáculos que ele já tinha me assistido no teatro. Foi uma grande oportunidade de mostrar o meu trabalho pra mais pessoas, mas também um grande desafio porque foi a primeira vez que eu fiz televisão. Foi a primeira vez que eu tava lidando com aquela linguagem, onde eu tive a preparação de elenco da Tatiana Tibúrcio, que foi online, com muito pouco tempo. Mas o fato da gente já se conhecer e já ter trabalhado juntos foi um grande facilitador. E o grande desafio foi realmente ter feito um monólogo com um elenco de feras, um elenco de pessoas que já fazem muito tempo. E eu fiquei feliz com o resultado, com a repercussão que foi. Esses outros filmes que eu fiz, como ‘Grande Sertão: Veredas’, o próprio ‘Nosso Sonho’, o ‘Mussum’, dentre outros trabalhos que eu fiz nos streams também, foram resultado dessa oportunidade e desse convite que veio a partir do Lázaro Ramos para poder fazer o Falas Negras. Então o Falas Negras foi um grande canal e um grande divisor de águas para eu poder estar onde eu estou agora."

CONTIGO!: Você está no elenco da novela Beleza Fatal, da HBO. Apesar das poucas informações do personagem, vi que você terá um papel de destaque na trama. Você poderia contar um pouco sobre esse projeto, quem fará parte de seu núcleo e como está sendo trabalhar nesse formato inovador para a dramaturgia?

Reinaldo Junior: "Neste momento, iniciei um novo trabalho com uma plataforma de streaming. Por questões contratuais, não posso falar agora, mas é um trabalho para o ano que vem. Estou gravando com um grande elenco, renomado na teledramaturgia brasileira, e a estreia será no ano que vem."