Cantor Paulo Ricardo fala sobre a sua nova música que foi vetada nas rádios e relaciona com questões politicas; entenda
Naomi Magalhães Publicado em 16/11/2022, às 10h19
Lançada no começo do ano, a músico Herói Made in Brazil de Paulo Ricardo espantou o cantor devido à reação do público. Em uma conversa com a Splash Entrevistas, apresentada pelo Zeca Camargo, Paulo revela que a inspiração para a música veio após assistir às manifestações golpistas do 7 de setembro de 2021.
"A gente chegou num momento em que várias facetas do que é ser brasileiro estão se conflitando", disse. "A gente não tinha essa cultura de haters. Isso é muito recente". O músico fala sobre a divisão de opiniões e expressa que antes havia um respeito com essas divergências. "Esse pensamento antagônico que se transforma em ódio é que não existia", lamentou.
"Com essa música aconteceu comigo algo que eu ainda não tinha vivenciado: tive a música vetada em rádios. Não pelo valor artístico, mas por uma questão política", relevou Paulo Ricardo. "Me vi diante da realidade de rádios que são concessões a grupos políticos e oligárquicos. E vetaram a música."
Falando um pouco mais da música, Paulo revela que viu na letra uma forma de desabafar sobre o que tem visto acontecer com o Brasil nos últimos. "Chegamos num ponto em que olhamos para trás e vemos o legado da nossa geração [ser destruído]. Dá uma certa aflição e frustração".
Herói Made in Brazil é um pop rock com um estilo que Paulo Ricardo há muito tempo não escrevia. Durante a conversa, Paulo conta sobre a época da ditadura e como não conseguia compor sobre outra coisa, mas que com o tempo parou de escrever sobre política.
"Comecei falando de política nos anos 1980. Vínhamos de uma ditadura, vivíamos as Diretas Já, a transição para a democracia. Era inevitável falar disso", contou. "Ao longo da carreira fui mudando o foco e falando de outras coisas."
Com a volta de críticas em suas músicas, Paulo Ricardo expressa a sua vontade de mudar as coisas, assim como nos anos 80 e relata esperança, dizendo que há muito o que fazer. "Eu sempre tento fazer letras com uma visão poética. Mas não dá pra ficar no muro agora. A gente tem que se posicionar".
