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Gabriel Santana, Renato em ‘Pantanal’, aponta crítica social de seu personagem: “Carência paterna”

Em entrevista exclusiva, Gabriel Santana, que vive o Renato em ‘Pantanal’, apontou a crítica social trazida pelo personagem na novela; entenda

Luisa Scavone

por Luisa Scavone

lscavone_colab@caras.com.br

Publicado em 25/09/2022, às 08h35

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Gabriel Santana é Renato em ‘Pantanal’ - Reprodução/TV Globo e Instagram
Gabriel Santana é Renato em ‘Pantanal’ - Reprodução/TV Globo e Instagram

Um dos vilões na novela Pantanal é Tenório, interpretado por Murilo Benício, mas quem está seguindo, ou pelo menos tentando seguir, o caminho do pai na novela é Renato, vivido pelo ator Gabriel Santana. Em conversa com a CONTIGO!, o jovem de 22 anos apontou as diferenças e semelhanças entre os personagens e como o seu papel na trama pode e deve ser visto como uma crítica social.

Para viver Renato, ele se baseou, de forma abstrata, em vilões como Carminha, de Avenida Brasil e o Coringa. Entretanto, ele contou que sua intenção principal era humanizá-lo. “Porque é um ser humano, um jovem brasileiro que pode viver em qualquer lugar do país, então acho que o mais importante, pra mim, foi entender as motivações dele”, explicou. “Fazê-lo da maneira mais verídica e verossímil possível”.

Para isso, se preparou de várias formas, com recursos como leitura dinâmica, análise de texto, além de absorver gestos e entonações de outros atores que interpretam sua família na novela, para criar a dinâmica familiar que a trama exige. “O ator só para de estudar quando a última cena é gravada. Porque todo dia que você está gravando, você está aprendendo mais sobre a personagem e desenvolvendo mais ela”, disse.

Semelhanças e diferenças

Para Gabriel Santana, os personagens Tenório e Renato têm diferenças muito agudas. “Eu acho que a vida transformou o Tenório no que ele. O que ele viveu, a vida sofrida dele, fez ele ter as atitudes que ele teve, sendo justificáveis ou não (o que, na minha opinião, não são)”, apontou. “Renato é muito diferente. Ele sempre teve uma vida ‘fácil’, sempre viveu em uma família de classe média, e não teve que passar por muita coisa que o Tenório passou”.

Entretanto, o ator acredita que a semelhança entre eles está, justamente, no que transforma seu personagem um “vilão” na história: a falta e afetividade paterna e a busca por aprovação. “Se o Renato não tivesse essa carência paterna, a vontade de querer o pai perto, ele não seria tão parecido”, opinou.

“Acho que o Renato ainda está nesse lugar de ver o Tenório em um pedestal, então essa vontade de querer ser o pai faz com que ele queira copiá-lo em tudo. Essa é a maior semelhança entre eles”, pontuou.

Para ele, quem tem que analisar as atitudes de seu personagem é o público, que constrói a narrativa. ”Por isso que a arte é uma coisa muito individual, muito abstrata. Cada um absorve de uma maneira”, comentou. “Mas eu acho difícil o público perdoar o Renato e achar que ele está fazendo alguma coisa boa. Pelo ranço que o público já está tendo, acho difícil (risos)”.

Crítica social

Para ele, Renato traz, também, uma crítica social para a novela, justamente em como a ausência da figura paterna pode afetar a vida de alguém. Na trama, a pouca presença de seu pai está rodeada de comentários machistas e misóginos, que só são reforçados na forma que Tenório trata a esposa e sua filha, diferente dos seus filhos homens.

“O renato é reflexo de uma sociedade brasileira que é criada, principalmente, por mães pretas solos e por pais ausentes, que tem pouquíssima presença, e que, quando tem, aproveita a pouca oportunidade de tempo para falar mer** (risos)”, disparou o ator.

Amadurecimento

Mas esse não é o primeiro grande papel de Gabriel Santana. O ator ficou conhecido por interpretar Mosca, na novela Chiquititas, do SBT. Pra ele, essa trajetória profissional e a transição do personagem mocinho para um vilão, é consequência de seu amadurecimento pessoal e profissional.

“Pude amadurecer muito com o Mosca, artisticamente e minha maturidade pessoal mesmo. Eu tinha 13 anos quando comecei a atuar e hoje tenho 22. De lá para cá estudei muito, tanto em trabalhos, quanto por fora. Hoje eu sou bacharel em Artes Cênicas, eu já fiz muito anos de teatro”, contou.

Por isso, quando foi chamado para fazer seu primeiro “vilão” na Globo em horário nobre, já tinha uma carga emocional e maturidade para enfrentar o desafio. “Estou muito grato e satisfeito com o que eu fiz e com a oportunidade que a Globo me deu”, comentou.

“Quanto mais eu amadurecer, mais personagens complexos e mais os produtores de elenco, diretores e autores vão confiar em mim para fazer personagens mais complicados dramaturgicamente”, finalizou.