Em entrevista exclusiva, Ângelo Rodrigues, ator protagonista de ‘Olhar Indiscreto’, revelou qual a diferença entre trabalhar no Brasil e em Portugal
Com 35 anos e 20 de carreira, Ângelo Rodrigues é um dos protagonistas da série brasileira Olhar Indiscreto, que está entre as quatro mais vistas da Netflix pelo mundo. Em conversa com a CONTIGO!, o português contou como é trabalhar no Brasil e quais são as principais diferenças com Portugal.
Ele trabalha profissionalmente desde 2002 e faz projetos de televisão e teatro. Em 2015, durante um intercâmbio de seis meses na UNIRIO, teve a oportunidade de fazer seu primeiro trabalho no Brasil, atuando num dos episódios da série As Canalhas, no GNT. Agora ele é protagonista da série da Netflix.
“É tudo novidade para mim. Trabalhar no Brasil é um objetivo que persigo há alguns anos, por isso fico muito feliz por estar dando certo”, contou.
Seu personagem, Heitor, é um homem profissionalmente inflexível e invejado no mundo empresarial, dono de uma rede de hotéis. É um pai extremoso e um herói aos olhos da filha. O mundo pode estar ruindo, mas ele mantém sempre uma postura esfíngica como se nada o perturbasse.
Por ser um homem com vários fantasmas do passado, o ator se intrigou com o personagem e contou com o que se identifica: “Com a serenidade do personagem, embora seja fogo de vista. Somos ambos falsos calmos”, confessou.
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Já em Portugal, estará no cinema com o filme Cherchez La Femme, uma adaptação de A Confissão de Lúcio, de Mário de Sá Carneiro e, para ele, a principal diferença entre trabalhar em sua cidade natal e trabalhar no Brasil é o tempo de preparação.
“Normalmente, em Portugal, temos poucos ensaios porque os orçamentos são limitados. No caso de Olhar Indiscreto, fizemos um laboratório de um mês e meio. O trabalho da Marina Elias, a nossa preparadora de elenco, e da Barbara Harrington, a coordenadora de intimidade, foi fundamental para o elenco perder o medo”, contou.
Mesmo sendo português, se apaixonou pelo Brasil em 2012, quando fez uma viagem com o destino final no Rio de Janeiro. Logo após o fim de seus estudos na UNIRIO, Ângelo Rodrigues visita as terras brasileiras todo ano. “Já considero o país a minha segunda casa. Os brasileiros são, provavelmente, os melhores anfitriões do mundo”, afirmou.
Em paralelo a sua carreira artística, o ator faz voluntariado pelo mundo. No Brasil, em 2014, deu aulas de teatro na prisão de segurança máxima de Bangu. Em 2016, em Moçambique, também ensinou artes cênicas. Em 2022, deu aulas de inglês a monges no Nepal e trabalhou como assistente de cuidadores de elefantes num santuário para os animais no Camboja.
“Os voluntariados me ensinam a viver com outra velocidade. A velocidade certa, diria. Tenho vontade de conhecer a complexidade do ser humano e de compreender a sua natureza. Sinto que a cada viagem que faço vou levantando o véu do grande mistério que é a nossa espécie”, contou ele.
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Ângelo tem o desejo de ser um observador ativo para o mundo e ajudar a construí-lo, por isso leva a arte em suas viagens. “Levar o Teatro a regiões recônditas é uma oportunidade de repensar o mundo, independente da crença, gênero ou pigmento”, finalizou.
