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Exclusivas / VOLTA EM MARÇO

A Vida da Gente: em diálogo com a nova configuração das famílias, novela prende, emociona e surpreende

De volta no horário das seis, trama de Lícia Manzo é enxuta e desenvolve seus personagens com sutileza

Gustavo Assumpção Publicado em 18/02/2021, às 10h34 - Atualizado às 10h59

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A Vida da Gente: em diálogo com as novas famílias, novela prende, emociona e surpreende - TV Globo
A Vida da Gente: em diálogo com as novas famílias, novela prende, emociona e surpreende - TV Globo

Há muitas qualidades em A Vida da Gente, novela que retorna ao ar no horário das seis a partir de março: um elenco que mescla jovens promessas com atores consagrados, uma trama enxuta que se desenvolve sem forçações e um texto preciso assinado por Lícia Manzo.

Em sua primeira novela, a autora soube tocar em sentimentos muito universais com uma riqueza poucas vezes vista. As pressões familiares, a expectativa que mães criam sobre o futuro dos filhos, a dificuldade de se lidar com nossos desejos, a busca pelo entendimento diante do caos - tudo aparece dissecado pela autora e seu time de colaboradores. 

“Difícil para mim separar o que escrevo do que sou. A essência de ‘A Vida da Gente’ permanece para mim atual na medida que são assuntos que ainda me mobilizam e me fazem pensar”, confessa a autora que se prepara para estrear seu terceiro trabalho neste ano, o primeiro em horário nobre.

Para Lícia, a oportunidade de rever a trama é também uma nova chance para se encontrar com aqueles personagens. "É claro que vou rever! Novela é um filho e de filho a gente não se cansa. Verei como uma espectadora, favorecida pela distância, e, nesse sentido, podendo me surpreender também", comemora. 

A CAMPEÃ E A INVISÍVEL

A centralidade da trama está na relação entre as irmãs Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manu (Marjorie Estiano). Uma é idolatrada pela mãe, a outra é invisível. Uma é sonhadora, voraz, forte. A outra é frágil, insegura, romântica. É a partir desta relação que uma tragédia acontece: ao viver um amor proibido e engravidar de Rodrigo (Rafael Cardoso), Ana sofre um grave acidente que a deixa em coma. 

O que fazer diante do imponderável? É possível seguir com a vida sabendo que alguém fundamental pode acordar a qualquer momento? É essa incerteza que ocupa boa parte da trama que não cai nos julgamentos morais simplistas e dá ao trio protagonista a chance de ser injusto, inconstante e, por vezes, egoísta. Afinal, nós todos não somos assim?

De certa forma, A Vida da Gente segue muito atual. Embora tenha um verniz de novelão clássico, a trama de Lícia Manzo também é um registro coerente das mudanças familiares após a virada do século. Se a partir de 2007 o divórcio se tornou possível sem uma disputa judicial e facilitou o fim de uniões fadadas ao fracasso, milhares de casais chegaram ao fim para que outros pudessem surgir. É essa nova realidade que permitiu o casamento entre Eva (Ana Beatriz Nogueira) e Jonas (Paulo Betti), união que existe enquanto há amor, respeito e interesse e que deixam de existir sem o peso de outrora. 

Em seus 137 capítulos, a autora desenvolve uma trama que rendeu algumas das melhores cenas da história recente das telenovelas. Como esquecer da cena de oito minutos em que as irmãs expõem suas mágoas e confessam suas fragilidades? Ou do exato momento em que Ana descobre que sua filha foi criada pela irmã?

As uniões que se constroem, são destruídas e ressurgem ressignificadas tornam A Vida da Gente uma novela que prende, emociona e surpreende.