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Wanessa Camargo desabafa "Nunca deixe que seus créditos sejam tirados de você"

A cantora usou suas redes sociais no Dia Internacional da Mulher para relembrar episódios machistas que viveu

Redação Contigo! Publicado em 08/03/2017, às 22h15 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Wanessa Camargo - Roberto Filho/Brazil News
Wanessa Camargo - Roberto Filho/Brazil News
Wanessa Camargo aproveitou o Dia Internacional da Mulher para abrir o coração em sua página no Facebook e desabafar sobre episódios machistas que viveu e nunca havia compartilhado antes. A cantora revelou que era acusada de se apoiar no sucesso do pai para ter um nome forte no início da carreira, depois foi pintada como rival de outras jovens cantoras, como Sandy. Wanessa ainda falou sobre como a mídia expôs seus relacionamentos sem consentimento e ainda tentou creditar seu sucesso ao seu marido, Marcus Buaiz. Por fim, fez um apelo para que todas as mulheres sejam protagonistas de suas próprias histórias e se apoiem incondicionalmente.

Leia na íntegra:

"Quanto mais amadureço, mais eu paro para pensar no que é ser uma mulher. Por algumas vezes, o fato de ser uma e sempre ter os créditos tirados de mim é muito desmotivador – mas através da força de outras mulheres, eu tento prosperar.
Quando comecei a trabalhar, aos 17 anos, foi a primeira vez de fato que eu me senti ofendida como uma mulher; a primeira vez que eu fui afetada pelo machismo. Claro que eu estive em uma posição de privilégio, mas eu era uma adolescente abdicando de uma juventude para seguir uma carreira ao qual era o meu sonho. Mas quando aquela menina despontou para o sucesso, todo o seu trabalho árduo e diário foram colocados nos ombros de um homem – na época, o meu pai. “Ela faz sucesso por causa do pai”, “Se não fosse ele, ela não teria uma carreira”.
Por muitos anos, questionei se isso era verdade. Mesmo assim, eu estava tão feliz por fazer o que eu amava. A rotina sempre foi tão cansativa e exaustiva, mas eu amava.
Eu tinha colegas mulheres de trabalho que estavam na mesma vida que a minha, então eu sempre olhava para elas e assim sofrer menos com o que falavam, eu pensava nelas como minhas parceiras, colegas, amigas – mas logo deram um jeito de, midiaticamente, me colocar contra algumas destas outras mulheres. Por qual motivo nós tínhamos que ser concorrentes?
Eu as admirava tanto! Por causa disso, fui me distanciando das pessoas que eu admirava e queria por perto – eu senti medo, receio. Talvez, sem perceber, acreditei mais uma vez que fosse verdade. Eu não percebia, mas fui me tornando uma mulher mais insegura, deprimida.
Enfim, com muito trabalho árduo e praticamente “perdendo” os meus dias para focar no meu trabalho e em minha carreira, consegui alguns contratos muito bons que me trouxeram independência. Como é bom ser uma mulher independente!
Então, de repente, a Wanessa Camargo virou a “namoradeira” favorita da mídia. Eu tive a minha privacidade arrancada de mim e estampada nas capas de todas as revistas do país, quase sempre. E por causa de uma delas, eu perdi um contrato ao qual eu trabalhei tanto para conseguir. Em 2003, fui a “pessoa pública” que mais saiu em capas de revistas no Brasil – na época, superando a Xuxa. O que seria uma comemoração para muitos, foi algo tão triste pra mim. A grande maioria do que saia na época me feria como pessoa e como mulher. Externamente eu me via obrigada a celebrar, mas por dentro eu estava gritando. O que eu poderia fazer? Não desfrutar da minha juventude? Mesmo assim, me senti objetivada.
Segui em frente. Mas, sim, além de insegura e deprimida, eu me fechei – sem perceber. Por dois anos eu quase não sai de casa. Os anos se passaram e eles perceberam que meus discos continuavam a vender e não era por causa do meu pai, então as pessoas tiveram que trocar o protagonista. Por muito tempo, o meu sucesso foi ligado também ao meu marido.
Enfim... o que eu quero dizer com algumas dessas histórias é que é claro que todos esses envolvidos sempre estiveram ao meu lado, mas o que a sociedade evita é ver e dizer que nós mulheres trabalhamos e somos as protagonistas de nossas próprias vidas, nossas ações, nossas realizações. Eu trabalho desde os meus 17 anos. Eu perdi e perco noites pelo meu trabalho.
Eu crio. Eu negocio. Eu faço acontecer – assim como qualquer homem. O meu trabalho e o meu sucesso aconteceu e acontece por minha causa. Eu não sou a mulher maravilha, mas eu tenho o meu valor. Se eu pudesse enviar uma mensagem para a minha antiga eu, eu diria para ser forte e gritar alto diante de todo o machismo que apareceria em seu caminho.
Isso é um pouco da minha vivência, e eu tenho a consciência de que mulheres ao redor do mundo passam por desafios muito maiores e ainda mais traumatizantes. Por isso, eu queria dizer para todas elas, neste nosso dia, para aumentarem suas vozes - sempre. Nunca deixem que os seus créditos sejam tirados de vocês – independentemente se estiverem cercadas por homens ou se o mundo as silenciarem.
Em nossa forma, somos únicas. Juntas, somos gigantes.
Com carinho e amor, sempre Wanessa."