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Zélia Duncan comanda o musical Alegria Alegria

O espetáculo faz uma homenagem a um dos movimentos culturais mais importantes do Brasil, a Tropicália, em forma de musical. E a cantora é quem conduz o público pela história e canções de vários compositores consagrados, como Caetano Veloso

Por Tainá Goulart Publicado em 07/07/2017, às 20h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Confira o que rola nos bastidores do musical Alegria Alegria - Fotos: Paulo Santos
Confira o que rola nos bastidores do musical Alegria Alegria - Fotos: Paulo Santos
As fitas do senhor do Bonfim, souvenir e amuleto tradicionais de Salvador, capital da Bahia, se espalham pelo chão do Teatro Santander, em São Paulo. O colorido do acessório transforma os corredores, cheios de concentração por todos os lados, e anuncia que Zélia Duncan, 52 anos, já esteve ali... Ou melhor, passou correndo em direção aos palcos, para estrelar o musical Alegria Alegria, que tem o tropicalismo, movimento cultural brasileiro que completa 50 anos, como fonte de inspiração. “É uma correria imensa, em um lugar tão novo para mim. As fitinhas se espalham e eu fico muito feliz em ver esse trabalho sendo apresentado. Foram dois meses de ensaio intensos, com criação, suor e muita emoção para gerar essa matéria prima, criada pelo Moacyr (Goes, 55, quem assina o roteiro e a direção). Fiquei surpresa ao ser convidada por ele para participar do meu primeiro musical. Nós nos conhecemos há anos, fui sua aluna na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), no Rio, mas nunca havíamos trabalhado juntos. O momento foi perfeito!”, celebra ela, que garante ter participado de todo o processo, ao lado do elenco formado por 13 atores. 

Fábio Namatame foi o responsável pela criação das cerca de 170 peças usadas no musical. Há um jogo de ‘esconde e mostra’ em cada número, como acima, no qual as roupas coloridas eram todas cinzas. “Nada mais justo do que misturar tecidos, cores e referências em uma única peça”, diz o figurinista 

Tropicália na mamadeira
Durante o aquecimento, a cantora participa das selfies dos colegas, faz os exercícios de relaxamento muscular e escuta atenta às conversas que estão rolando nos camarins. “Para mim, o maior desafio foi juntar o papel de cantora e o de atriz em um único espetáculo. A gente pensa que vai dar errado, mas seguimos mesmo assim porque existe um instinto de artista e sabemos que tudo está nas nossas mãos para fazer acontecer. No dia da estreia, eu só conseguia pensar: Por que eu vim parar aqui (risos)?”, brinca. Essa pergunta, na realidade, é facilmente respondida por qualquer um na plateia, que a assiste conduzir com maestria o texto sobre o movimento criado na década de 1960 pelo grupo de músicos liderado por Caetano Veloso, 74, e Gilberto Gil, 74. “Eu nasci em 1964 e a Tropicália estava na minha mamadeira, na minha formação como artista e no meu destino. Ela está no sangue, em forma de mistura, de ter sempre uma porta aberta e de não ter medo de inovar. Depois que aquele grupo incrível chegou no Brasil, as sonoridades e atitudes jamais foram as mesmas”, reflete ela, que, em um determinado momento da montagem, desce por um cano parecido com os que os bombeiros utilizam em seus quartéis. “É uma loucura!”, diverte-se. 

Antes de colocar o figurino com fitas do Senhor do Bonfim, a cantora finaliza a maquiagem. “Fica mais difícil ter movimentos 
com tanto volume”, brinca

Dona de duas carreiras
Apesar do volume de trabalho ter aumentado, Zélia não deixou a carreira de cantora e também não descarta a possibilidade de fazer novos musicais. “Certamente farei! Se aparecerem boas causas, eu estarei atenta e pronta para aprender e contribuir no que puder. Tento levar a música e essa novidade do teatro musical tudo ao mesmo tempo. O legal é que estar no espetáculo, com tanta gente jovem e com músicos incríveis, me deixa inspirada para compor. Em 2018, eu pretendo lançar um disco com inéditas e, atualmente, estou trabalhando com o Jaques Morelenbaum (63, maestro e produtor musical) em um álbum para este ano. Vamos gravar só voz e cello, com canções lindas do Milton Nascimento, será lançado em setembro”, conta ela, que fez uma pausa dos palcos por conta de uma viagem já prevista. Ela está sendo substituída pela atriz Laila Garin, 39, e deve retornar para a sessão de quinta-feira (29).