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Bruna Caram: Uma contradição em forma de mulher

O mundo obscuro da minissérie Dois Irmãos (Globo), baseada na obra de Milton Hatoum, entrou com tudo na vida solar da atriz, que estreia na TV depois de consolidar sua carreira na música

Por Tainá Goulart / Fotos Rogério Pallatta Publicado em 24/12/2016, às 17h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Bruna Caram será Rânia em Dois Irmãos - Fotos: Rogério Pallatta e Reprodução Instagram
Bruna Caram será Rânia em Dois Irmãos - Fotos: Rogério Pallatta e Reprodução Instagram
Do fim de 2014 para cá, Bruna Caram passou pelas nuances de um paradoxo particular. É como se fosse uma luta do claro contra o escuro, talvez, das mais clichês possíveis. Depois de uma carreira de quase dez anos, consolidada com três álbuns bem recebidos pelo público, originados de uma alma solar e sorridente, como costuma dizer, a cantora decidiu se jogar em uma oportunidade um tanto inusitada. De repente, caía em seu colo a chance de interpretar uma mulher rancorosa e sempre atrás de frestas, além de contracenar com grandes nomes da dramaturgia brasileira, na minissérie Dois Irmãos (Globo), baseada na obra homônima do escritor Milton Hatoum, que estreia em 9 de janeiro. “Estava eu respondendo às mensagens da minha página no Facebook, eis que me surge um recado de um produtor de elenco, que tinha visto meus vídeos no YouTube, me chamando para um teste, sem citar nome nenhum. Enviei meu e-mail e perguntei se poderia explicar mais sobre esse trabalho. Tempos depois, ele me respondeu com a data do teste marcada e queria meu telefone. Na hora, dei muita risada e achei que era trote de fã, para pegar meu número. Sabe quando dá uma desanimada? Então, essa era a minha situação!”, relembra Bruna. Papo vai, papo vem, ela descobriu que a tal oportunidade era para fazer Rânia, filha de Antônio Fagundes e Eliane Giardini, sob a direção de Luiz Fernando Carvalho. “Quando pesquisei sobre o Luiz na internet, logo após aceitar fazer o teste, eu comecei a chorar. Falava: ‘Deus, você está passando esse trabalho de bandeja pra mim?’ Mesmo fazendo de tudo para que não desse certo (risos), a vida tratou de ajudar.” 

Bruna com o elenco de Dois Irmãos

Parceria imediata
E, claro, tudo ajudou. Nos três meses de preparação, em 2014, e durante as gravações no ano seguinte, Bruna estava tranquila na agenda de shows e conseguiu se dedicar ao extremo à sua nova personagem. “Sou uma mulher que não consegue ficar séria por muito tempo. Imagine fazer uma pessoa carrancuda, silenciosa, que só ouve! Foi mágico não ser eu por um tempo, quando vi fotos dos ensaios, não me reconheci. Tive a sorte de trabalhar com pessoas incríveis, como a Eliane que virou minha mãe na vida real. O Cauã (Reymond, seu irmão na trama) com aquele talento imenso e o Irandhir (Santos, com quem contracenou bastante no fim das gravações), que se tornou meu irmão. Escrevia bilhetinhos para ele e a resposta era quase imediata. Foi um mergulho intenso, não tive medo de ser das trevas”, brinca.

A atriz e cantora com a sanfona Severina no colo!

Sopros de coragem
Das novas experiências que o papel proporcionou, talvez a mais solar delas seja o disco Multialma, que Bruna começou a produzir logo depois do fim das gravações da minissérie. “Foi uma espécie de cura para a depressão pós-Luiz Fernando Carvalho! Fiquei muito triste quando tudo acabou e começar a compor efetivamente e fazer com que as minhas músicas fossem para o disco novo foi uma terapia. Eu preciso de qualquer arte para respirar. Se não estiver escrevendo, eu vou compor, se não rolar teatro, eu vou dar aulas de canto. É a primeira vez que faço um trabalho autoral, pensei ‘se consigo fazer um trabalho com aquele diretor maravilhoso, posso cantar as letras escritas por mim e tocar todos os instrumentos. Uma lufada de coragem”, revela ela, que teve a parceria de Roberta Sá e Chico César, no quarto álbum da carreira. Além desses nomes consagrados, Bruna contou com a ajuda de Djavan, que lhe deu bons conselhos como padrinho. “Ele me disse para compor várias músicas feias até eu fazer uma bonita. E para eu aprender a tocar tudo, para poder conversar com mais propriedade com meus músicos e isso fez toda a diferença. Aprendi com vídeos na internet a tocar a Severina, a sanfona que meu avô me deu pouco antes de dormir, voltei a tocar piano, violão e tudo está lá nesse trabalho, refletindo a minha alma multiartística. Eu entendi que não preciso ser genial em tudo. Posso ser despretensiosa e ser ainda mais feliz!”