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Ativista vegana e pela diversidade, ex-BBB Hana Khalil reivindica título de ‘militante chata’: “Essa é minha função”

Em uma conversa com a CONTIGO!, a influenciadora rebateu críticas por seu trabalho de conscientização sobre pautas sociais na web

Matheus Aguiar Publicado em 05/07/2021, às 12h10

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Ativista vegana e pela diversidade, ex-BBB Hana Khalil reivindica título de ‘militante chata’: “Essa é minha função” - Reprodução/Instagram
Ativista vegana e pela diversidade, ex-BBB Hana Khalil reivindica título de ‘militante chata’: “Essa é minha função” - Reprodução/Instagram

Desde sua participação no Big Brother Brasil 19, Hana Khalil traçou sua carreira rente às lutas da qual faz parte e até hoje segue nessa área fielmente. Ativista vegana e LGBTQIA+, a influenciadora produz conteúdo de conscientização sobre essas pautas nas redes sociais, onde adquiriu uma grande influência – já são quase 3 milhões de seguidores.

Muitas vezes considerada a ‘chata militante’ por seu incansável trabalho de politização, a ex-BBB reivindicou o título para si mesma. Em uma conversa com a CONTIGO!, ela explica que entende as críticas desse tipo como um reconhecimento de que está no caminho certo.

Sim, eu já fui considerada chata, eu sou considerada chata e talvez eu seja um pouco, mas essa é a minha função, sabe? Esse é o meu jeito de movimentar as coisas, e não tem como você movimentar coisas sem ser chata, porque você precisa expor lugares e apresentar não só hábitos, mas pensamentos, ideologias, atitudes e milhões de outras ações humanas que as pessoas se identificam dentro desse lugar e elas repelem. Incomoda, mesmo. Incomoda saber que você pode ter alguma coisa para mudar”, afirmou.

Ela, que é bissexual assumida, constantemente toca no ‘ponto fraco’ da LGBTfobia estrutural. Em junho, no Mês do Orgulho LGBTQIA+, a carioca chegou a viralizar nas redes sociais ao refutar a falácia “não gosto, mas respeito”, comumente difundida como uma forma de ‘tolerância’ à comunidade – mas ela discorda e explica o porquê.

Muita gente aparece para reivindicar o direito de poder ‘não gostar’. Quando você olha e discorda de uma pessoa porque ela é LGBT, ela vira alvo dos seus princípios, ela vira um alvo da sociedade. Esses princípios, que as pessoas fundamentam de não gostar de LGBT, não tem outro caminho, senão LGBTfobia. Não existe outro nome, essas pessoas morrem, violentadas e assassinadas por esse motivo”, disparou.

Seu trabalho ‘militante’ com a internet é milimetricamente pensado para incentivar o pensamento crítico de quem esbarra com seus conteúdos. O que tem dado certo. “Tem gente de todos os tipos vendo os meus conteúdos, por isso que aparece bolsonarista, pessoas religiosas, pessoas do agronegócio, é porque meu público é muito amplo. [...] A minha missão não é a pessoa olhar e se identificar comigo, mas é penetrar na cabeça dela de uma forma que ela não vai esquecer do que eu estou falando. É muito importante deixar certos assuntos ecoarem na cabeça das pessoas”, finalizou.

Confira a entrevista na íntegra:

Hana, além de ser ativista vegana, você também é bem conhecida por defender e fazer parte da comunidade LGBTQIA+. Inclusive, por muitas vezes já foi considerada ‘chata’ por trazer essas pautas e conversar sobre as necessidades desses grupos. Como você avalia isso?

Sim, eu já fui considerada chata, eu sou considerada chata e talvez eu seja um pouco, mas essa é a minha função, sabe? Esse é o meu jeito de movimentar as coisas e não tem como você movimentar coisas sem ser chata, porque você precisa expor lugares e apresentar não só hábitos, mas pensamentos, ideologias, atitudes e milhões de outras ações humanas que as pessoas se identificam dentro desse lugar e elas repelem. Incomoda mesmo, incomoda saber que você pode ter alguma coisa para mudar. Eu gosto de ver as coisas que eu faço de errado e mudar. Eu gosto de ver o erro assim, sabe? Não erro, mas atitudes que não nos movem para frente nem nós mesmos, nem a humanidade. Eu entendo como é chato, porque nós somos humanos, o ser humano tem dificuldade com o próprio ego, de admitir e lidar com pontos que podem ser fracos em certos lugares. O ser humano tem dificuldade de aceitar que precisa mudar, renovar, ressignificar, reconsiderar. A gente tem que mudar essa comodidade e passar a naturalizar movimentos como: mude, pense, repense.  Acho que isso incomoda muito as pessoas, porque as pessoas são acomodadas. Eu sou, todo mundo é. Então, é inevitável que isso aconteça.

Aproveitando o fim do Mês do Orgulho LGBTQIA+: como você, bissexual assumida, avalia a falta de visibilidade e deslegitimação da letra B dentro e fora da comunidade?

A falta de visibilidade dos bissexuais é muito constante. Não é a letra que mais sofre, mas é a letra que mais é apagada. É uma letra que não é legitimada como uma sexualidade, não só por pessoas cisgênero e héteros e tal, mas pela própria comunidade LGBT, que insiste em também unificar certas coisas. A gente sempre relativiza essas pessoas. Qando é um homem bissexual, a gente fala que ele, na verdade, é gay, e quando é uma mulher, a gente fala que ela só fala isso para chamar atenção. Então, é um apagamento muito grande.

Inclusive, no mês passado, seu vídeo “NÃO GOSTO, MAS RESPEITO” viralizou nas redes sociais e traz outra perspectiva a respeito de uma falácia comum sobre pessoas LGBTQIA+. Para você, o que é, de fato, dar esse respeito?

Eu acho que respeitar uma pessoa LGBT é entender - de acordo com fatores históricos - o que, de fato, pessoas LGBTs são. O que elas significam para a sociedade.

Muita gente aparece para reivindicar o direito de poder ‘não gostar’. Quando você olha e discorda de uma pessoa porque ela é LGBT, ela vira alvo dos seus princípios, ela vira um alvo da sociedade. Esses princípios, que as pessoas fundamentam de não gostar de LGBT, não tem outro caminho, senão LGBTfobia. Não existe outro nome, essas pessoas morrem, violentadas e assassinadas por esse motivo. Um LGBT morre a cada vinte e cinco horas no Brasil. E não é porque existe uma ceita especial para isso, é porque existe esse mesmo pensamento de não gostar de LGBTs.

As pessoas não param para pensar que não tem como respeitar e não querer que essa pessoa exista, como, por exemplo, algumas explicações religiosas pregam. O não gostar já conecta com uma história imensa de massacre e mortes irreparáveis que a própria igreja fundamentou a respeito de LGBTs. Então, as pessoas LGBTs têm dificuldade de existir, de estarem vivas, por causa desse pensamento.

Por fim, qual é o recado que você pretende passar com o seu trabalho de conscientização – seja sobre pautas LGBTQIA+ ou não – nas redes sociais? Existe essa pressão por ‘representar’ a bandeira?

Tem pessoas que legitimam o como elas são opressoras. Elas, de fato, admitem como são e não vão mudar - nesses casos, a gente não tem muito o que fazer. E também existem certas pessoas que são influenciadas por isso. Eu digo isso, porque eu era uma dessas pessoas. Quando era criança e adolescente, por ter sido criada por uma família conservadora, eu não tinha opinião própria formada, era uma pessoa alienada. Eu via e ouvia os meus pais e as pessoas que estavam ao meu redor. Quando você cresce num ciclo de pessoas assim, você não se abre para escutar quem está de fora. Então, quando eu penso em uma pessoa com o alcance que eu tenho, eu vejo oportunidade de pensar no máximo de estratégias possíveis e argumento para criar o primeiro contato de algumas pessoas com uma face diferente do problema que elas vivem. Muitas pessoas não entendem o problema direito, ou estão repetindo uma mentira sem saber.

O trabalho de conscientização é basicamente trazer para o mainstream, lugar que eu garanti depois que a minha imagem circulou em vários círculos sociais, todos esses pontos. Esse meio faz com que certos assuntos tenham uma proporção muito maior do que se ficassem em uma mesma bolha. Então, quando eu olho pro meu público, eu vejo que eu não tenho um público nichado, tem gente de todos os tipos vendo os meus conteúdos, por isso que aparece bolsonarista, pessoas religiosas, pessoas do agronegócio, é porque meu público é muito amplo. Eu costumo dizer que o meu trabalho é alavancar consciências e penetrar bolhas. A minha missão não é a pessoa olhar e se identificar comigo, mas é penetrar na cabeça dela de uma forma que ela não vai esquecer do que eu estou falando. É muito importante deixar certos assuntos ecoarem na cabeça das pessoas. A abordagem, o texto, o modo no qual eu falo, tudo foi milimetricamente pensado para que a gente possa furar essas bolhas e ser, talvez, o primeiro contato de uma pessoa com uma outra posição.