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Miá Mello fala sobre maternidade em seu primeiro monólogo no teatro

Em conversa sincera, atriz abre o jogo sobre ser mãe de dois e os desafios de falar sobre isso no palco

Priscilla Comoti Publicado em 19/07/2019, às 11h12 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h47

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Miá Mello - Andre Wanderley
Miá Mello - Andre Wanderley

A atriz Miá Mello está de volta aos palcos e agora com um novo desafio: fazer o seu primeiro monólogo. No entanto, o desafio vai além por causa da temática da peça, que é sobre maternidade. 

Mãe de duas crianças - Nina, de 10 anos, e Antonio, de 2 anos -, ela coloca no palco a sua experiência e a de tantas outras mães ao falar sobre a jornada e os dilemas que envolvem criar um filho. A morena estreou no Rio de Janeiro a peça Mãe Fora da Caixa, que é inspirada na obra homônima de Thaís Vilarinho, e está orgulhosa com o resultado do trabalho de meses de estudo e preparação. 

Em conversa com a CONTIGO!, Miá Mello conta sobre o convite para a peça - que foi uma ideia do ator Pablo Sanábio -, a preparação e também sobre o seu jeito de ser mãe. Confira:

-Como surgiu o convite para a peça?

O convite veio através do Pablo Sanábio, que tinha adotado a Manuela e estava cheio de questões - assim como toda mãe e pai tem depois que o filho nasce -, no caso dele, que a filha chega. E aí ele achou um Instagram que mexeu demais com ele e viu que a Mãe Fora da Caixa, que é a Thaís Vilarinho, tinha escrito um livro e comprou. Ele devorou o livro e disse que só conseguia pensar em mim, que a gente tinha que fazer alguma coisa junto, de qualquer jeito! Apesar de querer falar sobre isso, ele disse que era muito o lugar da mãe ali naquele texto, né.

-Você pensou duas vezes antes de aceitar ou foi um ‘sim’ de cara? Em que momento surgiu o projeto para você?

Eu falei ‘sim’ até antes de ver o que era o Instagram, antes de comprar o livro, antes dele me ligar eu já tinha aceitado! [risos] Foi quase cósmico aceitar esse convite. Eu realmente acho que foi um convite muito especial, que está mudando a minha vida. Porque, além de eu estar faz tempo atrás de um projeto que mexesse comigo neste lugar que está mexendo essa peça, esse tema... Eu estava em um momento muito delicado da minha vida, onde eu estava com o Antonio, de dois anos, e a Nina, de 10, e o meu marido recebeu uma proposta super legal de trabalho em São Paulo. Em comum acordo, eu falei para ele: vai, que já já a gente te encontra. E eu estava sozinha com as crianças aqui no Rio. Ele vem todo final de semana, claro, mas confesso que é uma tarefa muito árdua, você não tem com quem dividir, ainda mais em um relacionamento como o meu, em que a gente é muito parceiro. Foi um vácuo emocional e físico, de ajuda mesmo, sabe? Ajuda, não, né! Eu brigo tanto para não falar ajuda na relação de pai e mãe, mas é isso, estamos lutando para mudar as nomenclaturas. É uma divisão mesmo!

-Como é falar de maternidade no palco sendo que está vivendo isso tão intensamente com dois filhos na vida real?

Eu acho que é tipo uma catarse. Dia sim e dia não acontecem coisas do tipo: eu estou falando o texto e começo a chorar. porque, cada coisa que acontece na minha vida, em algum momento, reverbera no que eu estou falando. Eu brinquei que, a partir de agora, eu só vou falar com frases da peça. Porque te juro que todos os dias tem uma frase da peça que encaixa no que eu estou passando. E somos todos pais e mãe aqui [na produção], a gente está sempre se acolhendo, lembrando do nosso papel, lembrando que não é tudo culpa nossa. Eu sinto que é uma catarse para mim poder falar disso, viver disso de forma tão intensa na minha vida real. Não tem fim esse assunto! Mas eu brinco que é maravilhoso, porque estou fazendo o laboratório full time.

-Você já conhecia o livro que inspirou a peça?

Não, eu não conhecia a Thais e nem o Mãe Fora da Caixa. E assim que eu comprei o livro, eu devorei! E eu comecei a perceber um monte de coisas no livro que vinha da minha percepção da minha maternidade, e isso que eu achei tão legal deste livro, sabe? Brotava ideias e coisas da minha vida enquanto estava lendo a história da vida dela. Acho que ela traz muito isso no Instagram dela e na forma como apresenta os textos. Ela abre o espaço para você sentir a sua maternidade ali com ela. Isso foi o que eu mais gostei do livro dela.

-Você fez alguma preparação para a peça?

Eu estou fazendo um trabalho muito intenso de ensaios com preparadora vocal e com diretora de movimento. A ideia era ensaiar só no horário da creche do Antonio, mas, rapidamente, os ensaios passaram a ser das 10h30 às 19h30, às vezes até mais. Todos os dias, tirando o domingo. Então a gente está em um trabalho bem intenso para essa peça.

-Para você, é fácil fazer um monólogo? 

Realmente é o meu primeiro monólogo, um desafio imenso que eu sinto que só o trabalho vai me deixar preparada para o tamanho desse desafio. Mas o fato é que eu estou trabalhando muito, com pessoas muito preparadas e talentosas. Eu estou me sentindo muito preparada para o tamanho deste desafio. Eu estou muito orgulhosa deste meu processo, orgulhosa de mim, eu estou muito mais feliz do que com medo.

-Como a peça fala de maternidade, tem alguma situação da peça que te faz lembrar imediatamente de sua própria vida?

Em muitas situações eu me identifico. Quando eu comecei a fazer a peça, eu pensei em falar: 'essa não é a minha história, mas poderia ser'. Porque tem muita coisa ali que eu me identifico. Uma delas é sobre o amor incondicional. Assim que a minha filha nasceu, eu fiquei com uma sensação de 'eu amo, está legal, mas cadê aquele amor todo que ia chegar hoje, junto com o parto?'. E aí, aos poucos, eu fui entendendo que não é o amor que chega no dia que o filho nasce, o amor é uma construção. A Thais tem uma frase que eu acho muito bonita, que me marcou muito: acho que o amor é dado aos poucos de forma homeopática, porque, senão, o nosso corpo não seria capaz de assimilar tanto amor. Acho isso lindo! Eu achei isso muito próximo do que eu senti no nascimento da minha filha.

-Como é ser mãe de duas crianças?

Primeiro é muito orgulho, é uma alegria, um brilho. E falando tudo isso porque os dois estão viajando na casa da vovó! [risos] Se tivesse me perguntado isso na semana passada, talvez eu tivesse falado que era cabelo em pé, uma loucura! [risos] Brincadeira. Mas é dos dois jeitos, uma loucura e muito amor. Tenho muito orgulho dos meus filhos, eles são muito especiais, muito saudáveis. E ao mesmo tempo dá um trabalho gigantesco, porque tudo não é fácil. Educar não é fácil, é uma das tarefas mais difíceis que tem, porque é por muito tempo e não é uma coisa que você não vê resultados imediatos. Com a Nina, eu vejo como as coisas fazem efeito, você está plantando uma sementinha e as coisas surtem efeito com o tempo. Então educar é uma tarefa de muita responsabilidade, você está colocando um ser humano no mundo. E ao mesmo tempo é muito especial, é uma mistura de muitos sentimentos.

-Era um sonho pra você ser mãe?

Você acredita que nunca foi meu sonho ser mãe? Mas assim, nunca foi meu sonho ser mãe porque eu nunca brinquei muito de boneca, não tinha a pira da casinha, eu era mais física, vivia na cola da minha irmã que era atleta. Eu estava sempre fazendo coisas físicas. Nunca fui a pessoa que tinha o sonho de casar, ter filhos. Eu até era aquela pessoa que falava que não quero namorar e estava sempre namorando. Eu ia de um relacionamento sério pro outro. [risos] E aí casei, tive a Nina e depois o Antonio, e nunca, em momento algum, nem nas maiores dificuldades que eu possa ter tido com as crianças, eu me imaginei não sendo mãe. Olha que louco isso! Claro que tem momento que você fala: nossa, que difícil com filho, né?! E é isso. Foi de nunca sonhei para nunca sonharia viver mais sem eles.

-Você é uma mãe ativa e sempre trabalhou com os filhos pequenos. Como é conciliar o trabalho com a família?

Realmente eu tive uma maternidade muito ativa. Eu trabalhei bastante e sempre. Eu lembro que quando eu estava grávida da Nina, o meu médico, que era amigo da família, foi na última apresentação dos Desnecessários para falar: Gente, a Miá não volta mais!. Porque eu estava com oito meses e mais um pouco. Eu voltei a trabalhar super cedo. E o mesmo com o Antonio, e com ele fiz uma coisa até maior, porque eu entrei em uma turnê mesmo, todo final de semana durante seis meses, com ele muito pequenininho, dos dois aos oito meses de vida. Eu analiso hoje e não sei como consegui fazer isso, sinceramente. São coisas que a gente faz e depois olha pra trás e pensa: Meu Deus do Céu, como é que eu consegui fazer isso. Eu não consigo acreditar que eu fiz isso. Eu tenho a teoria que a mãe boa é a mãe feliz, a mãe triste é mais difícil de ser íntegra, no sentido de estar inteira, é muito difícil você estar triste e ser inteira. Porque eu sei, eu fico triste também. Então eu tenho a sensação de que a mãe boa é a mãe feliz. ​

Serviço da peça Mãe Fora da Caixa:

Temporada: 12 de julho a 8 de setembro 
Sexta e Sábado - às 21h00
Domingo - às 20h00

Local: Teatro Fashion Mall 
Estrada da Gávea, 899 - loja 213 - Rio de Janeiro/ RJ

Ingressos: R$ 80 (inteira) R$ 40 (meia)
Classificação etária: Livre
Venda de ingressos na bilheteria de terça a domingo, das 15h às 21h

Texto: Cláudia Gomes. 
Direção: Joana Lebreiro 
Figurino: Bruno Perlatto