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Mariana Ferrão faz relato emocionante sobre as vítimas de Brumadinho

Jornalista conta histórias que ouviu após a tragédia: 'Ainda vamos chorar muito'

Redação Contigo! Publicado em 01/02/2019, às 16h45 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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Mariana Ferrão - Reprodução / Instagram
Mariana Ferrão - Reprodução / Instagram

A apresentadora Mariana Ferrão viu de perto a dor das famílias das vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho. Correspondênte do programa Bem-Estar em Minas Gerais, ela fez um relato emocionante sobre tudo o que viu por lá.

Em suas redes sociais, ela contou sobre os sentimentos das pessoas que encontrou.

"As camadas de dor são tantas e, muitas ainda estão escondidas sobre toneladas de lama. No sábado, havia uma angústia esperançosa no ar: centenas de pessoas achavam que iam encontrar seus parentes e amigos vivos. No céu a lua começava a minguar. E foi minguando, assim como a esperança de cada um, a cada dia. Os olhares atentos a qualquer movimentação foram dando lugar às pálpebras quase fechadas mirando o chão", disse ela, que continuou:

"Gente querendo desviar da própria dor. Mas a dor veio em enxurrada, em avalanche. A lama em lava de vulcão queimando sonhos, destruindo famílias inteiras. O que dizer numa hora desta? Dei abraços, troquei olhares. Gravei entrevistas. E outras não tive coragem de gravar porque, pra mim, naquele sofrimento, não cabia câmera. Só registro no coração"

Então Mariana contou a história de uma família que perdeu pessoas na lama. "Ontem conheci o seu Edson. Engenheiro geólogo que trabalhou muito tempo na Vale: “o que eu construí em 30 anos com a ajuda da empresa, a própria empresa me tirou em um segundo.” O Edson estava com roupa emprestada. A única coisa que sobrou da casa em que ele morava foram 11 corpos entre os escombros. Um era o da esposa. Ela avisou o jardineiro, que conseguiu fugir junto com a cozinheira, mas a esposa do Edson voltou para pegar o cachorro. Seu corpo foi encontrado com o cão nos braços. “História. Foi tudo que restou.”, ele me disse. E eu disse pra muita gente que um jeito de não deixar ninguém morrer é carregar pra sempre estas histórias no coração"

A jornalista relatou uma história de vítima. "A [dor] do Leo também vai comigo. A esposa dele, Daiana, voltou de licença maternidade no dia do rompimento da barragem. Na hora do almoço fez uma ligação de vídeo para o filhinho de 4 meses, o Heitor: “espera a mamãe pra te dar banho”. Conheci o Heitor dois dias depois na porta do IML coletando DNA para ajudar na identificação do corpo da mãe. Enquanto conversava com o Leo, caí no choro e uma enfermeira voluntária que também trabalhou no desastre da Samarco, veio me dizer: “A tragédia me ensinou que mais importante do que identificar sinais vitais é a gente perceber o quanto está doente quem não sente a dor do outro. Então chora, chora que faz bem”"

Para finalizar, a apresentadora afirmou: "Ainda vamos chorar muito. Mas o grande esforço é amar mais. Mais e mais. Os que ficaram e os que foram. Porque saudade é alguém que mora dentro da gente. E eu já tô com saudade de um bocado de gente de Brumadinho."