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Jacqueline Sato defende personagens mais complexos: ''A realidade não é feita de padrões únicos''

Aos 30 anos, atriz viaja para aprimorar suas técnicas e comemora melhor ano na carreira

Gustavo Assumpção Publicado em 10/04/2019, às 13h14 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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''Somos complexos, temos muitas camadas, cores e nuances'', diz Jaqueline Sato - Divulgação
''Somos complexos, temos muitas camadas, cores e nuances'', diz Jaqueline Sato - Divulgação

Nas últimas semanas a atriz Jacqueline Sato viveu momentos de transformação. Aos 30 anos e após um papel de destaque na novela Orgulho e Paixão, ela viajou para Los Angeles e se jogou em cursos de formação. Por lá, conheceu novos métodos de atuação e viveu experiências que enriqueceram seu repertório.

"É muito bom quando você se surpreende consigo mesma. É uma prova de que sim você pode mais", avalia ela que viajou na companhia do namorado, o diretor de cinema Rodrigo Bernardo. "Somos parceiros pra tudo", diz ao avaliar a relação com o talentoso cineasta que conheceu durante as filmagens do longa Talvez Uma História de Amor.

Na correria, Jacqueline conseguiu um tempinho para responder algumas perguntas enviadas por e-mail por CONTIGO! e abre o jogo sobre a carreira, os desafios profissionais e também sobre os estereótipos. "Somos complexos, temos muitas camadas, cores e nuances", diz ela que elogia a busca por mais representatividade.

CONTIGO! Jacqueline, você passou este período investindo em sua formação. Como foi participar de um curso que já revelou grandes astros do cinema? Como você avalia este período?

Ainda estou investindo e pretendo continuar investindo em estudo sempre. Pra mim não há melhor investimento. Através deste tempo dedicado à minha própria investigação e exploração como atriz, de novas técnicas, e novas formas de executar o meu ofício sinto que cresço e amplio minhas possibilidades. E agora, estar estudando com os mesmos professores de profissionais que admiro tanto é um privilégio que agradeço todos os dias.  Aqui os obstáculos são grandes, fora a língua, as abordagens são bem diferentes. Tem sido uma experiência realmente engrandecedora. Os professores sempre nos instigam a ir além, além do conhecido, além daquilo que já temos conhecimento ou prática e, ao mesmo tempo que é fascinante, é um desafio  que traz um prazer sem igual quando superado. E assim tem sido cada dia por aqui. Tenho superado minhas próprias expectativas. É muito bom quando você se surpreende consigo mesma. É uma prova de que sim você pode mais. E todos os cursos que fiz aqui confirmam que quanto mais você se conhece maior a gama de papéis que poderá interpretar, e claro, com mais profundidade. Então posso dizer que tem sido um período de autoconhecimento extremamente estimulado por estas novas técnicas, que tem me ajudado a olhar mais pra dentro de mim e confiar nos meus instintos, tem me ensinado a usar ainda mais minhas dores e inseguranças a favor do meu trabalho.


CONTIGO! 2018 foi um ano especial para você, atuou em seriados e em uma trama global. O que você espera de 2019, já tem algo engatilhado?

Sem duvida 2018 foi o meu melhor ano profissional. Foi o ano de estreia do meu primeiro longa-metragem como atriz com o "Talvez uma História de Amor", o ano da minha primeira protagonista em uma série que estreou em toda a América Latina com “(Des)encontros" (SONY), e o ano da minha primeira novela de época com “Orgulho e Paixão". Realizei muitos sonhos num ano só, e sou muito grata. Sempre quis atuar em todas as modalidades que um ator pode atuar: Teatro, Cinema e TV. E pretendo fazer ainda mais em 2019. É por isto que resolvi dedicar esta primeira parte do ano em me aperfeiçoar, em me preparar ainda mais para as próximas oportunidades. Já fui convidada para dois longas, num deles para uma protagonista bem diferente de tudo que já fiz como atriz. Estou empolgadíssima com este desafio. 


CONTIGO! Você atua, canta, apresenta. É importante nos tempos atuais ter múltiplos talentos? Como você consegue focar dominando tantos espectros?

Acho que é importante seguir suas vontades. Não acho válido se forçar a fazer algo que não gosta só para ser multitalento. Comigo foi algo natural, sempre tive vontade e curiosidade de explorar estas diferentes áreas. Tenho essa necessidade de me experimentar e me expressar através das diferentes formas de arte e comunicação. Por serem coisas que sempre me chamaram eu fui as desenvolvendo paralelamente, sem nunca sentir que uma poderia desviar da outra, ou me desfocar. Pelo contrário, sempre senti que uma complementava a outra. Ser atriz me ajuda quando vou cantar, cantar me ajuda como atriz por ter mais domínio vocal e poder experimentar minha voz  de formas diferentes para determinados personagens, ou permite que eu dê vida a alguma personagem que seja cantora,  e o domínio como apresentadora ajuda muito na hora das entrevistas, ou de lidar com o público, além de  ser algo que me ensinou bastante sobre mim. Enfim, acho que as formas de expressão se interligam e o conhecimento nunca é algo que pode atrapalhar, e sim ajudar.

CONTIGO! Nesse período de estudos você viajou ao lado do seu namorado, o Rodrigo Bernardo. Como é a relação entre vocês? Vocês gostam de dividir a vida profissional além da pessoal?

Somos parceiros pra tudo. Profissionalmente cada um tem seu caminho e objetivo, mas respeitamos e apoiamos um ao outro. 

CONTIGO! Por mim, como você avalia o espaço para atrizes de origem oriental na TV brasileira? Acredita que é necessário superar os estereótipos? Você se frustra de alguma forma ao ver que muitos talentos não conseguem espaço?

Acho que mundialmente este movimento de inclusão e de valorização da diversidade tem crescido, e com o Brasil não é diferente. Pois é o que as pessoas querem ver, elas se identificam mais quando veem um produto que espelha de uma forma mais fiel a realidade, que é múltipla, que tem diversas etnias, que não é feita de padrões únicos. Quando comecei lembro de não ver muitas atrizes orientais trabalhando, e claro que, por isto, me pareceu ainda mais difícil seguir esta carreira, pois sabia que os obstáculos e barreiras a serem vencidas seriam ainda maiores do que os de alguém que estivesse dentro de outros padrões, mas nem por isto desisti ou titubeei. Fui atrás de fazer o meu melhor, estudar e me preparar ao máximo para aproveitar bem as oportunidades que surgissem. Quanto aos estereótipos eu os vejo como personagens com tintas muito fortes de uma paleta simples, que nada se assemelha com seres humanos reais. Somos complexos, temos muitas camadas, cores e nuances. E acredito que interessa mais aos atores, e ao próprio público personagens ricos e interessantes. E é isso que busco nos personagens que faço, que eles sejam mais humanos o possível. Quanto à possíveis frustrações eu procuro sempre usar qualquer tipo de dificuldade como desafios a serem superados. E espero que com meu trabalho possa abrir cada vez mais portas, não só pra mim, mas para outras atrizes de diversas etnias.