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Espelho da Vida: Após início arrastado, novela acelerou ritmo e conquistou o público

Trama testou compreensão e paciência dos telespectadores, mas balanço final é positivo

Gustavo Assumpção Publicado em 01/04/2019, às 13h22 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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Espelho da Vida - TV Globo
Espelho da Vida - TV Globo

Quem acompanhou do início ao fim Espelho da Vida certamente viveu uma experiência pouco usual no horário das seis. A novela que chega ao fim nesta segunda-feira (1) fugiu dos caminhos fáceis e manteve os mistérios intactos até o último capítulo. A sensação geral é de mesmo que que a trama tenha patinado no início, a autora soube acelerar o ritmo e reconquistar aos poucos o público. A grande repercussão nas redes sociais, algo incomum para a faixa de horário, é prova irrefutável de que há o que ser comemorado.

Assim como aconteceu em Além do Tempo (2014), Elizabeth Jhin conseguiu propor uma trama que desafiou os atores. Se em seu trabalho anterior muitos viveram dois personagens, aqui houve algo ainda mais desafiador para o elenco: compor por vezes três papéis diferentes, muitas vezes repletos de nuances e sutilezas. É bem verdade que a direção de Pedro Vasconcellos pareceu insegura na parte inicial - era evidente que alguns dos atores estavam pouco confortáveis em seus trabalhos. Com o desenrolar da trama, o elenco deslanchou e a novela ganhou corpo e consistência com atuações seguras.

TRIO SEGUROU A BARRA

Não há como não elogiar o trio de protagonistas, que mostrou química. Sempre segura, Alinne Moraes construiu uma vilã que tentou se desvencilhar dos clichês habituais do horário e deixou dúvidas no telespectador até o final. Em seu segundo trabalho como protagonista, Vitoria Strada mostrou elegância e carisma, se credenciando ao título de nova queridinha da TV Globo. Por fim, João Vicente de Castro encheu a tela, mostrou uma segurança invejável, comprovando uma maturidade desconhecida pelo grande público. Ponto fora da curva é o mocinho vivido por Rafael Cardoso que não conseguiu ir além do que se esperava.

DESTAQUES ABSOLUTOS

Entre seus coadjuvantes, Espelho da Vida também mostrou que grandes atores pouco utilizados na TV merecem novas oportunidades. Thati Lopes, conhecida na web, brilhou como a divertida Josi. A excelente Luciana Paes soube divertir e emocionar. Kéfera Buchmann também se superou: vítima de críticas após ser anunciada no elenco, ela mostrou que sabe ir do drama ao humor escrachado e rendeu bons momentos para o público. Merece reaparecer em outras produções da emissora.

GRANDES DIVAS BRILHARAM

Condutora da trama, a personagem Margot, vivida magistralmente por Irene Ravache, foi uma grande oportunidade para contemplar o trabalho de uma atriz que sabe exatamente o que está fazendo. Vera Fischer, em um trabalho autorreferencial em que riu de si mesma, e Júlia Lemmertz, sempre certeira, embora aqui com menos espaço do que deveria, também merecem elogios.

FIM EM ALTA

Em seu sexto trabalho como autora principal, Elizabeth Jhin mostrou que não se contenta com o óbvio. É bem verdade que a autora errou ao propor um início exageradamente explicativo e arrastado, mas quando acelerou o ritmo viu a audiência responder a tempo, evitando o que poderia ser um fracasso. Ao fim, a novela ainda teve tempo para dialogar com temas atuais, com o feminicídio e os relacionamentos abusivos, e propor reflexões sem soar panfletária. Mais do que mera repetição, a autora mostra uma consistente evolução, se distanciando das tramas melosas e repletas de chavões do espiritismo para ressignificar seus usos à serviço daquilo que importa: contar uma boa história.