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TV / Crítica

Ambiente estéril e mensagem confusa: o que deu errado em 'Mestre do Sabor'?

Com audiência irregular, reality falhou em defender uma proposta ao longo da temporada

Leandro Fernandes Publicado em 27/12/2019, às 08h37

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Entenda cada etapa do 'Mestre do Sabor', com Claude Troisgros - Divulgação/Globo/Victor Pollak
Entenda cada etapa do 'Mestre do Sabor', com Claude Troisgros - Divulgação/Globo/Victor Pollak

Mestre do Sabor tinha tudo para ser um sucesso: contou com um apresentador carismático e caloroso, jurados afinados e com clima de parceria e chegou quando a concorrência já havia se desgastado.

Mas algo deu errado. O programa não conseguiu decolar na audiência e passou em branco nas redes sociais. Criticado pelo público que esperava uma versão do MasterChef e igualmente rejeitado por aqueles que apontam as semelhanças entre os realities, o programa não conseguiu ficar nem de um lado e nem de outro - em todos os sentidos.

Pensado e vendido como uma comemoração da culinária afetiva, familiar e pessoal, o programa apresentou uma outra coisa: um ambiente estéril cheio de tons metálicos e futuristas, que lembra mais um hospital tecnológico que uma cozinha familiar. A edição, um tanto elétrica, não deu espaço nem para os participantes se apresentarem e nem para os convidados mostrarem de fato porque estavam lá. Em vez de celebrar a culinária local e os produtores brasileiros, boa parte do programa ficou "refém" dos merchans, com marcas grandes sendo as estrelas dos pratos.

Outro ponto que gerou críticas foi o sotaque forte de Claude Troigros. O apresentador mostrou uma enorme tranquilidade no comando do reality, com desenvoltura e conseguiu até quebrar um pouco o tom gélido do programa, mas a aposta de que o público não se incomodaria com o sotaque francês do chef não foi tão acertada - e acabou sendo pontuada pelo público nas redes sociais.

A presença da plateia também confundiu os telespectadores, reforçando essa natureza "indecisa" do reality. O público super popular que provava colheres dos pratos e comentavam de maneira bem-humorada eram um choque na identidade do restante do programa. Até mesmo a trilha sonora contrastava com o que estava sendo mostrado: com guitarras de rock, o clima que era para ser mais ameno acabava parecendo tenso - embora não houvesse tanta tensão assim.

Sem abraçar as intrigas, perrengues e humilhações ao estilo do MasterChef e ao mesmo tempo sem ter o ambiente caloroso e divertido do BakeOff Brasil, Mestre do Sabor acabou num limbo que se refletiu nos números - ainda que o programa aparentemente tenha sido um sucesso comercial para a emissora, como a quantidade expressiva de merchans indica.

Se houver uma segunda temporada do reality, Boninho e a Globo precisam pensar em que tipo de programa querem produzir e se firmar no caminho escolhido, para evitar esse meio do caminho que não agrada a ninguém.