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“A consciência tranquila vale ouro”, afirma Leticia Tomazella

A intérprete da Arlete, de ‘As Aventuras de Poliana’, garante que jamais ultrapassaria limites éticos para conseguir um trabalho

Jorge Luiz Brasil Publicado em 27/12/2018, às 20h13 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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Letícia está adorando trabalhar para o público infantil - Divulgação Gustavo Arrais
Letícia está adorando trabalhar para o público infantil - Divulgação Gustavo Arrais

Cria dos palcos, Letícia Tomazella construiu uma carreira sólida no teatro, no qual, além de atuar, também, é autora e produtora de peças como Simples Cidade e Desgraça Alheia. Mas, diferente de muitos colegas com a mesma formação, nunca teve preconceito em relação à televisão. “Sempre gostei de atuar, onde quer que seja”, afirma ela, que participou das novelas Amor à Vida (2013 / Globo) e A Terra Prometida (2016 / Record TV), que está sendo reprisada, da série O Negócio (2014 / HBO) e, atualmente, brilha como a esfuziante Arlete, de As Aventuras de Poliana, no SBT. E a paulista, de 32 anos, admite que a experiência esteja sendo um divisor de águas em sua vida e carreira. “É importantíssimo ter uma programação voltada a esse público na TV aberta!”, comemora.

Como foi o processo de descoberta de que você gostaria de ser atriz. E lembra o momento exato em que você concluiu que essa realmente seria a sua profissão?
Desde criança, quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, eu respondia que seria atriz e escritora. Persisti! (risos). Só que eu morava numa cidade pequena (Monte Azul Paulista) bem longe das grandes capitais. Então eu sabia que só sairia quando fosse fazer faculdade. Então deixei Monte Azul, com 17 pra 18 anos, pra estudar Letras, mas já sabendo que procuraria um curso de teatro pra seguir carreira. Encontrei meu primeiro mestre de teatro, o Bhá Prince, e ele me preparou muito bem. Ali eu sabia que seguiria profissionalmente. Perto dos 20 anos. Mas já atuava desde pequena, no teatro amador.

Você cursou Letras e fez Mestrado em Teoria Literária e Teatro Brasileiro. Que tipo de alimento essa experiência trouxe para o seu ofício hoje?
Um conteúdo intelectual consistente e um gosto imenso pelo estudo. Isso, pra um ator, é fundamental. Eu converso bastante com atores mais jovens e sempre digo a eles que Instagram, festas etc... até podem fazer parte do nosso ofício, mas não são a base. Não sustentam uma carreira até a velhice. O estudo constante é ainda nosso principal trabalho. Por isso me orgulho de ter feito mestrado e me aprofundado um tanto no tema que escolhi.

Você também é autora e produtora teatral, como é essa experiência por trás da ribalta?
É que não dá pra fazer teatro no Brasil se não produzir os próprios projetos. E eu adoro escrever. Então amo realizar as minhas ideias, colocá-las em prática. Mas não é uma tarefa fácil. Demanda tempo, energia e MUITA paciência até você conseguir levantar um espetáculo. Cansa. Mas tem outro jeito? Quando você nasce pra fazer determinada coisa, tem que fazer. Penso assim. Não posso ser "pão dura" com meus próprios dons e sonhos.

O teatro foi sua base profissional. Em alguma momento titubeou em enveredar também para a televisão?
Sempre gostei de atuar, onde quer que seja. Eu sabia que faria televisão em algum momento. E gosto também. Mas acho que quem experimenta o palco sempre volta a ele, ao menos vez ou outra (risos).

Como a Liora, de A Terra Prometida

Você já passou pela Rede Globo, Record TV, HBO e, agora, está, no SBT. Sentiu alguma diferença artística no trabalho nessas quatro emissoras?
São casas diferentes. É como conhecer o cotidiano de diferentes famílias. Cada uma tem seus hábitos, regras, maneiras de viver. Eu realmente gostei de todas. Criei vínculos e fiz amizades em todas. Fui muito feliz com as obras que fiz na TV e com as pessoas que cruzaram meu caminho. Muito mesmo.

A Terra Prometida está sendo reprisada agora. Você gosta de se assistir? Se cobra muito?
Eu gosto de me assistir, embora, fique me criticando um tanto (risos). Acho que todo ator é assim. A gente fica pensando onde podia ter feito melhor... Mas acho saudável. Assim vamos sempre nos aprimorando. Eu gosto de assistir a Liora, minha personagem de A Terra Prometida. Ela é divertida!

Como é a relação com a suas personagens? Consegue se distanciar totalmente?
Mergulho bastante. Acho que só me distancio de fato quando o trabalho acaba. Mas consigo não misturar completamente... Há que se fortalecer bastante a psique pra muitas vezes não ser sugado pelo personagem, a depender de sua densidade.

Que tipo de vivência você guarda da Liora, de A Terra Prometida?
Seu lado alto astral e otimista. E da novela de modo geral, guardo as amizades que fiz e tudo o que aprendi lá dentro. Foi realmente especial.

Com Mylla Christie, numa cena de As Aventuras de Poliana

Arlete é uma personagem cômica de uma novela leve como As Aventuras de Poliana. Mas, mesmo assim, a produção infantil aborda temas importantes com superação de perda de pessoas queridas, o preconceito, a diferença social... Qual é a importância desse trabalho na sua carreira?
É um divisor de águas pra mim. Trabalhar com criança demanda muita responsabilidade e consciência. E, neste momento que sementes são plantadas, temos que saber bem o que plantamos no nosso público e também entre nós do elenco. É importantíssimo ter uma programação voltada a esse público na TV aberta!

O que podemos esperar da Arlete nos próximos capítulos?
A personagem realmente é uma caixinha de surpresas e passa por muitas situações diferentes. Apertem os cintos porque ela não veio pra brincadeira (risos)! E sem jamais perder aquele humor que a gente adora.

Que tipo de concessão você não faria por um trabalho?
Ultrapassar limites éticos... Não faria por trabalho algum. É importante a gente preservar os valores que nos formaram. A Clarice Niskier dizia que aprendeu com um mestre de tai chi algo essencial: quando sentir que está no furacão, volta pra base! Então se eu tenho uma base forte, que é minha essência e minha simplicidade, eu voltarei sempre a ela. Isso me garantirá nunca puxar tapete de ninguém e nunca furar a ética. A consciência tranquila vale ouro.

Na Argentina com o amado, Sérgio Rozeinblit

Como está sua vida fora trabalho? Dá tempo para namorar, o que você faz nos momentos de lazer?
Dá tempo de namorar, de ir ao teatro, cinema... É uma correria, mas é possível ter uma vida fora do trabalho. Nas horas de folga, adoro sair pra jantar com meu companheiro (o cineasta Sérgio Rozeinblit) e com amigos, ir ao cinema ou teatro e sair pra caminhar ou andar de bicicleta pela cidade.

Quais são seus projetos para 2019?
Tem coisa boa vindo por aí! Uma delas, no teatro. Em breve conto mais!

Para quem você gostaria de desejar um feliz ano novo?
Pro Brasil. Precisaremos mesmo de muita boa sorte.