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Por que é difícil de entender o que se fala nos filmes brasileiros?

Cineastas discutiram a dificuldade do áudio no cinema brasileiro; entenda

Leandro Fernandes Publicado em 13/07/2020, às 17h01 - Atualizado em 16/07/2020, às 13h20

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Twitter discute por que é difícil de entender o que se fala nos filmes brasileiros - Reprodução/Twitter
Twitter discute por que é difícil de entender o que se fala nos filmes brasileiros - Reprodução/Twitter

Uma discussão sobre cinema no Twitter levantou uma questão: o áudio dos filmes brasileiros é pior que os estrangeiros?

Uma usuária da rede social se queixou neste domingo (12) de não conseguir entender as falas do filme Praia do Futuro. "Quem entende de cinema (mas quem entende mesmo, não precisa vir responder se não sabe do que está falando) sabe me dizer por que vários filmes brasileiros (a maioria) têm o áudio tão sofrível? Mal dá para entender o que se fala, é como se o problema fosse já na captação do som", questionou.

Ela recebeu respostas de várias figuras do cinema nacional, incluindo Kleber Mendonça Filho, diretor de Bacurau, que instruiu que ela simplesmente aumentasse o volume. Já a atriz Miá Mello opinou: "A minha teoria é que como estamos habituados a ler legenda, quando não tem, temos mais dificuldade para entender". No entanto, outros apontaram que o mesmo não ocorre com as novelas.

A atriz Paula Braun, esposa de Mateus Solano, explicou: "O problema é na captação do som, mesmo, aqui a gente filma muito na rua e em locação com muita interferência. Nem é problema de equipamento e nem de profissionais. Pra isso muitos usam a dublagem, lá fora fazem isso muito. Ajuda bastante. Mas filma autoral não curte muito. Tem a estética do ruidinho que é mais natural e mesmo cara de estúdio. Mas tem que ser ouvido, né? Eu acho que os atuais conseguem bem a medida, os da década passada ainda sofrem muito".

No caso de Praia do Futuro, filme mencionado pela usuária do Twitter, muitas cenas se passam à beira do mar, com o som das ondas bem destacado. E isso não ocorre nas novelas, por exemplo, pois praticamente todas as cenas são gravadas em estúdio, já distantes de quaisquer ruídos externos.

A discussão avançou para os custos, uma questão importante na produção nacional de cinema, que se resume a poucas grandes produtoras com bons recursos, pequenos projetos mais independentes financiados a muito custo através de leis de incentivo (cada vez mais limitadas) e projetos que ficam no meio disso. Com pouca verba, os cineastas acabam obrigados a escolher pontos para economizar.

Uma saída para a questão seria a redublagem das cenas, algo muito comum, mas que eleva os custos das produções. "A redublagem também tem um custo e uma logística envolvida que nem sempre é fácil obter", explicou um usuário. Outro detalhou: "Tô estudando a anos com objetivo de ajudar a melhorar essa questão no nosso mercado. Participei de muitos sets e hoje trabalho só com pós produção. A captação é péssima e no Brasil o áudio (no geral) é muito pouco valorizado e sempre com pouco tempo para trabalhar em contar que o português é um língua complexa, por isso demanda muita clareza na captação e na execução dos atores. Um ponto importante também é que as produções de Hollywood são muito dubladas. Se um diálogo ficou minimamente ruim, o ator corre pro estúdio pra refazer".

Outro fator levantado foi o dos sotaques, que em novelas costumam variar somente entre carioca e paulista, mas em filmes exibem maior diversidade. Praia do Futuro, por exemplo, se passa metade em Fortaleza, com sotaques intactos, e metade na Alemanha, aí com legenda. A segunda metade é notadamente mais fácil de compreender.

Veja a discussão:

Áudio no cinema

Áudio no cinema

Áudio no cinema

Áudio no cinema

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