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Exclusivas / Coração brasileiro

Pedro Carvalho, sangue português; coração brasileiro

Após estrear no horário nobre da Globo, em 'O Outro Lado do Paraíso', é dono de sólida carreira em Portugal e agora quer se firmar por aqui

Por Tatiana Ferreira Publicado em 08/05/2018, às 18h50 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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O ator português se encanta pela cidade maravilhosa - Antonio Barros
O ator português se encanta pela cidade maravilhosa - Antonio Barros

Com pouco tempo de conversa percebe-se que Pedro Carvalho está mais para o mocinho dos folhetins do que para o vilão. Dono de uma fala mansa e educação singular, o ator, de 32 anos, se mostra um homem galanteador, romântico e com qualidades que não deixariam só a Estela (Juliana Caldas) de O outro lado do Paraíso encantada, mas como qualquer outra mulher. Nascido em Lisboa, ele conheceu a fama cedo, aos 17 anos, protagonizando uma versão de “Malhação” para Portugal. Desde então, ele emendou inúmeros trabalhos no horário nobre local e desde 2015 vem flertando com o Brasil. Protagonizou na Record Escrava Mãe, e agora, ganha destaque como o misterioso Amaro da novela das 9 da Globo. Apaixonado pelo Brasil, ele quer permanecer por aqui (já tem feito aulas para minimizar o sotaque para futuro papeis), está solteiro (quem se candidata?) e sonha em casar e ter filhos (liberado os suspiros). Conheça mais sobre o galã, que está determinado em ficar raízes por aqui!  

Você tem uma carreira consolidada lá fora. Por que deixar de lado esse mercado já conquistado e se arriscar no Brasil?

Tenho uma carreira muito consolidada em Portugal. Trabalho lá desde os meus 16 anos, são 13 novelas, cinema, teatro, dublagem. Acontece que eu sempre quis internacionalizar minha carreira. A primeira oportunidade surgiu em 2015, quando a Record procurou um ator português para protagonizar "Escrava Mãe" e me escolheram. No final, voltei para Portugal para fazer uma novela das nove, "Ouro verde", quando trabalhei com alguns atores brasileiros. A Silvia Pfeifer, por exemplo, era minha mãe. E fiz também um seriado. Em junho, surgiu o convite para eu gravar "O outro lado do paraíso". Agora, espero continuar aqui no Brasil. Quero muito firmar minha carreira aqui também.

Você sempre quis ser ator? Nunca pensou em fazer outra coisa?

Sempre estive ligado ao mundo das artes. Além de ter estudado Artes Cênicas, em Portugal, e depois na Espanha, no Corazza, a escola do Javier Bardem, eu sou licenciado e mestrado em Arquitetura. Depois fiz uma pós-graduação em Avaliação Imobiliária e Design. Sempre gostei muito de estar ligado ao mundo das artes e de estudar. O desenho sempre fez parte da minha cultura. Mas sempre quis ser ator, representar sempre foi o que quis fazer. Arquitetura sempre foi um hobby para mim. Digo que um hobby exigente (risos). Acho que eu quis ser tantas coisas (pirata, cartunista...), que meus pais perceberam desde cedo que eu queria ser uma coisa só, ator, para poder viver todas essas vidas (risos).

Você saiu de sua terra. O que é mais difícil em estar longe?

Sempre fui muito aventureiro. Sou canceriano, muito ligado à minha família, a minhas raízes e tal... Mas sempre fui um pouco do mundo. Agora estou aqui no Brasil e eu adoro morar aqui. Da outra vez, em 2015, senti isso. A língua é parecida, me receberam de forma calorosa, o brasileiro é receptivo, os doces daqui são maravilhosos, o churrasco, o samba no pé, o forró, o sertanejo, as praias, a energia do Rio... Eu me sinto em casa. Claro que eu sinto saudade da minha família, mas a internet ajuda a aplacar isso. Vamos sempre nos falando. Todos eles estão felizes que eu estou conseguindo lutar pelos meus sonhos.

Como é a relação com a sua família? Eles sempre te apoiaram na carreira?

Somos muito unidos. O que acontece com um, o outro já está lá defendendo, ajudando... Sempre fomos assim, muito ligados. Sempre cresci com essa premissa, essa ajuda entre nós, essa união. Lógico que no início... Meus pais têm profissões mais, digamos, do cotidiano normal. Meu pai é economista, gestor, tem empresas de contabilidade. Minha mãe é professora de contabilidade. Minha irmã é enfermeira. São profissões mais racionais. E eu sou o artista da família. Sempre desenhei, fiz teatro, cantava. No início, meus pais achavam que era um hobby. Com o tempo, eles perceberam que era isso que me movia. Hoje em dia, aceitam completamente, estão sempre lá, me colocam sempre o pé no chão. São pessoas que sempre me fizeram ver a vida de forma concreta.

Bate solidão em estar longe das suas raízes? O que faz nesses momentos?

Apesar de gostar de conhecer gente nova e tal, sempre fui uma pessoa que preciso dessa solidão. Eu gosto de estar comigo mesmo, ter um tempo para mim, fazer uma trilha, caminhar sozinho, ouvir uma música que eu quero, desenhar na rua. Para mim, a solidão não é negativa. Eu sinto saudade de Portugal, mas é por um bom motivo porque estou aqui fazendo um trabalho que amo, agarrando uma ótima oportunidade profissional, algo que eu sempre quis.

O que mudou desde que você apareceu pela primeira vez no horário nobre da Globo?

Olha, mudou muita coisa. Em Portugal, já estou acostumado a sair na rua e as pessoas me reconhecerem, pedir autógrafo e eu lido muito bem com isso. Significa que as pessoas gostam de mim, que gostam do personagem e acompanham. E a gente trabalha para o público, né!? Aqui, assim que eu comecei a aparecer, já tinham me avisado. A quantidade de mensagem que recebo de todas as partes do Brasil, pessoas tão carinhosas, que vão ver outros trabalhos que eu fiz. Ir no mercado e as pessoas me reconhecerem, quererem tirar foto comigo é muito gostoso. Já não sou um anônimo aqui e ainda bem que isso acontece. Fico feliz de as pessoas terem esse carinho por mim. A minha vontade é essa: cativar as pessoas aqui porque eu já me sinto metade português e metade brasileiro e quero muito fazer uma caminhada aqui. 

Já teve alguma situação engraçada com fã? Alguma abordagem diferente?

Já tive sim. A mulher brasileira é mais atrevida que a portuguesa. Minha empresária em Portugal recebe calcinhas, cartas, vídeos... É muito carinhoso. Mas aqui eu recebo mensagens e as mulheres ficam muito animadas quando me veem na rua, querem tirar foto e falam. Eu fico até envergonhado (risos). Mas já tive umas abordagens. Outro dia, estava na praia, num intervalo que tive nas gravações, vieram muitas mulheres tirar foto comigo, perguntaram da novela e de repente disseram que queriam ser as Estelas da minha vida.

Na trama, Amaro se aproxima da Estela (Juliana Caldas), que tem nanismo, e é meio que um príncipe. Você já recebeu cantadas de mulheres com nanismo?

Já! A gente, como ator, tem essa missão de passar mensagens, de fazer as pessoas pensarem. Eu, Pedro Carvalho, o preconceito não entra na minha cabeça. É muito louco porque há tanta coisa com o que se preocupar no mundo, que ninguém tem que se preocupar com a vida do outro. O Walcyr foi muito gênio de abordar um assunto desse na novela porque ela é uma princesa e tem dois caras que lutam por ela. Um trata ela mais como uma garota, que é o Juvenal. O outro que vem como um príncipe encantado. O Amaro é muito galanteador, muito romântico e a trata como uma mulher e chega chegando. Ele vai e cuida dela e faz com que ela descubra a mulher que há nela.

Você Pedro poderia se relacionar com uma mulher com nanismo?

Não vejo nenhum impedimento de isso acontecer. Cada mulher tem uma característica diferente. A gente se apaixona pelo o outro independentemente de qualquer coisa.

Você está solteiro?

Estou solteiro e bom rapaz, como se diz em Portugal (risos).

Deixou algum amor em Portugal?

Não deixei não. Meu coração está livre e solto aqui no Brasil. deixei apenas minha família, mas não deixei nenhuma namorada não. Estou solteiro.

Já abriu mão de uma paixão por causa do trabalho, da sua carreira? Pode contar uma experiência?

Graças a Deus que isso nunca aconteceu. Todos conhecemos histórias de pessoas que infelizmente tiveram que tomar uma decisão e isso é muito difícil. Espero que isso nunca aconteça na minha vida.

Em Portugal, você já é famoso. Tem alguma diferença nessa abordagem entre fãs de lá e cá?

Em Portugal, já trabalho há muitos anos. As fãs lá têm uma abordagem mais tímida, elas são mais controladas. É uma coisa mais contida. A mulher brasileira já é mais confiante, já fala, vai e diz... Eu sou muito grato por isso e recebo com muito carinho.

O que é preciso para te conquistar?

Sou romântico. Gosto de uma mulher que tenha esse lado romântico, seja inteligente, que tenha senso de humor e saiba rir de si mesma, que não se leve muito a sério, que seja segura de si mesma. Eu gosto de uma mulher que tenha a autoestima segura, que sejam cientes daquilo que são, do que querem e, então, acho que isso são características que me cativam mais.

Já se interessou por alguma brasileira? O que acha das mulheres do Brasil?

Ainda não. Estou trabalhando muito. Eu acho a mulher brasileira muito bonita. A mulher portuguesa é muito bonita também, mas acho a mulher brasileira extrovertida, já fala o que sente. Gosto de ver essa sinceridade na mulher, nas pessoas em geral.

Você na novela é um príncipe. Entre quatro paredes também é assim?

Amaro é um cara que tem uma autoestima exageradamente elevada. Eu sou uma pessoa que nunca tive problemas de autoestima, mas o Amaro já chega chegando. O Pedro é um pouquinho mais tímido. A característica que temos em comum é o romance. Ambos são românticos, galanteadores. Se isso for uma característica de príncipe, ok (risos). Mas eu não me considero um príncipe não.

Você tem desejo de casar, ter filhos, formar uma família?

Mais que casar até... Quando eu falo casar, digo casar na igreja e tal. Eu acho que casamento é quando duas pessoas resolvem juntar os trapos. Eu gosto muito dessa vida a dois. Ter filhos é um sonho desde sempre. Tenho duas sobrinhas lindas, uma de seis anos e outra que vai fazer um ano agora, que são filhas da minha irmã. Então, tenho muito essa vontade de ser pai e quero muito até os 40 anos fazer isso, ter essa família.

No seu Instagram, você compartilha muitas fotos na academia. É vaidoso?

Eu compartilho porque sou muito adepto do esporte. Sempre pratiquei. Especialmente esporte de competição: natação, canoagem, karatê, corrida... Agora sou adepto do crossfit. Gosto desses esportes que me levam ao limite por uma questão de saúde mesmo, tanto física quanto mental. Eu preciso dessa descarga de energia no final do dia. Mesmo que eu grave 12 horas, eu tenho que correr, tenho que suar. Sou vaidoso normal. Não sou exagerado. Me preocupo com minha saúde física e mental e com o que o trabalho me pede.

Acha que ainda existe preconceito com homens que se cuidam?

Preconceito não é uma palavra que entra no meu vocabulário nem nunca entrou nem nunca entrará. Um homem não pode querer se cuidar? Não é nada demais. Não entendo isso.

Qual é a parte do seu corpo que você mais gosta? E qual é a parte que mais elogiam?

Sou muito à vontade com meu corpo. Não tem nenhuma parte dele que eu não goste. As pessoas falam muito do meu nariz e é até engraçado porque muita gente já me pergunta com que médico eu fiz plástica (risos). Se vocês virem os meus irmãos e os meus pais, o nariz é igual. Falam muito do meu maxilar definido. É uma coisa que herdei do meu pai. Falam também dos meus olhos, da cor, que é um castanho mel e com a luz ele fica um pouco esverdeado.

Já sofreu com o corpo? Estar fora do peso, por exemplo?

Minha alimentação sempre foi muito regrada. Não gosto de tudo. Eu acho que meu corpo sempre foi mais ou menos assim. Quando era criança, tive uma fase em que era gordinho, a fase dos 7 aos 9 anos. Depois, comecei a praticar futebol, basquete e voltou ao normal. Na adolescência, comecei a fazer academia. Nesta fase, a gente se sente muito magrinho e quer ficar bem para ir à praia, seduzir as garotas... Meu corpo sempre foi assim, nunca sofri com excesso de peso. Claro que há personagens que eu fico mais forte, mais magro... Isso vai alterando o esporte que pratico, a dieta. Mas faço sempre acompanhado de um médico, de um nutricionista, de um endocrinologista, para ser tudo de uma forma saudável.

Qual parte da mulher te chama mais atenção?

Pergunta difícil, né?! Tem que escolher? (risos). A cintura, a perna, o olhar, a boca.

Qual lugar do Rio você elegeria como o seu favorito?

Tenho uma longa lista para falar. Há muito lugares aqui que eu quero conhecer. Quero muito ir a Búzios, Noronha, Salvador, Chapada dos Veadeiros, o Rio é maravilhoso e tem recantos que eu quero conhecer. São Paulo eu conheço bem porque vivi lá um ano. Quero conhecer tudo aqui do Brasil.

Tem vontade de fixar residência aqui no Brasil? De talvez só fazer novelas aqui?

Nesse momento, esse é um objetivo de vida. Eu já tenho casa aqui, quero ficar morando aqui e quero continuar trabalhando na Globo. Espero que seja a primeira de muitas novelas. Já estou fazendo aula com fonoaudióloga para ter uma diversidade de papéis que eu possa fazer aqui.

Sua casa em Portugal fica fechada nesse período que está por aqui?

Eu tenho uma casa em Lisboa, que está fechada. Meus pais vão de vez em quando lá cuidar do jardim, ver como está tudo. Mas está fechada. A casa está de férias (sim).

O que gosta de fazer por aqui quando não está gravando?

Correr no calçadão na beira da praia, fazer exercício, beber uma água de coco, pegar sol, estar com os amigos, ir ao cinema e ao teatro... A arte de representar aqui é maravilhosa, então, se aprende muito, se vê profissionais incríveis. Fui ver a peça "O Jornal", no Teatro Poeira, da Marieta (Severo): uma peça incrível, com atores e direção incríveis... Fiquei fã. Leio muito, adoro livrarias, desenho.

Está animado para o carnaval carioca? Já curtiu a festa? Tem planos?

Adoro o Carnaval daqui. Eu passei aqui no ano passado. Estava gravando em Portugal a novela "Ouro verde" e vim para cá. Aproveitei o Carnaval e é maravilhoso. Quero ver essa receptividade do público também, por agora eu já estar na novela das nove. Adoro a energia do Carnaval brasileiro.

Pretende perder o sotaque português, como alguns atores portugueses fizeram?

Sim. Trabalho com uma fonoaudióloga (Lilia Mendes) que atendeu outros atores portugueses, como o Ricardo Pereira, que é meu amigo. Estou fazendo isso para ter mais opções de trabalho aqui, para poder falar o português de Portugal e do Brasil. Ser famoso é consequência porque eu faço meu trabalho pela arte. Ele é essencial para mim. Eu estudei para ser ator, eu sempre quis. O que me moveu sempre foi a arte. Não foi ser famoso. Claro que há dias em que você sai de casa e não quer falar com ninguém, mas eu sou muito tranquilo em relação a isso. Mesmo quando isso acontece, não sei se por eu já trabalhar desde muito criança em TV, eu consigo lidar bem com os dias em que não estou tão legal e ser simpático com as outras pessoas. A gente depende do aplauso delas. É uma parceria. Eu sou muito grato ao público.

Como o Pedro Carvalho é visto em Portugal? E como gostaria de ser visto no Brasil?

O Pedro Carvalho, em Portugal, é um ator que as pessoas viram crescer na TV, no teatro, no cinema. É um ator por quem as pessoas têm carinho. As pessoas me veem como um bom profissional, uma pessoa aplicada, que faz a sua vida muito tranquilamente. Gostaria que assim fosse assim também, até melhor (risos).

Você já se considera brasileiro? Tem algum brasileiro na família?

Metade do meu coração e da minha alma já é brasileira, desde o momento em que eu gravei a minha primeira novela aqui, em 2015. Eu quero ficar sim. Não tenho nenhum familiar brasileiro. Então acho que sou o primeiro da família (risos).