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Opinião: Nosso 'tiozão' favorito, Faustão marcou gerações com espontaneidade, personalidade e inteligência

Despedida digna diante do público que ajudou a formar e à altura do faturamento que deu à TV Globo é essencial

Gustavo Assumpção Publicado em 17/06/2021, às 16h33

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Despedida digna diante do público que ajudou a formar e à altura do faturamento que deu à TV Globo é essencial - Reprodução/TV Globo
Despedida digna diante do público que ajudou a formar e à altura do faturamento que deu à TV Globo é essencial - Reprodução/TV Globo

O fim do contrato entre Faustão e a TV Globo anunciado nesta quinta-feira (17) marca não apenas o encerramento de uma das parcerias mais lucrativas e longevas da televisão brasileira. Marca também o fim de um modo muito específico de fazer entretenimento baseado na espontaneidade e na inteligência de se adaptar às oportunidades.

Nos últimos trinta anos, Fausto Silva fez parte das muitas transformações da TV brasileira. Seu Domingão, que estreou na grade em 1989, começou como um programa com pouco roteiro e baseado no poder de improviso do apresentador - foi justamente essa característica que levou à sua transferência da Band para a Globo. Apostando numa linguagem popular e em uma postura desbocada e ácida, o profissional construiu um jeito específico de falar com seu público.

Faustão foi sempre o "tiozão", aquele personagem pentelho e inconveniente que amamos odiar e odiamos amar. Na virada para os anos 90, produções como o Sexolândia, Olimpíadas do Faustão, Videocassetadas e Arquivo Confidencial se tornaram referência e construíram um imaginário em torno do apresentador. As camisas extravagantes, os relógios gigantescos no pulso, as piadas de duplo sentido, os bordões: Faustão se tornou um mito 

CAPACIDADE DE REINVENÇÃO

A partir da segunda metade dos anos 90, Faustão travou uma disputa histórica com GuguLiberato pelo domínio das tardes de domingo. Na virada para os anos 2000, o Domingo Legal crescia no ritmo de seu comandante atraindo os telespectadores com quadros apelativos e coberturas jornalísticas de longa duração. Líder absoluto, o programa do SBT parecia imbatível gerando um clima de incerteza nos bastidores da Globo e gerando desconforto.

A derrocada de Gugu a partir do escândalo do PCC em 2003 e a modernização do Domingão reverteu o comportamento do público: aos poucos, ele retomaria a liderança dos domingos, posto que só perderia em algumas situações isoladas nos últimos vinte anos.

De certa forma, Faustão foi se moldando e se tornou um apresentador clássico à frente do Domingão, menos espontâneo, mas mais ágil, capaz de prender o público com a chegada do boom de conteúdo licenciado que seria despejado na emissora. Quadros como a Dança dos Famosos, Show dos Famosos, Dança no Geloe Truque Vip se somaram às qualidades do profissional, atitude que renderia sobrevida à atração.

Caçulinha, Pedro Cardoso, Adriana Colin, as centenas de bailarinas, as situações constrangedoras, os momentos emocionantes dos artistas da casa, as premiações que engajavam o público. Faustão entregou muitos dos símbolos da TV brasileira nos últimos anos e foi responsável por alguns dos momentos mais lembrados por quem acompanha com dedicação a produção televisiva.

Por isso soou estranho o comunicado emitido pela TV Globo em que comunicou a saída da profissional. Estranho porque logo no início é citado Tiago Leifert, como se a verdadeira notícia não fosse o fim da parceria de 32 anos com Faustão.

"O apresentador Tiago Leifert estará à frente das tardes de domingo da TV Globo, até a estreia do novo projeto em desenvolvimento com Luciano Huck. Por razões estratégicas e internas, a Globo tomou a decisão de antecipar a saída de Fausto Silva do programa, e juntos decidiram formalizar o distrato", dizia o comunicado.

Uma despedida digna diante do público que ajudou a formar e à altura do faturamento que deu à TV Globo nas últimas três década é essencial. É o que os telespectadores esperam e o que Faustão merece.