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Opinião: Ao invés de atacar Nanda Costa e Lan Lahn, mire sua metralhadora para os pais que abandonam seus filhos

Só em 2020, mais de 80 mil bebês foram registrados sem o nome do pai na certidão de nascimento

Gustavo Assumpção Publicado em 02/07/2021, às 16h42

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Opinião: Ao invés de cobrar Nanda Costa e Lan Lahn, cobre os 80 mil pais que não registraram seus filhos em 2020 - Rê Duarte | DuHarte Fotografia
Opinião: Ao invés de cobrar Nanda Costa e Lan Lahn, cobre os 80 mil pais que não registraram seus filhos em 2020 - Rê Duarte | DuHarte Fotografia

Desde que anunciaram que estão esperando filhas gêmeas, uma pergunta é percebida com frequência nos posts em que Nanda Costa e Lan Lahn aparecem felizes e realizadas.

“Suas filhas não tem pai?”, insistem aqueles que usam de um questionamento aparentemente banal e sutil para destilarem um preconceito sem filtros.

É curioso pensar que a ausência de uma figura masculina em uma família formada por duas mulheres talentosas, independentes e com condições plenas de criarem duas filhas felizes gere tanto incômodo.

Esse comportamento é ainda mais inexplicável ao lembrarmos que o Brasil apresenta um número inaceitável de famílias que não contam com a presença de um “pai”.

Segundo dados de 2015 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 11,6 milhões de famílias brasileiras são uniparentais, ou seja, são formadas por mães que criam seus filhos sem qualquer ajuda ou presença do pai. Em 2020, mais de 80 mil bebês foram registrados sem o nome do progenitor na certidão de nascimento.

Soa estranho, portanto, que pessoas se sintam no direito de questionar a maternidade de duas pessoas que decidiram pelo acolhimento, e não pelo abandono. Que se amam, vivem um relacionamento estável, possuem condição financeira confortável e são donas do próprio destino. Duas mulheres que escolheram viver a dádiva de gerar uma vida.

Seria mais produtivo que essas pessoas voltassem suas metralhadoras para os homens que todos os anos abandonam suas namoradas, noivas, esposas, amantes grávidas e à própria sorte. Seria mais justo que lembrassem que o que constrói a base de uma família feliz é o amor - sentimento que desconhece padrões, formatos e expectativas.

Permitam à Nanda Costa e Lan Lahn o direito de serem felizes. Permitam às meninas que chegarão ao mundo o direito ao amor. É mais útil direcionar a sua cobrança para quem merece.