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Exclusivas / ENTREVISTA

O múltiplo João Côrtes: aos 25 anos, ele explora sua sensibilidade, se aventura na direção e comemora período criativo

Em conversa com CONTIGO!, ele relata que período de isolamento social o fez crescer como artista

Gustavo Assumpção Publicado em 19/05/2021, às 10h30

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O múltiplo João Côrtes: aos 25 anos, ele explora suas habilidades, se aventura na direção e comemora período criativo - Jonathan Wolpert
O múltiplo João Côrtes: aos 25 anos, ele explora suas habilidades, se aventura na direção e comemora período criativo - Jonathan Wolpert

Com apenas 25 anos de idade, João Côrtes já acumula experiências como um veterano.

Seja em seus trabalhos intimistas como ator ou quando encanta plateias com uma voz afinada e segura, ele demonstra um apreço pela sensibilidade, habilidade tão necessária para enfrentarmos tempos tão difíceis. 

Em conversa por e-mail com CONTIGO!, o ator contou como tem desenvolvido seus talentos, listou as experiências mais marcantes de sua trajetória e detalhou sua nova paixão: a direção."Tudo que faço e mergulho me transforma e me fortifica como artista", declarou ele.

Para ele, o momento de isolamento social foi de transformações, mas também de muito trabalho. Côrtes escreveu um curta, gravou sua participação em O Anjo de Hamburgo, série co-produzida entre Globo e Sony, e aproveitou para investir na meditação e nos exercícios. "Vivi muitas fases diferentes, de profundo crescimento pessoal, de estabelecer novos hábitos, novas rotinas", afirmou.

Esse crescimento vem também através da arte e de sua busca incessante para encontrar beleza em um momento de tantas incertezas. "Tento nunca me desconectar desse olhar sutil e atento pro mundo. É isso que me engrandece a alma. Que me emociona", afirma ele com uma maturidade rara para um artista tão jovem.

Veja na íntegra: 

Fora do Brasil, é muito comum artistas completos que cantam, atuam e tenham noções de direção e produção desde muito cedo. Por aqui, isso é mais incomum. De certa forma, você é um profissional que mostra essas múltiplas habilidades. Você pode contar um pouco pra gente como foi o seu processo de formação? Que momentos foram decisivos nesse processo?

Meu processo de formação como artista foi sempre plural. Eu sempre gostei de me desafiar em novas áreas, eu me sinto um artista de constante curiosidade. Eu amo cinema, mas sempre admirei a televisão. E ir ao teatro é minha raiz, foi por onde tudo começou: fazendo teatro, me juntando a grupos diferentes e montando diversas peças e musicais, cantando, dançando, vivendo processos diferentes... Isso me engrandeceu muito. E a partir de 2013, eu comecei a ter os primeiros trabalhos em televisão e cinema, e de lá pra cá fui me potencializando cada vez mais como ator. Não só isso, como ganhando experiência com essas novas dinâmicas e plataformas que são a televisão e o cinema. Fiz séries para HBO, GNT, Multishow, Globo, fiz 9 longas-metragem, fiz novela, dublei animações, fui vice-campeão do Popstar 2018, e apresentei os bastidores da temporada seguinte, ao lado da Taís Araújo. E digo sempre que cada um desses trabalhos me agregou e/ou me ensinou de um jeito único. Tudo que faço e mergulho me transforma e me fortifica como artista. E foi em 2017 que escrevi meu primeiro longa, que conseguimos produzir e filmar em 2019, com direção minha também. Uma produção 100% independente. Foi onde me arrisquei, tive medo, várias incertezas, mas também fiquei apaixonado por estar atrás da câmera. Me descobri um diretor e um roteirista, e essas vertentes só crescem dentro de mim. Não largo mais. Na sequência do longa, escrevi o curta-metragem "Flush", o qual protagonizei ao lado do Nicolas Prattes, com direção do Diego Freitas. Também produção independente. Tanto o longa quanto o curta estão recebendo prêmios em festivais pelo mundo todo. E sigo escrevendo meu segundo projeto de longa...

Nos últimos tempos você se aventurou na direção. Em que diretores você se inspira? Você pode detalhar um pouco suas inspirações?

Nossa, tem vários! Tanto brasileiros quanto internacionais. Eu gosto muito de filmes que falem de relações humanas, de sensibilidade, sentimentos, de sutilezas. Gosto de filmes que tomam seu tempo, sem pressa de contar sua história. Eu gosto muito do Almodóvar, Luca Guadagnino, Martin Scorcese, Fernando Meirelles, Lais Bodanzki, Anna Muylaert, Paul Thomas Anderson, Fellipe Barbosa, Noah Baumbach... A lista é enorme!

Nos seus trabalhos fica claro uma busca pela sensibilidade, pela criação de uma linguagem mais intimista. O que isso diz sobre você, seus valores, o que você acredita?

Acho que meus trabalhos são um reflexo de quem eu sou, e quem busco ser. Estou sempre me mantendo aberto, disponível. E ao mesmo tempo, são um reflexo do que admiro. Filmes, atores, atrizes, performances, roteiros... Sou muito guiado por inspiração, e a Arte mexe muito comigo. Sou ultra sensível nesse sentido, de perceber as nuances, as emoções humanas sempre inerentes e borbulhantes em nossas vidas... Como eu disse, eu sou curioso. E tento nunca me desconectar desse olhar sutil e atento pro mundo. É isso que me engrandece a alma. Que me emociona. Quando o artista nos aproxima, da maneira que for, do seu coração, e ainda mais: da sua vulnerabilidade.

Você vai atuar em inglês em O Anjo de Hamburgo, correto? Como está a preparação para o trabalho? Você pode contar pra gente um pouco desse processo?

Eu já filmei toda a minha participação. Mas foi um processo intenso e enriquecedor me preparar para esse personagem. Sinto que cresci e evoluí muito depois de viver esse projeto. Interpretei um jovem soldado alemão, nazista, que acaba de retornar da guerra. O desafio inicial foi o do sotaque, atuar em inglês com sotaque forte alemão. E com muita prática e dedicação, e uma preparação fundamental da Barbara Harrington, coach que me acompanhou durante todo o processo, o resultado ficou bem bacana. Em cima disso, toda a intensidade dramática das cenas, do personagem e do contexto de 2a Guerra Mundial. Posso dizer tranquilamente que O Anjo de Hamburgo foi dos trabalhos mais gratificantes da minha carreira até agora.

Por fim, como está lidou com esses meses de isolamento social? Você conseguiu produzir/criar? Algum projeto ou ideia foi pro papel e pode se concretizar em breve?

Olha, me transformei completamente nesse período de quarentena. Vivi muitas fases diferentes, de profundo crescimento pessoal, de estabelecer novos hábitos, novas rotinas... Mas nos últimos seis ou sete meses eu tenho conseguido me manter bem saudável, meditando diariamente, me exercitando e criando também. No meio de 2020 eu escrevi um curta metragem chamado "Lucidez", para um projeto da O2 Filmes, que filmei na quarentena, e equipe toda online. Meu irmão Gabriel dirigiu a fotografia e meu pai, Ed, fez a trilha. E estou agora terminando de escrever meu segundo longa-metragem, que pude desenvolver a maioria nesse período. Tem sido frutífero pra mim!