Contigo!
Busca
Facebook Contigo!Twitter Contigo!Instagram Contigo!Youtube Contigo!Tiktok Contigo!Spotify Contigo!

Netinho critica o Carnaval baiano e mostra como está a vida depois de quase três anos de reabilitação

O cantor fará uma nova tentativa de voltar aos palcos em Março e também está preparando um livro sobre sua recuperação

Por Ligia Andrade Publicado em 23/02/2016, às 10h01 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h44

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Netinho prepara volta aos palcos em março - Rogério Pallatta
Netinho prepara volta aos palcos em março - Rogério Pallatta
Na rede, na areia, na Praia de Guarajuba com seu violão. A cena é outro mundo na vida de Netinho, 49 anos. Poucos passaram pelo que ele passou. Em fase final de recuperação, devido a sérios problemas de saúde que enfrenta há quase três anos, o cantor foi a grande ausência no Carnaval baiano. “Não me dá tristeza, só sinto vontade de estar lá. Mas entendo que não é hora. Conheço a correria do Carnaval. Como estou desequilibrado, posso cair de cabeça no chão. Assisti a tudo pela TV, falei com os amigos, desejei sorte”, conta. Para entender o drama de Netinho, é preciso voltar a abril de 2013. Após ser internado com dores na coxa direita, ele foi diagnosticado com uma infecção grave no fígado – consequência do período em que tomou anabolizantes (2010). Ao realizar a biópsia no órgão, o cantor teve infecção generalizada, ficando entre a vida e a morte. “Fui desenganado duas vezes”, revela. Nessa época, sofreu três AVCs (acidente vascular cerebral) e passou por duas cirurgias na cabeça. Quando pensou que tudo ficaria bem, sofreu um novo baque no ano seguinte, ao retomar a agenda de shows: começou a se sentir desequilibrado, sem orientação espacial, mal conseguia se movimentar. “Hoje faço tudo normalmente. Os médicos não sabem se terei isso para a vida toda, querem me preparar. Tento conviver. Fico olhando para o chão, com medo de cair. Mas acredito que vá passar”, torce, confiante.  


Netinho está escrevendo um livro  sobre sua luta pela vida e, em março, fará uma nova tentativa de volta aos palcos. “Agora vai! Devagar, um show por mês”, garante o baiano, atento à nova geração do axé e crítico às mudanças no Carnaval de Salvador. “Não reconheço a Bahia que ouço hoje, o axé-music nesta geração nova, aquela música bonita que coloca todo mundo para cima. O Carnaval está se descaracterizando. Vejo artistas imitando o sertanejo. Algumas pessoas consagradas se esqueceram quem elas são”, avalia Netinho. E ele vai mais fundo. “Estou com medo na hora em que for gravar. Está tudo de péssima qualidade. A música do Carnaval está tendendo para o Tra Tra Tra (música Paredão Metralhadora, da banda Vingadora), diante dessa situação do mundo.” 
Outra questão que mudou na folia baiana foi o baixar das cordas, que Netinho considera que descaracteriza a festa na cidade. “É algo equivocado. Fica uma imitação barata do Rio de Janeiro. Nosso Carnaval é único. Quando voltar a fazer Carnaval, vou para o Rio. Cheguei a morar lá e a cantar em Ipanema (em 2013). Não gostaram, disseram que cuspi no prato que comi. Sou apaixonado pela folia da Bahia, é a melhor do mundo! Só está em uma situação delicada”, diz. 


Depressão e suicídio
Netinho acredita que tem um corpo forte, o que teve era para tê-lo matado. Chegou a pesar 50 quilos. “Vivi quatro fases: a de observação, só vendo tudo, não falava; a segunda foi a de compreensão, porque vivia aéreo por causa dos remédios, perdi a memória. Veio a fase de aceitação, demorei a aceitar. Depois a superação. Tive momentos difíceis, mas com a ajuda da família e dos amigos.”
Ao analisar o que passou, o cantor reconhece a importância dessa parada abrupta na carreira para o seu amadurecimento. “Hoje acredito em Deus”, diz. Se antes levava uma vida estressante, aprendeu a lidar com o ócio e redescobriu a espiritualidade que existia dentro dele. Chegou a ter depressão. “Foi muito difícil, não achava que tinha, porque sempre fui emotivo. Só comecei a melhorar quando passei a acreditar no efeito dos remédios. Nesse período, tentei suicídio, fiquei três dias sem comer. Hoje isso nem passa pela minha cabeça”, afirma. “Tudo vem melhorando aos pouquinhos. Estou cada dia melhor, na fase final da reabilitação, cuidando do reflexo e do equilíbrio. Só vou ao hospital fazer os exames de rotina e está tudo excelente. Vou iniciar o trabalho dentro da piscina, ter aulas de pingue-pongue. Já faço tudo normalmente, ando de bicicleta, só o meu equilíbrio é deficiente. Não dá para trabalhar ainda. Quero andar de skate (risos)! Faço fisioterapia, trote na areia, malho, minha alimentação está ótima. Não como açúcar, gordura vegetal, sal – não estou mais hipertenso, estressado, querendo tudo ao mesmo tempo.” 

Quer ser avô e pai novamente
Sobre os boatos de que estaria com aids, tira de letra. “Apertei o botão do ‘dane-se’. Se não fizer isso, não vivo. Disseram muitas coisas chatas, que eu tinha morrido – e estava com minha filha, minha família”, conta. Bruna, a filha, está com 17 anos. “Nossa relação está melhor do que nunca. Ela é maravilhosa. Está nos Estados Unidos, quer morar lá. Falo com ela todos os dias pelo WhatsApp, telefone. Sou doido para ser avô. E quero ter mais um filho, embora esteja solteiríssimo (risos).” 
Netinho vai voltar a ensaiar em março. “Acho que sou o único artista que se ouve 24 horas por dia. Amo o que fiz, vou voltar a fazer! Minha voz ainda está deficiente, regrediu um pouco por causa da internação, normal. Hoje já faço meu trabalho de fono sozinho. Penso em gravar um CD para sair junto com o livro.”