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'Mestre do Sabor': Mentores e jurados, José Avillez, Kátia Barbosa e Leo Paixão encaram desafio: ''Responsabilidade''

Estrelas do reality gastronômico da Globo, chefs falam sobre desafio na emissora; confira

Leandro Fernandes Publicado em 07/10/2019, às 09h27 - Atualizado às 10h07

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José Avillez, Kátia Barbosa e Leo Paixão falam sobre o 'Mestre do Sabor' - Divulgação/Globo/Victor Pollak
José Avillez, Kátia Barbosa e Leo Paixão falam sobre o 'Mestre do Sabor' - Divulgação/Globo/Victor Pollak

Os mestres em Mestre do Sabor encaram o maior desafio em frente às câmeras.

Um candidato em um reality apresenta seu trabalho e jurados avaliam às cegas antes de escolher a pessoa para integrar seu time. Parece The Voice, mas é o Mestre do Sabor.

O português José Avillez se junta aos veteranos de Globo, Kátia Barbosa e Leo Paixão, para protagonizar o primeiro reality da emissora 100% a respeito de gastronomia e culinária. Com uma proposta totalmente diferente do maior concorrente, o MasterChef Brasil, o reality pretende ser uma mãezona calorosa, em comparação aos métodos menos gentis dos jurados na concorrência.

Conversamos com os chefs através de e-mail para saber mais sobre o programa e sobre a relação deles com a gastronomia. Esta é a segunda matéria especial sobre o programa - a primeira foi uma entrevista com o apresentador Claude Troisgros.

CONTIGO!: Nessa dinâmica de mentores e pupilos, é possível não se apegar aos participantes? Como fazer uma análise objetiva dos pratos?
José Avillez: É bastante difícil e acabamos por nos apegar aos participantes. Mas como todas as provas que fazemos são às cegas, conseguimos ser justos e objetivos. 
Kátia Barbosa: No meu caso, especificamente, me apego com facilidade, porque em uma cozinha há muita emoção e história envolvida, e obviamente me identifico com boa parte dos participantes. Por isso mesmo, apesar de entender que em um prato vem sempre carregado de muita emoção, a análise é sempre às cegas, o que não deixa dúvidas sobre o trabalho dos participantes.
Leo Paixão: É muito fácil fazer uma análise objetiva dos pratos e muito difícil não se apegar aos participantes (risos). É fácil porque a gente sempre prova às cegas, então não temos noção de quem preparou o prato. É totalmente objetivo e a gente tenta ser o mais justo possível. E não se apegar aos participantes é impossível porque eles são pessoas, e eles são demais, e a gente torce muito por eles. Não só pelos nossos próprios pupilos, como também pelos pupilos dos outros dois metres também. Tem pessoas com quem a gente se identifica, vê que são muito legais, então a gente se apega sim. Mas não faz diferença nenhuma quando estamos provando porque não sabemos de quem é o prato.

C!: Um elemento que tem sido bem destacado na divulgação do programa é o foco na cozinha mais afetiva, familiar e brasileira. Dá para equilibrar esses elementos com a expectativa pela gastronomia profissional?
José Avillez: Claro. Um bom profissional em qualquer parte do mundo tem uma relação afetiva pela cozinha, inspira-se na gastronomia do seu país e as grandes referências são sempre as memórias. Muitas vezes do que comia em casa com a família. 
Kátia Barbosa: Claro que sim, inclusive isso nos tem surpreendido absurdamente. A união da técnica profissional a sabores e aromas e ingredientes absolutamente brasileiros é tão afetivo a nós todos... Por muitas vezes nos emocionamos com o sabor de alguns pratos, que lembravam nossos avós e pais, mesmo em pratos que, esteticamente, em nada se parecia com receitas da nossa família.
Leo Paixão: Eu acho que dá para equilibrar sim e é exatamente isso que eu faço no meu trabalho. Eu uso técnica de alta cozinha para tentar fazer a cozinha mineira com gosto da roça. E quando você coloca na boca, por mais que tenha uma textura mais profissional, mais precisa, ainda assim é o gostinho da roça. Cozinhar é um ato de amor e comer é um ato social, até. Por isso que a gente compartilha comida. Acho que nessa história de fazer alta cozinha é imprescindível que isso te lembre o gostinho da sua família, de uma pessoa querida. É aí que você se emociona.

C!: O estilo de vocês é mais linha dura ou as broncas vêm com doçura?
José Avillez: O estilo é construtivo, de ajuda mútua. Tentar que consigam mostrar o melhor de cada um. Não estamos lá para dar broncas, mas para ajudá-los a crescer e até aprender com eles. 
Kátia Barbosa: Graças a Deus não há linha dura. Ao contrário, existe muita afetividade. A cozinha nos une. Eu, pessoalmente, dou alguns puxões de orelha porque precisamos estar atentos a pequenos detalhes, como por exemplo desperdícios, que na correria é possível acontecer. Mas é sempre com carinho, até porque aprendemos muito com todos esses jovens cozinheiros tão talentosos e corajosos.
Leo Paixão: Não tem muita bronca não (risos). O ‘Mestre do Sabor’ foca no que é de positivo. A pessoa está ali se dedicando e tentando ao máximo, e cozinhando para ela, para tentar ganhar a competição. Então por que nós vamos dar bronca nela? Se ela não conseguiu, ela teve algum problema. Não foi de propósito. A gente tenta direcionar, quando estamos dentro da cozinha com eles, mas não existe sentido em dar bronca em um participante desse. O próprio resultado do prato já é a “punição” ou a premiação dele.

C!: O Mestre do Sabor é o primeiro programa da Globo exclusivamente sobre gastronomia e é também o primeiro reality do estilo na emissora. Como foi aceitar o desafio de inaugurar o formato e entrar em um projeto que, com certeza, exige mais que um quadro como o Jogo de Panelas, por exemplo?
José Avillez: Foi uma grande honra ser convidado para entrar no ‘Mestre do Sabor’. Tem sido um caminho maravilhoso e estou certo de que será um enorme sucesso. 
Kátia Barbosa: Eu já havia sido convidada a participar de outros programas, mas para mim sempre é muito difícil julgar o trabalho de outro cozinheiro porque ali tem muita expectativa, dedicação e entrega, e eu como cozinheira sei o que isso significa! Aceitei o desafio depois que entendi o formato e, principalmente, a necessidade de mostrar ao brasileiro que o mundo mudou, mas que há muito respeito, apesar de todo o estresse que envolve o trabalho. E sim, exige muito mais, de todos!
Leo Paixão: É uma grande responsabilidade. Às vezes a gente fica inseguro, se pergunta se é capaz. Mas depois eu penso: bom, se eles me escolheram eles sabem exatamente o que estão fazendo (risos). Eu confio muito no Boninho e em toda a equipe do ‘Mestre do Sabor’, então eu devo dar conta, tenho que dar. Vou mais ou menos por esse caminho e tenho total consciência da minha responsabilidade.

C!: No formato, há um elemento de competição entre os mestres também. Como fica isso para vocês?
José Avillez: Acima de tudo estamos ajudando as equipes que escolhemos e nos escolheram, não estamos mesmo competindo. Mas acabamos por sentir o nervoso juntamente com os concorrentes. 
Kátia Barbosa: A competição entre os chefs talvez seja a parte mais divertida, porque na verdade nós nos amamos. Apesar de sermos competitivos, após as provas nós nos abraçávamos, brincávamos e reconhecíamos o trabalho um do outro. Mas eu fiz muita troça! (risos)
Leo Paixão: Foi muito legal a disputa entre os mestres. Nós somos amigos e nenhum de nós vai ganhar, quem vai ganhar é o participante. Nós estamos ali para direcionar eles. Mas o que a gente disputou foi a possibilidade de dar para eles algum tipo de benefício, como uma imunidade, em determinada fase. E é legal porque eles são muito diferentes uns dos outros, têm que cozinhar juntos e estão ali para ganhar. A gente dá umas dicas, mas às vezes eles seguem a cabeça deles. E é isso aí, o jogo e deles. E é muita gente boa que está ali dentro! Eu aprendi muito com os cozinheiros e trouxe muita coisa para a minha vida.

C!: Se vocês fossem participar do programa como competidores, conseguem escolher um único prato que represente quem vocês são como chefs? Ou melhor, quais são os "pratos do coração" de cada um?
José Avillez: Eu não conseguiria participar. Por isso acho que todos os concorrentes são muito corajosos (risos). 
Kátia Barbosa: Tenho muitos pratos queridinhos! Uma boa galinha com quiabo (como minha avó fazia). Um baião de dois com carne de sol (que aprendi com o meu pai). Cuscuz de fubá (que a minha mãe fazia divinamente) acompanhado com leite de coco adoçado (que minha mãe tirava do coco fresquinho). Na verdade não resisto a uma boa comida de panela!
Leo Paixão: O prato do meu coração sempre vai ser frango com quiabo, não tem jeito. Eu sou completamente apaixonado. E existem formas bem complexas de executar esse prato (risos). Cada um tem o seu, mas o mais importante de tudo é a dedicação, o foco e o amor na hora de cozinhar, e acreditar no que você faz.

C!: Para cada um de vocês, o que melhor representa a gastronomia brasileira?
José Avillez: Para mim, sendo português, a cozinha brasileira representa o exótico, mas também a diversidade e riqueza. Consigo ver influências da cozinha e da cultura portuguesa, por isso tenho uma relação especial com a gastronomia brasileira. 
Kátia Barbosa: É com a gastronomia que se conhece um povo, seus hábitos, sua herança cultural. No Brasil isso fica bem claro, de onde viemos e quem somos. Nossa cultura foi desenhada pelos índios, portugueses e negros, e essa mistura toda resultou em uma cozinha nova, criativa e diversa, adaptada aos nossos ingredientes. Para mim, o que representa a gastronomia brasileira é a diversidade e a criatividade.
Leo Paixão: Gastronomia brasileira para mim é mistura. É o sincretismo dos produtos da nossa terra com as cozinhas portuguesa, indígena e africana. E, como eu sou mineiro, com muita hospitalidade e carinho também. Com a comidinha da roça. Isso para mim é maravilhoso.

C!: Por fim, existe algo imperdoável na cozinha do reality?
José Avillez: Como nas nossas cozinhas e na vida, a desonestidade não é perdoável. Procuramos a paixão dentro de cada um, a entrega, a técnica e o sabor. São concorrentes maravilhosos.
Kátia Barbosa: O que definitivamente não é legal em um reality de gastronomia? Arrogância. Isso não combina com cozinha, comida, afeto. Porque por mais que você seja competitivo e vaidoso, precisa lembrar o verdadeiro sentido de cozinhar e de alimentar, que no final de tudo é o que importa. Então se você não tem humildade para servir, definitivamente não será um bom cozinheiro, um bom chef.
Leo Pinheiro: Para mim existe uma coisa imperdoável na cozinha de um reality que é não provar a comida. Não só na cozinha de um reality, mas em qualquer cozinha do mundo. Se você vai cozinhar, só tem uma forma de saber se essa comida está boa ou ruim, e só tem uma forma que vai te permitir corrigir essa comida: provar, provar e provar.

Mestre do Sabor estreia na Globo nesta quinta-feira (10), logo após A Dona do Pedaço.