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Laura Cardoso dispara: "Minha mãe era uma verdadeira santa. Eu nunca fui e nem sou”

Aos 89 anos e cheia de gás, a atriz desmistifica tabus da idade e fala de paquera, viuvez, família e a trajetória de sucesso na arte

Por Roberta Escansette Publicado em 16/03/2017, às 13h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Laura Cardoso - Sergio Zalis
Laura Cardoso - Sergio Zalis
Por favor, não me chame de dona Laura. Sou Laura Cardoso, apenas.” É assim, sem formalidades, que a atriz, de 89 anos, recebe CONTIGO! na suíte do hotel Hilton Barra Rio de Janeiro. “Estou muito velha, mas não consigo ser quadrada”, justifica a Sinhá da novela Sol Nascente (Globo), que chega ao fim dia 21 de março. Laura foi e é uma mulher à frente do seu tempo. Começou a carreira no rádio em 1945, enfrentou preconceito pela escolha da profissão, porém, até hoje continua ativa e se dando muito valor. “Eu me gosto com as minhas rugas. Não paquero mais, mas observo. Gosto de dar uma olhadinha. Claro que existe sedução na minha idade. Não estou morta, estou viva”, afirma. 


Sucesso na novela Sol Nascente, a atriz em cena com a amiga Nivea Maria

Viúva há quase 40 anos do ator Fernando Baleroni, a atriz preferiu não se casar novamente. Na época, o homem que desejava era comprometido e ela optou em anular o sentimento e focar na carreira. O resultado disso é uma história de grandes sucessos na TV, no cinema e teatro – recentemente, ela foi homenageada com uma exposição mostrando sua trajetória. “Antigamente, você conseguia um trabalho por mérito e estudo. Eu estaria ferrada hoje em dia. Nunca fui uma beleza. Era uma mulher interessante”, constata a mãe de Fernanda, 49, e Fátima, 55, gozando de boa saúde e bom-humor. Nem mesmo os repetidos boatos na internet de sua morte ofuscam o seu sorriso. “Acho engraçado, mas é uma brincadeira burra. Detesto burrice”, dispara.     

Plenitude de Laura Cardoso ao passar  a limpo sua vida em dia de descanso no Rio. Sucesso na novela Sol Nascente, 
a atriz em cena com a amiga Nivea Maria 

Como uma mulher liberta conseguiu manter uma união tão longa?
Eu e Fernando nos gostávamos, nos respeitávamos. Porém, durante esses 31 anos juntos, claro que olhei para outro homem e ele desejou outras mulheres. Só se fosse uma monga.

Perdeu um filho. É um luto para a vida inteira?
É muito chato. Perdi com dias. Essa dor fica com você para sempre. Lógico que se acalma. Mas é um pedaço seu que foi embora.

A profissão de alguma maneira atrapalhou a relação com as filhas?
Hoje me questiono se poderia ter ficado um pouco mais ao lado daquelas meninas. Mas não é um arrependimento. Foi o que quis na minha vida. Tive uma família que me deu segurança para fazer isso. Minha mãe era uma santa que eu não fui e não sou. 

É tão apaixonada pela vida. Como lida com a morte?
A gente pensa... Qualquer dia eu vou embora. Deveria ter outra forma. Ninguém lida muito bem.

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Que lição tira de sua trajetória?
A vida nos ensina o tempo todo. Fui muito impulsiva. Hoje em dia, reflito. A idade vai te dando coisas boas, sim. A vida é boa, merece ser vivida todos os segundos, é um presente estar aqui, fazer o que quer e o que não quer, amar e ter liberdade. Amo a liberdade.

Como define a Laura, ou melhor, a Laurinda?
Foi uma menina legal que sempre gostou de estudar. Muito querida pelos pais, principalmente pelo pai. Que parava na esquina para ouvir música clássica e que na escola era requisitada para ler. Desde ali eu trabalho. 

E que tempos depois foi parar no rádio e acompanhou toda a evolução da comunicação...
Sofri muito preconceito por causa disso. Mulher de rádio, teatro e cinema era chamada de prostituta. As coisas foram evoluindo e procuro andar junto. Amo aprender até hoje. Sou atenta e gosto de ser assim.


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Já se deslumbrou?
O ator é o ser mais vaidoso que existe em cima da terra. Mas tem de ter pé no chão. Nunca me deslumbrei. Tive sorte na carreira. 

Sendo assim, o que falta acontecer na sua vida? 
Na pessoal, já aconteceu. Meu bisneto amado chamado Fernando, que está com 16 anos. É lindo e eu amo. Na artística, gostaria de fazer mais uma tragédia grega. Mas estou muito satisfeita, feliz. Os personagens que me dão são muito bons sempre. Quero continuar assim até ir embora.