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Iza desabafa: "Demorei muito para me aceitar"

Cantora se prepara para lançar seu primeiro disco e conta que sentia-se deslocada na infância por ser negra. Hoje, quer servir de exemplo para outras meninas

por Daniel Lopes Publicado em 05/06/2017, às 11h50 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Iza - Rogerio Pallatta
Iza - Rogerio Pallatta
"Quem é aquela moça linda que estava tirando fotos aqui? Vai lá e fala que ela é uma estrela”, disse uma mulher que viu de longe o momento em que CONTIGO! clicava a carioca Iza, 26 anos, na capital paulista. É realmente impossível não reparar quando a cantora chega em algum lugar, com seu cabelo trançado e roupas descoladas. Mas nem sempre foi assim. Prestes a lançar seu primeiro disco, a artista confessa ter demorado a aceitar sua aparência e levanta a bandeira do empoderamento feminino. “Eu não tenho obrigação de só falar sobre isso, mas tenho o privilégio de poder ser ouvida e passar uma mensagem boa. Não escondo minhas opiniões. Nem sempre as pessoas esperam isso”, dispara.

Mesmo nascida em uma família que respira música desde o pai, que tocava em grupos de pagode, até a tia músico-terapeuta, ser cantora não foi o caminho mais óbvio. Iza se formou em Publicidade, porém, largou tudo em busca de um sonho. “Comecei a cantar na igreja com 14 anos, mas muitos amigos nem sabiam. Eu tinha medo de falhar”, lembra. Em 2014, começou a postar vídeos no YouTube, fazendo covers de outros artistas, o que despertou o interesse de muita gente. “Eu tinha largado o emprego, ninguém sabia que eu cantava e foi através disso que eu me lancei. Foi meu jeito de passar o recado”, explica a jovem nascida em Olaria, zona norte do Rio. E a partir daí, não parou mais. “Eu sei muito bem onde eu quero chegar. Sempre sonhei estar na capa de uma revista, participar de programas de TV, fazer parcerias com artistas que eu admirava”, conta.


Exemplos positivos
Amiga e pupila de Taís Araújo, 38, Iza quer ser para outras meninas o que a atriz significou para ela. “Eu sentia muita falta de me ver representada na mídia, principalmente na infância. A Taís sempre foi um espelho, eu olhava para ela e sabia que eu podia ir longe. Não tem como uma pessoa crescer se achando incrível se ela não enxerga que o seu estereótipo também é beleza. Se o negro só é retratado de forma pejorativa ou como secundário, não tem como crescer achando que eu posso tanto quanto um branco”, desabafa. “Fico feliz de ser exemplo. Quanto mais meninas empoderadas, melhor!”, comemora.


Mesmo com toda a autoconfiança e o poder que mostra em suas performances e clipes, Iza se sentiu deslocada na infância e sofreu com o racismo que imperava em torno de si. “Eu sempre estudei em escola particular porque minha mãe era professora e eu tinha bolsa. Muitas vezes, eu era a única negra da sala ou até mesmo da escola. Eu era a diferente. Durante um tempo, eu não entendia que eu chamava atenção pela minha pele e pelo meu cabelo. Quando eu entendi, foi bem complicado”, recorda. E completa: “Se eu visse a quantidade de meninas de cabelo crespo que eu vejo hoje naquela época, minha história seria diferente. Eu alisei meu cabelo até os 20 anos. Quis fazer plásticas para mudar meu rosto todo. Hoje eu penso ‘onde que eu estava com a minha cabeça?’. Eu queria compensar tudo por causa da minha cor. Eu sempre me arrumei muito, estudei muito, era a melhor da sala. Eu sentia uma pressão completamente diferente porque vivia em outra realidade.” Namorando há cinco anos com o videomaker Pedro Erthal, 27, ela afirma que não foi fácil na hora da conquista. “Sofri na hora de arranjar namorado, eu achava que não ia dar certo porque ele não ia se interessar por mim. Hoje, talvez, meu estilo assuste os homens, eles podem achar que eu tenho opinião demais. Mas nem me preocupo. Vão ter que se acostumar!”, dispara. Depois de tantas provações, Iza garante que é feliz com a sua imagem e faz questão de dizer que se acha linda por onde passa. “Quero que meninas semelhantes a mim entendam que elas são lindas também”, declara. 

Cantar até não poder mais
Iza não sonha pequeno. Em 10 anos, ela espera ter pelo menos cinco discos e ser reconhecida como uma das grandes vozes do Brasil. “Meu sonho é cantar cada vez mais para o maior número de pessoas. Eu quero cantar para o mundo inteiro e até meu corpo não aguentar mais”, diz. Na playlist de favoritos, é certeza encontrar Rihanna, 29, Elza Soares, 79, e Ludmilla, 21. Todas serviram de inspiração para o primeiro álbum da cantora, com 15 faixas, que será lançado no início do segundo semestre. “Talvez os singles que eu já lancei nem entrem nesse novo trabalho, vem muita coisa inédita por aí”, garante. “Eu quero ser referência. Eu quero ser exemplo de autoestima. Eu demorei muito para me amar e me aceitar e espero que outras meninas façam isso mais rápido”, conclui.