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Exclusivas / A, E, I, O... URCA

Há 30 anos, série da Globo teve vilão nazista e debateu perseguição aos comunistas

Ambientada no Cassino da Urca, minissérie unia o glamour dos números musicais à trama política

Gustavo Assumpção Publicado em 13/07/2020, às 16h20 - Atualizado em 16/07/2020, às 13h20

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Há 30 anos, da Globo tinha vilão nazista e debateu perseguição aos comunistas - TV Globo
Há 30 anos, da Globo tinha vilão nazista e debateu perseguição aos comunistas - TV Globo

Há exatas três décadas chegava ao fim na TV Globo a minissérie A, e, i, o... Urca, produção de altíssima qualidade assinada por Antônio Calmon e Doc Comparato e dirigida por Dennis Carvalho. Repleta de números musicais icônicos, a série ambientada no Rio de Janeiro movimentado pela turbulência da Segunda Guerra Mundial colocava em lados opostos comunistas e nazistas.

Na centralidade da trama estava a história de amor entre a corista Sílvia (Débora Bloch) e o crupiê Tide (Carlos Alberto Riccelli), relação que é  interrompida por força maior: ela precisa libertar o pai, Frederico (Ivan Cândido), preso acusado de defender o comunismo. Para salvá-lo, precisa se casar com o norte-americano Michael (Herson Capri). A mocinha também sofre as pressões e chantagens de Jofre, vilão nazista interpretado por um estupendo Raul Cortez.

Ambiente símbolo da efervescente noite do Rio de Janeiro dos anos 30 e 40, o Cassino da Urca é cenário para a trama de forte viés político em que se retratam os tipos que ali conviviam: o glamour dos artistas, a ostentação dos poderosos, as paixões proibidas e a forte repressão que se instalava no submundo carioca a partir do governo Vargas.

No elenco de apoio, uma verdadeira constelação: ainda iniciando suas carreiras na teledramaturgia, as estrelas Pedro Cardoso, Denise Fraga e Carla Marins fizeram participações especiais na trama. Quem também atuou na minissérie foi Sandra Annenberg, ainda muito jovem. Anos depois ela se tornaria uma das principais jornalistas da emissora.

NÚMEROS MUSICAIS

Destaque absoluto da trama, os números musicais exigiriam esforço da equipe de produção. Todas as sequências foram gravadas no próprio Cassino da Urca, que ganhou uma minirreforma especial para suportar as sequências. Dirigidas por Maurício Sherman, os números ainda contavam com a produção musical de Gilberto Braga. E, não faltaram clássicos: Reste T’il de Nos Amours?, de Charles Trenet, Night and Day, de Cole Porter e Adeus Batucada, de Carmen Miranda, foram algumas das canções selecionadas para aparecerem na trama. 

Em uma participação especial, Grande Otelo fez uma das últimas aparições na TV - ele morreria três anos depois. Na sequência, dividida com sua esposa Joséphine Hélene, ele recriou uma das apresentações de sua carreira como astro do teatro de revista. 

Em 13 capítulos, o seriado é uma joia da virada para os anos 90, época em que várias produções com viés histórico são produzidas para a TV. Durante a redemocratização, era necessário olhar e encarar os fantasmas, aqueles já sepultados pelo tempo e os que insistiam - e insistem - em ressuscitar na vida política do país.