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Exclusivas / ICÔNICA

Há 26 anos morria Ivani Ribeiro, autora fundamental da teledramaturgia brasileira

Responsável por sucessos como Mulheres de Areia e A Viagem, ela criou personagens inesquecíveis

Gustavo Assumpção Publicado em 05/08/2021, às 15h43

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Há 25 anos, Brasil perdia Ivani Ribeiro - TV Globo
Há 25 anos, Brasil perdia Ivani Ribeiro - TV Globo

É difícil pensar na trajetória da teledramaturgia brasileira sem pensar automaticamente em Ivani Ribeiro. Há 25 anos a autora de sucessos como A Viagem e Mulheres de Areia morria deixando um panteão de personagens e tramas inesquecíveis.

Se hoje as produções brasileiras são respeitadas em todo mundo e exibidas ao redor do globo, muito se deve à invencionice de autores como a paulista, dramaturga responsável por tramas tão diversas quanto os sentimentos que despertava em seus telespectadores. 

Com temáticas múltiplas, misturando gêneros e costurando diálogos sempre inspirados e complexos, a autora sempre gozou de muita liberdade criativa. Por isso, foi capaz de retratar tipos dos mais diversos, em plena identificação com o público de um país que se urbanizava e procurava novos protagonistas. Sempre coerentes em suas trajetórias, os personagens da autora esbanjavam humanidade.

No prefácio de Ivani Ribeiro: A Dama das Emoções, uma de suas ex-colaboradores, Solange Castro Neves, conta que aprendeu grandes lições com sua mestra. Lá, está a chave para compreender muito da complexidade do trabalho solitário para o qual ela dedicou uma vida. Diz ela: "ela [Ivani] dizia que uma escritora é parecida como uma psicóloga. Tem que analisar todos os personagens, trabalhar com seus esqueletos, aparando suas arestas, dando equilíbrio e veracidade a eles sem tirar, entretanto, as suas essências".

QUESTÕES DE GÊNERO

A busca pelo caráter psicológico talvez seja a ferramenta encontrada por uma mente que buscava se sobressair em um universo predominantemente masculino: Ivani foi a primeira mulher a receber salário para escrever folhetins, isso ainda na época em que era autora de radionovelas. 

Do seu primeiro trabalho. Corações em Conflito até o megassucesso A Viagem, ela compôs uma gama de personagens femininos marcantes, que iam retratando as mudanças na sociedade brasileira, o crescimento da penetração das mulheres nos postos de poder e as transformações no comportamento. Das gêmeas antagônicas de Mulheres de Areia (1973) à mocinha espevitada de A Gata Comeu (1985), a autora foi responsável pela criação de tipos que são conhecidos de todos nós, mesmo que tingidos com a potência e os exageros da teledramaturgia.

MISTICISMO

Ao longo de sua trajetória, a autora se tornou próxima de Chico Xavier, o que influenciou as temáticas que surgem em suas novelas. Cada vez mais curiosa sobre o espiritismo, acabou buscando explicações e interpretações para a vida terrena que acabaram refletindo em suas criações. Esse lado místico apareceu em dois de seus grandes sucessos, A Viagem (originalmente lançada em 1975 e recriada vinte anos depois) e O Profeta (1977). Em busca de respostas, a autora acabou influenciando a opinião pública e foi responsável pela diminuição da perseguição à doutrina que se espalhava pelo Brasil. 

RESPONSABILIDADE SOCIAL

A autora também é conhecida por ser pioneira na inserção de campanhas sociais dentro de suas tramas. Em Final Feliz (1982), sua primeira novela na TV Globo, ela debateu os riscos do tabagismo. Póstuma, Quem é Você? (1996) debateu a vida na terceira idade - o projeto foi realizado mesmo após a morte da autora.

No rico universo das telenovelas, Ivani Ribeiro é uma base fundamental.