Em conversa com a CONTIGO!, Luciano Quirino comemora complexidade do personagem que vive novela das 6; veja
Laura Vicaria Publicado em 31/03/2022, às 17h08
Um dos destaques de Além da Ilusão (TV Globo), o ator Luciano Quirino contou com exclusividade à CONTIGO! que Abílio, o personagem que ele interpreta na novela, foi um verdadeiro presente. Determinado, forte e ambicioso, o personagem tem ganhado espaço na trama de Alessandra Poggi e fez o público matar a saudade do ator que acumula papeis marcantes em sua trajetória.
Com mais de 35 anos de carreira, o ator passou por um longo processo de preparação para o papel. Segundo ele, houve oficinas presenciais e online — tudo por culpa da pandemia da Covid-19. Para o personagem, o ator se dedicou minunciosamente à aulas de pandeiro e montaria e ainda precisou se acostumar com máquinas de tecelagem. Há muitas camadas em Abílio, a representação de um pai viúvo que se dedica sozinho à criação de seu filho, o jovem Bento.
“Em uma era onde a gente sabe que há pais que não assumem os filhos, trazer uma história em que se joga luz nesses pais que fazem de tudo para os seus filhos é importante”, pontua o ator. “Estou trazendo à tona discussões que eu acho bacanas e para gente discutir e rever”.
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Há muitos anos na televisão, Luciano Quirino confirma que interpretar uma figura paterna tão forte reacendeu a vontade de se tornar pai. Apesar de já ter seus “filhos de quatro patas” e seus “filhos fictícios”, o ator não descarta o sonho de ter um herdeiro biológico ou adotado: “Eu sempre quis. Não tive tempo e tiveram alguns acontecimentos no caminho (...). Mas tenho muita vontade”.
Após muito sofrimento, ver seu filho indo para a guerra e um passado conturbado, o ator deixa no ar que o futuro de Abílio está prestes a passar por uma reviravolta. Ele pode ver seu caminho mudar em breve por meio de um grande amor.
Mesmo assim, o esforçado pai de família ainda irá enfrentar uma onda de tristeza grande por ver Bento saindo de casa para guerrear.
Aos 55 anos, Luciano Quirino não aceita papéis em que o negro é colocado como submisso. Ele conta que já chegou a recusar trabalhos por não concordar com a forma com que o personagem é construído. “Se a gente quiser mudar o enfoque que se dá ao homem e à mulher negra, é preciso agir dessa forma”, diz ele que ainda lista o que incomoda quando encontra um retrato raso.
"São papéis que não tem conteúdo, são papéis que você fica orbitando entorno de um personagem. Tudo bem que você faça a função dramaturgicamente (...), mas você precisa protagonizar as suas histórias. Esse personagem precisa ter família, precisa ter um conflito, ele não pode só orbitar entorno do outro”, deixou nítido.
O ator reconhece haver um processo de mudança, mas chama a atenção para a necessidade de avançar ainda mais. Feliz, ele pontua que Abílio é um exemplo de personagem negro que protagoniza a própria história e possui uma importância na trama.
“Eu, depois de 35 anos de carreira, estou em um lugar onde eu posso fazer essas escolhas. (...) Procuro sempre ter esse cuidado de pegar trabalhos e personagens que tragam alguma coisa relevante”
