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Confira os bastidores da versão brasileira do musical Wicked

Num passe de mágica? Pode apostar que não. Contigo! conferiu como dá trabalho fazer as transformações que encantam a plateia, em São Paulo

Por Tainá Goulart / Fotos: Adilson Felix Publicado em 30/03/2016, às 18h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h44

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Os bastidores do musical Wicked - Fotos:Adilson Felix
Os bastidores do musical Wicked - Fotos:Adilson Felix
Logo nos primeiros acordes, a versão brasileira do musical americano Wicked já impressiona, sem contar a suntuosidade do palco, o maior já construído de todas as montagens ao redor do mundo – ao todo, foram mais de dez países. Da plateia, o público quase não respira entre um número e outro, com os diversos efeitos especiais, figurinos, perucas e voos. Sim, voos! Afinal, a peça conta a história de duas bruxas que viveram antes de Dorothy, do icônico filme O Mágico de Oz, de 1939, e há pelo menos quatro momentos nos ares. Nos bastidores, que CONTIGO! teve oportunidade de conhecer, a magia continua. 

No camarim de Myra Ruiz, que dá vida à feiticeira Elphaba, uma das protagonistas do musical, tudo é verde. Da capinha do celular ao porta-retratos predomina a cor de esmeralda, até ela própria, que demora cerca de 20 minutos para passar toda a tinta no rosto e nas mãos. “Ainda bem que verde é uma das minhas cores favoritas! Tudo bem que entre essa e o rosa, eu prefiro a última. É engraçado me ver verde, é nesse momento que consigo entrar na personagem de verdade. Eu e minha maquiadora estamos ficando cada vez mais rápidas. Antes a gente demorava uns 40 minutos só para passar a tinta, agora usamos esse tempo para me deixar completamente pronta para o espetáculo. Depois, para tirar, são uns 20 minutos com muito óleo de coco e uma boa bucha”, conta Myra, que faz um dos voos mais aguardados pelos fãs do musical, em Desafiar a Gravidade. “Quando eu voei pela primeira vez, foi uma das sensações mais maravilhosas da minha vida. Eu me empolgo mesmo, pois não tenho medo de altura!”, conta. 

COMADRES NOS BASTIDORES
A outra bruxa da história, Glinda, é feita pela carismática Fabi Bang, que surge no começo da peça em uma bolha gigante e com um vestido que pesa cerca de 10 quilos. “Eu peso 49, fico no alto e ainda tenho que cantar notas altíssimas. É um desafio e tanto usar muitos figurinos e perucas quanto fazer a Glinda. Entre uma troca e outra, temos poucos minutos, às vezes segundos, para ficar pronta para a próxima cena. É praticamente outra coreografia que tenho que fazer com a produção na coxia, mas ainda bem que não preciso ficar verde (risos)!”, brinca. Nos bastidores, Fabi e Myra deixam a “inimizade” das personagens e viram praticamente comadres de tanto que ficaram amigas. “Se deixar, uma fica no camarim da outra. Nós sabemos que o espetáculo é feito em equipe e nos ajudamos muito. Assim como para Myra, a Glinda é uma personagem muito importante pra mim. Tive liberdade pra construí-la com elementos da minha personalidade e acho que consegui deixá-la muito divertida. Tenho um ritual de entrada na bolha, para sempre dar sorte. Não voo sem entrar pelo lado direito e nem sem pisar com o pé direito na bolha”, admite.

TRABALHO, QUE TRABALHO!
Para colocar no palco toda a magia do musical da Broadway, cerca de 125 pessoas da produção se distribuem entre várias áreas e uma das que dá mais trabalho é a da perucaria, chefiada pelo peruqueiro Feliciano San Roman. Ao todo, são 108 perucas confeccionadas manualmente, usando como base a nascente dos fios de cada ator. “Nós começamos a fazer as perucas em janeiro e levamos 15 dias para terminar cada uma. Implantamos fio a fio, pois a nascente é como se fosse uma digital, toda pessoa tem uma diferente. Se a Myra ficar doente, por exemplo, a pessoa que a substituir não poderá usar a mesma peruca”, explica Simone Momo, coordenadora do setor. “Todos os dias de espetáculo, nós chegamos quatro horas antes para pentear, lavar e estilizar cada peruca, que chegam a custar uns 8 mil dólares.”

Os homens que encaram os personagens principais da peça, Jonatas Faro e Andre Loddi, que se alternam na pele do galã Fiyero, e Sérgio Rufino, o Mágico de Oz, não precisam se preocupar tanto com figurino, mas, sim, com as coreografias da peça, com direção de Rachel Ripani, 40. “Além das notas altas, a gente precisa ter condicionamento físico muito grande. São muitas coreografias para fazer cantando. Entro no palco pendurado em uma corda, pra começo de conversa. Meu filho achou que eu era o homem-aranha, ficou supervidrado e adorou o musical”, conta Jonatas, pai de Guy, que teve com Danielle Winits. “O legal de se alternar é poder olhar de longe a peça toda. Esses dias, assisti a tudo do último lugar do balcão e foi legal perceber que, às vezes, a gente precisar dar uma exagerada mesmo nos movimentos. Eu e o Jonatas trocamos muitas ideias e opiniões sobre o Fiyero e isso é muito rico para quem está assistindo”, explica Andre.