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Exclusivas / REPRESENTATIVIDADE

Carol Marra critica imagem estereotipada de mulheres trans na mídia: “Uma dívida muito forte”

Em entrevista exclusiva, Carol Marra critica a imagem criada de mulheres trans na TV e pede fim dos rótulos

Luisa Scavone Publicado em 11/08/2022, às 07h10

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Atriz Carol Marra - Divulgação/ Thalles Leamari
Atriz Carol Marra - Divulgação/ Thalles Leamari

A representatividade na arte é uma pauta de extrema importância e, para falar sobre o assunto, a CONTIGO! conversou com Carol Marra, atriz que fez sucesso na novela Quanto mais vida, melhor!, que foi exibida pela Globo no primeiro semestre.

Na conversa, ela contou como se sentiu quando descobriu que faria um papel cisgênero, feito raro para atrizes transexuais. Ciente da importância de abordar o tema, ela disse que estava cansada de ser chamada para fazer apenas papel de mulheres trans.

”Quero emprestar o meu corpo para contar boas histórias”, comentou. “Mas a mulher trans é sempre representada no audiovisual como uma coisa caricata, pesada”.

Segundo a atriz, é necessário abordar novas possibilidades. “Muitas fazem da prostituição o seu meio de vida, de sobrevivência, porque são obrigadas, são covardemente empurradas para a prostituição”, pontuou a atriz. “Com certeza, muitas gostariam de viver de outra forma, mas não têm esta oportunidade [...] A mídia e a imprensa têm uma dívida muito forte com a gente”.

O preconceito é causado pelo desconhecido e Carol Marra contou que ainda escuta comentários que as pessoas enxergam como elogio. “As pessoas me falam: ‘Nossa, Carol. Você é trans? Nem parece’. Eu acho extremamente preconceituoso. Eu tinha que parecer o quê? Eu sou uma mulher de corpo, alma e documento. Independente de eu ter feito uma cirurgia ou não, eu sempre fui uma mulher”, afirmou.

Papel em Quanto mais vida, melhor

Entretanto, ela comemora a conquista de fazer o papel de uma personagem cisgênero em Quanto mais vida, melhor, onde pôde viver uma mulher como é, e não como as pessoas acreditam que seja. “Vamos fazer papéis, independente do gênero que for. Mas, é claro, quando for pra fazer papéis de trans eu vou fazer, mas também cis. Quero viver da minha arte e não quero que a arte seja uma limitadora”, disse.

Allan Fiterman, o diretor artístico da novela, é muito amigo de Carol Marra e já tinha trabalhado com ela no filme Berenice Procura. Foi ele quem a convidou para a produção da TV Globo, o que deixou a artista muito feliz. “Foi a minha estreia no núcleo principal de uma novela. Pude estar com pessoas maravilhosas que eu já admirava e tive a sorte de ficar próxima”, contou.

Ao lado e Giovanna Antonelli e Júlia Lemmertz, que viraram suas amigas, ela contou que aprendeu e teve uma troca muito boa com elas. Mas, mesmo com o fim da novela, o grupo de atores ainda está ativo. “A gente se fala sempre, por mensagem, marcamos de sair, jantar, beber. O produtor de elenco disse que nunca viu isso numa outra novela”, revelou. “Sou muito grata por participar desse processo”.

Trabalho como atriz

Nós sabemos que a diversidade não é aceita por todo mundo e, infelizmente, ainda rola muito preconceito. Mas Carol Marra contou que isso nunca foi um empecilho para o seu trabalho, já que sua intenção é mexer com o coração de quem assiste. “Que aquela história marque as pessoas de algum jeito e as transforme. Este é o grande papel do ator, eu acho. Contar histórias e transformar vidas”, pontuou.

Por fim, em entrevista exclusiva, a atriz ainda deu uma dica de ouro para quem quer ter um lugar na arte, independente do seu gênero: estudar muito. Ela apontou que os atores não devem ser tratados pelos seus gêneros, já que não é uma opção e, sim, uma condição. Por isso, a dica serve para todos. “Leiam roteiros, assistam séries, filmes, o que achar interessante. Comece a se projetar naqueles personagens, vivenciando histórias. Também trabalhe no corpo, voz, expressão corporal”, disse.