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"Como consegui bater recordes com essa voz minúscula?", reflete Xuxa

Colunista da Revista CONTIGO!, a rainha relembra seus recordes musicais

Redação Contigo! Publicado em 26/05/2017, às 18h38 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Xuxa Meneghel - Blad Meneghel
Xuxa Meneghel - Blad Meneghel
Hahahaha... Preciso começar rindo pra relaxar, já que é um assunto assustador. Todo mundo sabe que a minha voz é minúscula, cantar seria um privilégio se eu tivesse nascido com o dom de ter uma linda voz, mas infelizmente não a tenho e sei muito bem de minhas limitações. Preciso voltar no tempo: eu tinha 23 anos e já tinha feito um disco, Xuxa e seus Amigos, na Manchete, um desastre pra mim. Chorei ao entrar no estúdio, chorei pra cantar e também chorei ao sair, mas era uma necessidade, já que o programa precisava. Ao entrar na Globo, com meus 23 aninhos, eu era a grande promessa da casa pro mundo infantil e me apresentaram ao João Araújo, pai do Cazuza, e ao Guto Graça Mello, produtor de disco, com a incumbência de me fazer cantar. Apostas foram feitas de que eu não ficaria na casa nem um ano, que eu não venderia nem 100 mil cópias e que, claro, eu não cantava NADA, e por isso virei piada. Memes e bullying (sem existir na época) eu já sofria por conta da falta de voz. Me deram três músicas: Amiguinha, Xuxa!, Doce Mel e outra que não me lembro agora pra cantar. Cantei e fui apresentá-las à direção. Imagina o que não falaram?! Uma mulher com voz de criança, sem grave nenhum, sem ferramentas pra afinar a voz, sem ajuda nenhuma da tecnologia pra melhorar os tons das músicas... Se a música não fosse no meu tom, tinha que cantar igual, “cantar”, vamos dizer se esforçar pra não sair mal. Ótimo, vocês já entenderam que não precisava de ninguém pra me detonar, certo? Eu já chegava arrasada no estúdio e lá ficava mal até o término das gravações. Pensava comigo: “Que bom que eram só três músicas. Bem, engano meu, logo depois pediram mais 10 que deveriam ser gravadas, mixadas e colocadas à venda. Não tínhamos músicas e nem tempo pra isso. Deram 28 dias pro disco estar pronto. Como, se nada nem ninguém queria dar músicas pra tal da Xuxa? Tadinho do meu produtor, que foi pedindo nos corredores: ligava, perguntava se alguém tinha alguma música infantil pra uma loira que ia vir num disco voador...


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Depois de muito sufoco, conseguiram músicas e eu “tentava” colocar voz e assim foi com as 12 faixas do disco e a capa. Peguei uma foto de moda que fiz em Nova York, já que na época eu modelava pela agência Ford Models, e pensei comigo: “Seja o que Deus quiser”. Ouvi tanto que não ia chegar perto do Balão Mágico, que eu tinha convicção que eles estavam mais do que certos, mas aconteceu algo que ninguém imaginava, eu vendi 100 mil cópias no primeiro dia e, na primeira semana, já tinha ganho disco de platina com 250 mil cópias, e mais, semanalmente alguém entrava na sala do João e dizia: “Platina-duplo, triplo”... Até inventarem o disco de diamante, mais de 1 milhão de cópias vendidas... E não parava de vender! Em dois meses, mais de 2 milhões de discos vendidos. Ok para tudo, mas como que uma pessoinha sem voz consegue isso? Pensei: “Pronto, é a força da Rede Globo! Sim, era, com a vontade de uma legião de crianças, mães e adolescentes que simplesmente queriam aquela voz pequena sendo tocada na sua ‘radiovitrola’ (hehehe... Você, baixinho, não sabe o que é isso), mas ainda hoje eu me pergunto como uma pessoa com o tamanho da minha voz consegue chegar onde lindas vozes não chegam? Como eu consegui bater todos os recordes com essa voz minúscula?

Agora, “véia”, ouço carinhosamente muita gente dizer que cresceu ouvindo minhas canções, que seu filhos também ouvem meus DVDs, alguns dizem com muita propriedade que eu mudei a vida deles com as mensagens do Lua de Cristal com a energia boa das minhas músicas e que nunca se drogaram pelas mensagens que eu sempre passei nelas ou até que amam a natureza por causa das inúmeras mensagens que passava. Ouço tudo isso e nunca poderei agradecer à altura, pois amor não se agradece e minha história é repleta desse sentimento, mas escrevo aqui pra deixar minha eterna gratidão, pois aquela menina, hoje uma senhora, nunca vai esquecer de que a história de amor de verdade não se escreve com “era uma vez” e “viveram felizes para sempre”, e sim com “tudo que tiver que ser será”, pois “é sempre muito bom estar com você”, estar “de bem com vida” e poder colorir o mundo com as cores do “arco íris”, pois é bom gritar que “todo mundo tá feliz” e que os “patinhos sempre voltam no final” pra “brincar de índio”, de “estatua”, de “pique alto”, “bambolê”, sempre vai ser “hora de brincar”... “Ôôô”!