Débora Bloch como Lúcia em 'Segunda Chamada' - Divulgação/Globo/Maurício Fidalgo
Crítica

Com morte chocante, 'Segunda Chamada' perde noção da realidade e confunde

Série mata novo personagem e exagera na tragédia; leia

Leandro Fernandes Publicado em 12/11/2019, às 21h30

Os ares trágicos da vida de Lúcia (Débora Bloch) em Segunda Chamada são dignos dos gregos.

A professora protagonista da série encarou a morte do filho, um AVC do marido que o deixou em estado vegetativo, problemas diversos na escola e agora tem a morte de um dos alunos como responsabilidade.

Há dois problemas com o episódio desta terça-feira (12) de Segunda Chamada. O primeiro é justamente como pesam a mão nas tragédias que afetam os personagens, como já havia comentado na última semana. Ao dar a cada personagem um arco narrativo em cada episódio (e, para alguns, arcos mais duradouros), a série perde a chance de se aprofundar em cada um dos temas abordados. Nesta semana, sem muita sutileza, a série falou da pobreza em dois ângulos: o de um morador de rua que não tem nem lugar para tomar banho, o do rapaz brilhante que perdeu o emprego e não consegue pagar um tratamento para o filho doente. As duas tramas ocorrem uma ao lado da outra, no mesmo dia letivo, de maneiras bem difíceis de acreditar.

O rapaz pobre, que traz uma interpretação impecável de Felipe Simas como Maicon, decide assaltar a própria escola. Não é impossível, é claro, mas difícil de acreditar. Primeiro porque a relação custo-benefício não bate. Segundo porque é um lugar em que haveria a chance dele ser reconhecido - e foi. É claro que ele estava desesperado, então podemos aceitar que simplesmente não tenha pensado antes de fazer o ato, mas não é isso que o episódio dá a entender. Acaba que Maicon se torna uma maneira de desenvolver o drama de Lúcia, ao morrer nos braços dela na mesma posição que o filho morreu, por responsabilidade dela.

É exagerado, sem nenhuma sutileza - o assassino confesso do rapaz comenta que Maicon estaria melhor se tivesse ido preso. O tom da série, aliás, pode ser definido por esse exagero e falta de delicadeza. O que Segunda Chamada tem para falar é importante, mas é jogado com pouco cuidado na direção do público. Não é que seja difícil de digerir, pelo contrário. A série faz questão de mastigar a "moral da história" sempre que possível.

Os personagens na periferia da trama têm arcos interessantes, ainda que sempre pareçam derivados de novelas. Marco André (Silvio Guindane) e Sônia (Hermila Guedes) já se tornaram o único casal pelo qual vale a pena torcer. Natasha (Linn da Quebrada) tem bons momentos ao se desesperar por saber que nunca será totalmente aceita, nem por aqueles que ela ama. Só que seus dramas mais comuns acabam soterrados atrás dos exageros postos em primeiro plano.

Se Segunda Chamada conseguir diminuir um pouco o volume e achar uma maneira de apontar na direção de coisas específicas, em vez de se dividir tentando abraçar o mundo, talvez consiga transmitir de fato o que quer dizer.

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