Anne Mota faz balanço sobre a carreira pós-'Alice Júnior' e pede: "Deem oportunidade a pessoas trans" - Reprodução/Instagram
REPRESENTATIVIDADE!

Anne Mota faz balanço sobre a carreira pós-'Alice Júnior' e pede: "Deem oportunidade a pessoas trans"

A jovem atriz deu detalhes de seus próximos passos e não deixou de levantar a bandeira no Mês do Orgulho LGBTQIA+

Matheus Aguiar Publicado em 08/06/2021, às 12h42

Os últimos 3 anos têm sido de muita reviravolta para Anne Mota. A jovem de 22 anos conseguiu tirar do papel o sonho de se tornar uma artista e estreou a carreira com estilo no premiado Alice Júnior, em 2019 – com direito ao prêmio de Melhor Atriz no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Apesar do sucesso recente, a caminhada da recifense não começou agora.

Em uma conversa com a CONTIGO!, a atriz deu detalhes do ‘pós-Alice Júnior’, refletiu sobre a importância do filme para a comunidade LGBTQIA+ e ainda adiantou projetos que estão a caminho.

SONHO

Apaixonada pela vida artística desde muito nova, Anne sempre teve o sonho de seguir carreira nesta área. Só não tinha ideia que a atuação seria o caminho para isso. “Eu falava: ‘Mãe, eu vou ser famosa’. Minha mãe respondia: ‘Sim, você pode ser uma advogada, médica, uma veterinária famosa’. Dizia todas as profissões. Eu falava: ‘Não, mãe, eu vou ser ex-BBB’”, disse ela, aos risos. A ambição estava ali, mas só foi se concretizar anos depois.

Em 2015, após terminar o intercâmbio de ensino médio nos Estados Unidos, a atriz voltou ao Brasil determinada a investir na área de modelo. Apesar de ter recebido seu primeiro “não”, esse momento previu o que estava à sua espera: o sucesso nos cinemas.

Eu procurei uma agência de modelos e eles falaram: ‘Você não tem perfil de modelo, você é muito baixa, mas tem o perfil de uma grande estrela de cinema’. Um ano depois, eu fui contratada para fazer ‘Alice Júnior’”, contou.

ALICE JÚNIOR

Lançado em 2019, Alice Júnior é uma comédia adolescente que acompanha a vida da youtuber Alice. Além de apresentar clichês já conhecidos do gênero, o longa-metragem marcou o público LGBTQIA+, sobretudo a letra T, por tratar sobre a transição de gênero de uma forma leve e descontraída – a protagonista é uma garota trans.

Antes de iniciar as gravações, lá em 2016, a artista só havia tido contato com o teatro na infância. Depois que conseguiu o papel, a recifense se dedicou às preparações de elenco e até chegou a contratar uma profissional por fora para lhe orientar. “Eu realmente estava querendo fazer um trabalho espetacular, eu sabia que eu queria ser foda”, relembrou. E deu certo. O trabalho que lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

O sucesso da obra foi tanto que chegou a acumular mais de 20 prêmios e até rodou fora do país, na mostra Generation, no Festival Internacional de Cinema de Berlim. Apesar de todo o reconhecimento, Anne conta que só teve noção da importância do filme quando estreou na Netflix, em 2020.

Depois da Netflix, chegou em muito mais gente. E muito mais pessoas começaram a me mandar coisas assim: ‘Me assumi para a minha família a partir de ‘Alice Júnior’’. ‘Escolhi meu nome social’. São coisas extremamente importantes para mim, porque se eu tivesse um filme como ‘Alice Júnior’ na minha infância, certamente mudaria a minha vida”, explicou.

Alice Júnior (Anne Mota), Taísa (Surya Amitrano) e Bruno (Matheus Moura) em 'Alice Júnior' (2019). Divulgação

 

REPRESENTATIVIDADE

Aí que chegamos a um dos pontos mais importantes para a atriz: a representatividade. Por trazer uma protagonista que lida com sua identidade de gênero tão bem, o filme vai além do entretenimento proposto e virou uma referência para a comunidade LGBTQIA+.

Assim como hoje dá voz a uma parcela da sociedade, ela também já esteve na posição de se enxergar em outras – as referências vão desde as brasileiras Ariadna Arantes e Lea T, até a atriz internacional Laverne Cox, de Orange Is the New Black. “Eu espero, realmente, que eu revolucione. Assim como todas as minhas irmãs e irmãos trans que vieram antes de mim e revolucionaram para eu poder estar aqui hoje”, afirmou.

QUARENTENA

O período isolamento social também tem sido de muito aprendizado e produção para a artista. Além de se dedicar ao terceiro semestre do curso de teatro, a recifense ainda arruma tempo para criar conteúdo em suas redes sociais. Através de sua página no Instagram e canal do YouTube, que juntos acumulam mais de 25 mil seguidores, Anne aproveita seu alcance para falar de temas importantes e pautas voltadas à comunidade trans.

Quanto aos trabalhos com atuação, a atriz não esconde que tem feito bastante testes durante a quarentena, mas até então não há nada confirmado em sua agenda. Inclusive, ela faz questão de ressaltar a dificuldade que pessoas trans enfrentam para entrar e se manter no mercado de trabalho – principalmente durante a pandemia da Covid-19.

Deem oportunidade para pessoas trans. A pandemia ferrou com todo mundo, independentemente de ser cis [pessoa que se identifica com o gênero que lhe foi imposto ao nascer] ou trans. Ela mexeu muito com artistas, no geral. Mas se pessoas trans já não tinham oportunidades antes da pandemia, imagina durante. [...] Talento é o que não falta”, ressaltou.

O QUE VEM POR AÍ?

Os viúvos de Alice Júnior já podem ficar animados: a sequência acontecerá. O roteiro está em processo de desenvolvimento e, se depender da avaliação antecipada da artista, será tão bom quanto o primeiro. Se a obra será lançada em alguma plataforma de streaming ou seguirá os passos do anterior no cinema independente, ainda não se sabe, mas o projeto está encaminhado.

E o que virá a partir disso? Anne Mota acredita na versatilidade de seus talentos e está preparada para qualquer rumo que sua vida artística possa tomar nos próximos anos. “Eu posso fazer muitas coisas com a minha carreira. Eu super seria uma digital influencer, que participaria super de um reality show, mas também seria uma atriz hollywoodiana que estaria no Oscar”, finalizou.

 

 

 

 

 

Alice Júnior Anne Mota

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