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Novelas / Novelas

Autor de O Sétimo Guardião rebate críticas nos bastidores: 'Isso é bullying'

Aguinaldo Silva manda indiretas após receber críticas nos bastidores da novela das 21h

Redação Contigo! Publicado em 15/03/2019, às 17h27 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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Aguinaldo Silva - Reprodução / Instagram
Aguinaldo Silva - Reprodução / Instagram

O autor Aguinaldo Silva se mostrou incomodado com as notícias de que está sendo criticado nos bastidores da novela O Sétimo Guardião. Após a divulgação de que foi realizada uma reunião com o elenco e direção da trama e ele não convidado, o escritor tem escrito mensagens que podem ser lidas como indiretas para a produção da novela das 21h.

Nesta sexta-feira (15), o autor fez um texto sobre as manifestações de bullying que sofreu na adolescência e comparou com o que vive hoje em dia: “Tenho 75 anos hoje. E não me venham deitar regras sobre bullying, eu sei como ele é, conheço as várias maneiras através das quais é cruelmente exercido... Por isso afirmo aqui com todas as letras: isso que estou sofrendo agora é bullying”.

A reunião nos bastidores da novela foi divulgada pelo colunista Ricardo Feltrin. Ele contou que foram feitas críticas indiretas ao autor e ao posicionamento dele de não desenvolver os personagens mais bem avaliados nas pesquisas internas. Além disso, o jornalista falou sobre terem ultrapassado o orçamento da trama, já que Aguinaldo escreveu muitas cenas externas, sendo que a ordem da emissora é priorizar histórias que aconteçam dentro do estúdio.

Confira o texto completo de Aguinaldo Silva:

"Seu nome é bullying. 

Em 1957, num colégio da cidade do Recife, concorrendo com várias meninas e sem que meu nome sequer fosse pronunciado, fui eleito Rainha da Primavera. Eu tinha 13 anos. A eleição deixou aqueles que a arquitetaram fora de controle. Eram meninos da minha idade ou pouco mais velhos. Na hora do recreio, que se seguiu ao pleito, fui perseguido e achincalhado por eles. Em pânico, acuado, fui me refugiar no banheiro.  Eu tinha 13 anos. Lá, trancado numa das privadas, vi que os meninos, a gritar e jogar porcarias em mim através da abertura na porta - que já estava sendo arrombada - estavam fora de si. A partir dali eles poderiam fazer qualquer coisa, inclusive me bater até a morte.
Eu tinha 13 anos. Trancado no banheiro eu gritava e chorava de medo, até que o Pastor Albérico, o capelão do colégio - que era de denominação batista - interveio e, depois de levar ele próprio alguns safanões, conseguiu afastar a turba descontrolada dos arredores do banheiro. A seguir mandou que abrisse a porta, eu obedeci, e ele ainda me fez uma censura: "a eleição para Miss e tudo mais só aconteceu por causa deste seu jeito". Qual era o jeito? Eu era gay, dava pinta e sim...
Eu tinha 13 anos. Saí do colégio naquele dia achando que nunca mais seria o mesmo. E mesmo não o sendo, fui para casa e agi com meus pais e meu irmão como se nada tivesse acontecido. Eles nunca souberam, sequer desconfiaram, da situação de pânico e absoluto desespero pela qual eu tinha passado.
Eu tinha 13 anos., No dia seguinte eu estava de novo no colégio no meio dos meus quase linchadores. E dia após dia suportei durante dois anos as gozações e grosserias deles, sem ter um dia sequer de trégua, até terminar o ginásio e mudar de colégio.
Eu tinha 13 anos. Tenho 75 hoje. E não me venham deitar regras sobre bullying, eu sei como ele é, conheço as várias maneiras através das quais é cruelmente exercido... Por isso afirmo aqui com todas as letras: isso que estou sofrendo agora é bullying"