Contigo!
Busca
Facebook Contigo!Twitter Contigo!Instagram Contigo!Youtube Contigo!Tiktok Contigo!Spotify Contigo!

Jorge Brasil: Trama de 'Jesus' se arrasta em muito lirismo e pouca ação

Nova bíblica da Record TV carece de uma dramaturgia mais eficiente e sobram atuações caricatas

Jorge Luiz Brasil Publicado em 08/09/2018, às 21h18 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Dudu Azevedo não convence como o Rei dos Reis - Divulgação: Munir Chatak/Record TV
Dudu Azevedo não convence como o Rei dos Reis - Divulgação: Munir Chatak/Record TV

A expectativa para Jesus era muito grande. Depois do belo trabalho realizado em O Rico e Lázaro, a autora Paula Richards recebeu a missão de transformar em novela a melhor e mais emocionante história de todos os tempos: a saga de Jesus Cristo. Não tinha como “dar ruim. Mas, para a minha grande decepção, a novela é ruim sim. Chegamos ao capítulo 35 e a impressão que fica é que estamos assistindo a um longuíssimo prólogo. A trama se arrasta e a direção não ajuda, com cenas esquemáticas demais, muito lentas e quase teatrais. São pouquíssimos os momentos de ação e, quando eles acontecem, são bem realizados, como foi a corrida de bigas, vencida por Susana (Bárbara Reis), que rolou na quinta 06, prova da boa qualidade da produção. Pena que sequências assim sejam tão raras na produção.

De maneira geral, na parte técnica, não há queixas. Caracterização, figurino, fotografia e cenário são bem bonitos. Mas a realização peca por um excesso de cenas em câmera lenta, uma trilha sonora muito eloquente e atuações equivocadas. Tudo combinado, resulta numa produção com um ritmo lento e muito chato. É claro que tiveram alguns momentos bonitos, como a passagem da cura dos doentes e a multiplicação dos peixes. Mas esses são momentos chaves e conhecidíssimos do início da trajetória de Jesus e, para uma obra gigantesca como uma novela, a gente sempre fica com o gostinho de quero mais.

Entre o elenco, Beth Goulart, como sempre, dá show na pele de Mirian, Vanessa Gerbelli destila veneno como Herodíade e Fernando Pavão (Petronius), Guilherme Winter (Judas Iscariotes), Cláudia Mauro (Maria), Gabriel Gracindo (Mateus) e Adriana Garambone (Adela) estão corretos. Como o satanás encarnado, Mayana Moura não tem muito que fazer a não ser surgir misteriosamente em sequências chaves, espalhando o mal pela tela. Ela tem apenas as expressões faciais como matéria-prima para o trabalho e, como não tem um repertório lá muito variado, fica sempre o mais do mesmo. Já Paulo Gorgulho (Herodes, o Grande) e Marcos Winter (Herodes Antipas) apelam para a caricatura mais grotesca possível e se candidatam fortemente ao título de piores atores do ano. Estão exagerados também: André Gonçalves (Barrabás), Nicola Siri (Pilatos) e Felipe Roque (Caius), apenas para citar alguns.

Aquisições mais recentes do elenco, Bárbara Reis e Day Mesquita (Maria Madalena) entraram na trama com muita garra e, além de belíssimas, brilham com personagens que mostram a força da mulher em uma época tão difícil para elas. Rapaz extremamente dedicado, Dudu Azevedo se esforça de todas as formas para dar densidade às suas cenas como Jesus. Mas... A verdade é que ele tem aparecido menos do que o esperado e em tomadas de muito lirismo (em busca da emoção fácil), mas de pouca dramaturgia. Por mais que ele tente, não convence como um personagem tão emblemático e Jesus dá a impressão de que, a qualquer momento, vai surgir com uma prancha para pegar onda no rio Jordão. Mas fica a esperança para que Paula e Edgar Miranda (diretor geral) consigam reverter essa situação e tornar Jesus uma novela mais dinâmica. Um bom enredo para isso eles têm. Resta apenas encontrar uma forma de torna-lo mais palatável e interessante! Fica o voto de confiança para isso acontecer.