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Jorge Brasil: Primeira semana de ‘Espelho da Vida’ primou pelo capricho, inteligência e bom gosto

Ótimo texto de Elizabeth Jhin ganha reforço da direção dinâmica de Pedro Vasconcelos, do bom elenco e da excelente qualidade técnica da produção

Jorge Luiz Brasil Publicado em 01/10/2018, às 16h41 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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Vitória Strada e os espelhos das vidas de Cris e Júlia - Divulgação
Vitória Strada e os espelhos das vidas de Cris e Júlia - Divulgação

Não existe nada mais bacana em um artista do que a sua assinatura ser reconhecida num trabalho. Gostando ou não você sabe quando um filme foi dirigido por Alfred Hitchcock, uma novela/série por Luiz Fernando Carvalho e uma trama escrita por Glória Perez ou Gilberto Braga. Elizabeth Jhin já faz parte dessa galeria. E não apenas pelos temas espiritualistas de suas histórias, mas também pelo texto sempre preciso, emocional e inteligente. Ela não desperdiça palavras e, pelo que temos visto em Espelho da Vida, o mesmo acontece com a equipe que formou para desenvolver a nova produção das 6 da Rede Globo. Não tem como dizer quem escreveu o que no enredo, então, resta parabenizar também a Wagner de Assis, Duba Elia, Renata Jhin e Maria Clara Mattos por um trabalho tão conciso, sob o comando da mestra, Jhin.

Elizabeth Jhin entre sua equipe: Duba Elia, Wagner de Assis, Renata Jhin e Maria Clara Mattos

Toda a primeira semana da novela foi realizada sem pressa e sem o recurso fácil da apresentação rápida de todos os personagens. O foco ficou mesmo nos protagonistas, mas, aos poucos, os coadjuvantes foram ganhando projeção e familiaridade para o público. Mesmo assim, boa parte do elenco, como Rafael Cardoso, Vera Fischer, Luciana Vendramini, Patrycia Travassos e Evandro Mesquita ainda nem apareceram. Mesmo para quem não está habituado às novelas da autora, foi fácil identificar a questão das vidas passadas e o espectador que se prepare porque a novela se dividirá entre os tempos atuais de Cris Valência (Vitória Strada), a história de Julia Castelo (também Vitória) em 1930 e ainda as filmagens do longa-metragem sobre o assassinato de Cris. Estou ansioso para conferir como Elizabeth e o diretor artístico, Pedro Vasconcelos irão estruturar essa salada temporal.

Por falar em Pedro, o ex-ator mirim chega com maturidade à sua primeira novela como diretor artístico. Ele consegue empregar dinamismo em cenas difíceis, como longos os diálogos entre Margot (Irene Ravache) e Cris, que, em outras mãos poderiam se tornar monótonas. Para isso, é verdade, ele conta também com duas atrizes de gerações tão distantes, mas igualmente entregues de corpo e alma ao trabalho. Irene é um patrimônio cultural do Brasil e vê-la em cena é sempre incrível. Ela dá dignidade e força a qualquer personagem que faça. Vitória praticamente emendou duas protagonistas no horário e, além de lindíssima, é talentosa e muito carismática.

Os capítulos iniciais foram dominados pelos veteranos. Além de Irene, Reginaldo Faria (Vicente), Ana Lúcia Torre (Gentil), Emiliano Queiroz (André), Júlia Lemmertz (Ana), Felipe Camargo (Américo), Maria Mônica Passos (Zezé) e Andrea Dantas (Abigail) brilharam. Mas tem uma galera jovem boa aí: Cadu Libontati (Hugo), Debora Ozório (Pat), Clara Galinari (Priscila), Catarina de Carvalho (Michele) e Kéfera Buchmann, que está mostrando, como a ambiciosa Mariane, ser mais do que uma popular influenciadora digital. Já Alinne Moraes destila mistério e beleza como a vilã Isabel, decidida a reconquistar o cineasta Alain (João Vicente de Castro).

Em seu primeiro papel dramático, João Vicente surpreende. Alain é um personagem difícil. É rude e frio, mas, ao mesmo tempo, romântico. É cerebral, embora muito impulsivo. Ele tem muitas camadas, que o ator vem nos revelando com eficiência. Por fim, Ângelo Antônio (Flávio) estacionou sua carreira no mesmo personagem que já fez em A Vida da Gente (2011), Sete Vidas (2015), Justiça (2016), Malhação; Viva a Diferença (2017): sujeitos bem intencionados, mas frágeis e vivendo conflitos à margem de suas companheiras de cena. Está na hora de mudar isso, rapaz!

A qualidade técnica é outro trunfo de Espelho da Vida. Fotografia linda, cenários delicados e bem cuidados, uma trilha sonora deliciosa. Nas poucas cenas no passado já dá para perceber o capricho dos figurinos e caracterização (maquiagem e penteados), o que dá mais vontade de a gente ver mais cenas nos anos 30. Espelho da Vida começa a trilhar sua jornada e espero que ela seja de triunfo, como nas novelas anteriores de Elizabethe Jhin. Aguardemos!